Crítica do filme A Árvore da Vida
Quem é o ser humano no Universo?
Desde o primeiro momento em que Terrence Malick (diretor) anunciou "A Árvore da Vida", muitas pessoas ficaram com expectativas positivas esperando pelo melhor — principalmente por conta da fama do cineasta. Detalhes sobre o longa demoraram a ser revelados, mas pelo título já se sabia que o título nada tinha a ver com ação, suspense ou qualquer outro gênero aleatório.
As dúvidas de muitos espectadores permanecem até agora, tanto que em um dos cinemas de Curitiba há um cartaz informando que o filme é do gênero drama. E de certa forma realmente o é, porém, também o considero como um documentário fotográfico. A película deixou o público bem dividido, entre aqueles que idolatraram o filme e os demais que odiaram (ou sentiram-se frustrados por não compreenderem o sentido da história).
O detalhe principal, ao qual muitos espectadores não atentam, é que o filme não tem uma história para ser compreendida. Basicamente, "A Árvore da Vida" é um longa para ser assistido e apreciado, sem ter de ficar se preocupando com o porquê das coisas.
O enredo do filme gira em torno da vida de Jack (interpretado por Sean Penn na fase adulta). Quando jovem, Jack presenciou a morte do irmão, fato que abalou profundamente a família. E o filme começa com truques logo nesse cenário. Apesar de ser um dos detalhes do filme, a morte do irmão não é o foco principal. Aos poucos, o diretor Terrence introduz outros pormenores sobre a vida do garoto.
Assim, a película fica dividida em três partes principais: a morte do irmão de Jack, a dualidade na criação dele (momento em que vemos as diferenças entre o que o pai ensina e o que a mãe acha correto) e o Universo existindo independentemente dos humanos. Talvez nesse terceiro enfoque é que muitas pessoas ficam se perguntando o que os eventos têm em comum com a família.
Durante o filme são introduzidas diversas situações em que vemos Jack se deparando com o pai castigador, tendo que obedecer a um homem que parece severo de mais – mas que ao mesmo tempo demonstra amor, e tenta apenas passar costumes que permitam ao filho enfrentar a vida. Vez ou outra, vemos a situação contrária, em que a mãe acolhe os filhos, dá liberdade e os educa de forma simples.
Nesse quadro encontramos Jack sofrendo uma dualidade absurda. O garoto demonstra sinais claros de que deseja matar o pai, principalmente porque ele não desenvolve algumas habilidades que os irmãos desenvolveram; e também porque existe maior cobrança dele (que é o primogênito) do que dos irmãos mais novos.
O garoto aos poucos vai sofrendo influência dos amigos, do pai, da mãe e não sabe para que direção seguir. É possível até ver indícios nítidos de que o garoto tem o complexo de Édipo. O garoto afirma claramente que a mãe ama mais a ele (que é o filho) do que ao esposo (interpretado por Brad Pitt).
Mas não é só o garoto que passa por transformações, a família está constantemente sofrendo mudanças. E em diversos momentos nota-se que alguns integrantes se perguntam onde está Deus, porque ele os abandonou (durante a morte do irmão aos 19 anos) e outras tantas questões que muitas famílias fazem até hoje.
Para contrapor todo esse drama familiar, o diretor começa a história do Universo do zero. Cenas muito bem elaboradas demonstram que o objetivo é focar na existência de tudo, antes de qualquer ser humano existir. Mostrando desde grandes acontecimentos (como a existência e extinção dos dinossauros) até pequenos eventos (pequenos microrganismos e atividades celulares), o filme exibe que tudo é perfeito, sendo possivelmente obra de um ser superior.
Acompanhando as tantas cenas belas e dilemas, A Árvore da Vida conta com uma trilha sonora espetacular. A música bem orquestrada é considerada por boa parte do público como “música para dormir”, mas a meu ver, os sons utilizados no longa são ideais para fazer o cérebro deixar a vida de lado um pouco e refletir sobre as mensagens que estão sendo passadas.
Bom, não digo que A Árvore da Vida é um filme com temáticas fáceis de compreender, eu mesmo ainda tenho diversas dúvidas. Todavia, considerando os demais títulos que são lançados apenas para fazer dinheiro, simplesmente posso dizer que o filme de Terrence Malick supera de longe quase todos os longas lançados até agora. Recomendo que todos assistam pelo menos uma vez, afinal, não há como criticar algo sem experimentar.
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