Crítica do filme 47 Ronins
Um épico japonês sem sal e coerência
Toda vez que hollywood faz um filme sobre samurais, é sinônimo de alerta para os apreciadores da mítica história nipônica e cultura oriental. 47 Ronins também não é diferente. Primeiramente, é um filme japonês falado em inglês.
Segundo, o longa, dirigido pelo estreante Carl Rinsch, é uma fantasia passada no Japão Feudal, que tem como base o famoso conto dos 47 Ronin e o Incidente de Ako, a lenda mais famosa do código de honra samurai o, bushido. Até aí tudo bem, mas como todo bluckbuster americano, precisamos de um herói gringo (que desta vez, felizmente, não é o Tom Cruise), e é aí que as coisas complicam.
“O escolhido” da vez é Keannu Reeves, que ainda está com aquela mesma cara de “saco cheio” desde Matrix, mas vai ter q salvar todo mundo no final de qualquer jeito. Reeves faz o papel de Kai, um mestiço que é salvo, quando criança, pelo senhor feudal de Ako, porém, não é aceito pelos outros samurais durante sua vida.
A história de Kai é a história do herói com passado negro e perdido, que busca seu lugar entre uma sociedade que o rejeita. Porém, Kai é o único que pode pressentir o perigo e o caos, e, assim, liderar 46 ronins em busca de vingança.
Reeves além de ser um forasteiro no longa, é um forasteiro em todo o contexto. Com um passado mal contado e um romance esdrúxulo com Mika, a filha do senhor feudal, toda a sua presença de certa forma não agrega à aventura – além de ser o cara que mata o vilão no final –, e você se pergunta: o que ele tá fazendo nesse filme?
O Conto dos 47 Ronin está ali, bem como as questões de lealdade, sacrifício e honra presentes no cotidiano da época. Mas, algo não se encaixa nesse longa metragem.
Alguns pontos desnecessários e sem nexo, somado ao fator de ele ser totalmente didático: “Esse é um samurai que serve a um senhor. Esse é um ronin, um samurai sem mestre. Esse é o seppuku, o ritual de suicídio para manter a honra”, torna o que poderia ser uma bela película épica, em mais um filme comercial sem sal.