Crítica do filme A Piada Mortal

Era melhor ter escutado o Alan Moore

por
Douglas Ciriaco

29 de Julho de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 3 min

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É notória a antipatia de Alan Moore quando o assunto é a adaptação de suas histórias para outras mídias. Um dos roteiristas de quadrinhos mais bem-conceituados de todos os tempos, o britânico é reconhecido também pelas críticas a este tipo de transposição, afirmando repetidas vezes que quadrinhos e cinema têm linguagens distintas, então nem sempre algo que funciona em uma vai funcionar em outra.

Enfim, discordando ou não do mago das HQs, não é fácil tirar a razão dele. As suas obras que receberam versões cinematográficas — A Liga Extraordinária, Do Inferno, V de Vingança e Watchmen — não são exatamente referências do cinema, apesar das duas últimas terem um bom apelo junto ao público. De qualquer forma, a mais recente obra de Moore a ganhar uma versão em longa-metragem foi A Piada Mortal, considerada por muitos como a história definitiva do embate entre Batman e o seu maior arquirrival, o Coringa.

A animação, dirigida por Sam Liu e com nomes como Mark Hamill, Kevin Conroy e Tara Strong no elenco de dubladores, consegue em partes replicar os aspectos que fizeram de A Piada Mortal um clássico dos quadrinhos, mas nem de longe alcança o impacto e o poder de reflexão da graphic novel.

A Piada Mortal

Prelúdio desnecessário, final sem impacto

Dá para dizer que A Piada Mortal (a animação) é dividida basicamente em duas partes: uma introdutória, existente apenas na versão animada da história, e outra que é o desfecho da história em si — esta uma adaptação fiel ao quadrinho escrito Moore e desenhado por Brian Bolland. E é justamente na parte criada para o longa que a animação se perde.

Claramente, o seu intuito é servir de pano de fundo para o que vem a seguir. Ela está ali para apresentar ao grande público (que talvez vá ver o desenho sem sequer saber direito quem é Bárbara Gordon/Batgirl e qual a sua relação com o Homem-Morcego. Assim, na tentativa de criar laços entre os dois personagens, a história da animação se torna demasiamente arrastada.

Fora o fato de que este trecho não tem qualquer relação direta com os acontecimentos da segunda parte, de quando o Coringa executa o plano arquitetado apenas para provar o argumento de que todos podem perder o equilíbrio após um dia verdadeiramente ruim. Além disso, o desfecho da história aqui também corrobora o argumento de Moore contra as adaptações: o final da HQ consegue, talvez não só por uma questão técnica, mas também por isso, ser muito mais impactante. Os elementos utilizados por Bolland e Moore na sequência final deixam dúvidas que sequer são levantadas ao final da animação.

Enfim, para mim, como fã incondicional de Alan Moore e de A Piada Mortal, a experiência de assistir à adaptação valeu apenas por ver animados alguns dos quadros mais clássicos da história do Palhaço de Gotham City, mas nem de longe me fez sair da sala do cinema satisfeito pelo que eu tinha acabado de ver.

Fonte das imagens: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Batman: A Piada Mortal

Isso me lembra de uma piada...

Diretor: Sam Liu
Duração: 76 min
Estreia: 2 / ago / 2016
Douglas Ciriaco

Cê tá pensando que eu sou lóki, bicho?