Crítica do filme A Freira

Cê é loka, irmã! Sangue de Jesus tem poder!

por
Fábio Jordan

05 de Setembro de 2018
Fonte da imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 7 min

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E olha só se não é a temporada da profanação chegando aos cinemas. Depois de muita espera, os fãs do universo sobrenatural idealizado lá em 2013 pela Warner ganha um novo capítulo.

A Freira” é o quinto título que integra o folclore obscuro de “Invocação do Mal”, sendo mais um spin-off (junto com Annabelle) das aventuras paranormais do casal Warren.

No centro desta nova história, temos a criatura demoníaca trajada de freira — apresentada ainda em “Invocação do Mal 2”. Todavia, o enredo aqui não dá continuidade aos fatos deste capítulo lá de 2016, tampouco tenta criar uma conexão direta com os investigadores.

Aproveitando a pegada que já tivemos da boneca amaldiçoada, os idealizadores de “A Freira” (incluindo o já renomado James Wan) optaram por desenvolver uma história do zero — até porque estamos falando de uma criatura que apareceu no filme e não tinha um background definido na época.

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O hype foi grande desde a primeira imagem da produção e aumentou exponencialmente com a divulgação do trailer. E, também, é claro que os fãs do terror, tendo visto os episódios até aqui, já tinham a certeza de que o resultado seria excepcional. No entanto, um conselho de amigo já neste primeiro momento: não vá com muita sede ao poço amaldiçoado.

A verdade é que “A Freira” é assustador em sua essência — principalmente pela concepção da criatura e de todo o misticismo que a cerca —, mas que talvez fique levemente aquém do esperado no quesito convicção, por conta de uma história um tanto enevoada. É um filme imperdível para os aficionados pelo gênero, porém há algumas ressalvas nessa missa.

A profanação em novos hábitos

Não sei se vocês repararam nos filmes recentes de terror, mas muitos títulos têm usado táticas para conseguir driblar a tecnologia e facilitar o clima de tensão. Afinal, se você pode acender a luz, usar um celular  pra chamar a polícia — que já vai chegar e mandar chumbo grosso nos demônios — ou mesmo pegar um carro e sair no pinote, o medo já cai por água benta abaixo.

Aí, para facilitar nesse sentido e ainda pra desenrolar melhor uma história de origem, os responsáveis pelo roteiro de “A Freira” voltaram algumas décadas no tempo e optaram por terras longínquas na Romênia. Nesse cenário, a gente acompanha o suicídio de uma freira que vive enclausurada numa abadia, situação que será investigada pelos protagonistas do filme.

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No centro dessa história, a gente tem o padre Burke, que, seguindo as orientações do vaticano, leva a jovem e inocente Irmã Irene — que ainda está prestes a fazer seus votos finais — para investigar o caso. A dinâmica do filme é bem dividida entre os dois, mas é interessante como a garota tem um peso muito mais importante no decorrer dos eventos.

As atuações são convincentes, mas, novamente, o destaque fica para Taissa Farmiga (Irene), a qual se mostra muito mais expressiva e faz a ponte para o público sofrer um impacto muito maior. Demián Bichir não deixa a desejar, porém se mostra mais tímido, talvez também por conta do seu personagem. Agora, algo muito infeliz, é a presença de Jonas Bloquet, que está aqui sumariamente para fazer graça, destoando de tudo que a gente podia esperar no filme.

Integra o time, de forma muito importante, a própria Freira e suas irmãs. Falando especialmente da peça-chave do filme, temos aqui um misto de atuação em cena e fora de cena. Muitas das vezes, a Freira aparece sutilmente como uma sombra ou em meio a penumbra, sendo que suas aparições contribuem com o que mais gostamos neste tipo de filme: medo em sua pura forma.

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É bom a gente comentar aqui como é interessante ver essa mudança de uma personalidade habitualmente abençoada para uma criatura diabólica. O contraste entre bem e mal numa mesma figura é impressionante, pois o simples fato de vermos qualquer uma das freiras já nos dá calafrios. E nesse sentido, todas as integrantes do convento são fundamentais na trama.

Deus acaba aqui

A concepção do personagem principal certamente foi o que mais demandou tempo (e dinheiro) nessa produção. E ainda bem que gastaram bons trocados nisso, pois toda a construção do personagem — o que inclui aí a maquiagem e os efeitos especiais — é o que mais chama atenção durante os noventa e poucos minutos da película.

A criatura maligna se esconde em qualquer canto e não perde uma chance de levar o nosso coração ao limite. Inclusive, eis aqui outro acerto do filme: fotografia. É notável que “A Freira” é muito dependente desse jogo de luz e sombra. Tanto é que as circunstâncias do roteiro apelam muito para cenas com velas e ocasiões de pouca luz.

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Há também um apelo constante para a presença de névoa, algo que deixa um mistério no ar e nos faz questionar constantemente a sanidade dos personagens — e também a nossa. Tudo muito bem pensado e funcional para manter o suspense a todo instante.

Paralelamente, a gente tem um design de som coerente, que abusa dos cenários claustrofóbicos do castelo, mas que não perde a chance de usar um cemitério e algumas sinetas para ecoar o clima de tensão em nossa cabeça. A trilha sonora talvez seja um tanto simplista, mas não deixa de cumprir seu papel.

No fim do dia, apesar de um esforço colaborativo do elenco e da construção funcional do terror em muitas cenas, o maior tombo de “A Freira” está nos tropeços do roteiro, que fica dando voltas desnecessárias, focando em frivolidades e apelando demais para o famoso jump scare. O script parece meio perdido, sem saber para onde ir e optando por recursos bem relaxados.

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Particularmente, eu esperava algo muito mais elaborado no roteiro e, sinceramente, a eliminação total e completa do clima de humor — não existe qualquer razão de ter esse lado num filme desse tipo. Além disso, eu tenho a certeza plena que um terror mais psicológico, com uma pegada mais ousada, deixaria o resultado muito mais assustador.

De qualquer forma, a gente tem aqui um longa-metragem razoável para os fãs, mas quem sabe um novo capítulo possa ser mais tenebroso. Boa sorte para quem for assistir ao filme nos cinemas. Levem seus crucifixos, bíblias e água benta.

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E vai quebrando senhor toda maldição e em nome de Jesus vai caindo por terra toda potestade e intercede deus de mistério quebra toda feitiçaria e todo poder e glória aleluia jesus e olha deus fazendo a obra recebaaa!

Fonte das imagens: Divulgação/Warner Bros. Pictures

A Freira

Um segredo profano

Diretor: Corin Hardy
Duração: min
Estreia: 6 / set / 2018