Crítica do filme A Torre Negra

"Você esqueceu o rosto do seu pai!"

por
Thiago Moura

24 de Agosto de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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“Você esqueceu o rosto do seu pai!" é uma expressão comum no Mundo-Médio e se alguém lhe disser isso com olhar acusador, você deverá baixar a cabeça, por a mão no coração e pedir perdão. Sabendo ou não, você transgrediu uma das muitas leis não escritas do Mundo-Médio que preceituam o bom comportamento, e dessa forma incorreu em desgraça, além de desgraçar seu pai, seu avô e todos os pais antes deles.

O filme “A Torre Negra” merece essa expressão por várias razões. Primeiramente, por ser adaptado de um material riquíssimo e extenso, condensando tudo em uma hora e meia de clichês e soluções fáceis. A Torre Negra é uma série de oito livros de fantasia criados por Stephen King, e o filme é considerado como uma sequência canônica, ao invés de uma adaptação em si.

É praticamente inevitável a decepção dos fãs, pois nenhum filme consegue resumir um mundo tão rico em apenas 95 minutos, principalmente porque obviamente o filme tenta se ajustar ao “grande público“, nivelando tudo ao óbvio. Se o objetivo era transformar um mundo fantástico em uma história genérica sem graça palatável para todas as idades, o diretor Nikolaj Arcel fez um excelente trabalho.

Totalmente apressado

Desde “O Iluminado” a “Um Sonho de Liberdade”, Stephen King dispensa apresentações e criou diversas obras geniais, que foram adaptadas também de forma genial para as telonas, então é claro que todo mundo já tem uma expectativa maior ao ouvir o nome do rei.

A trama mostra um garoto de Nova York (sempre NY), chamado Jake Chambers (Tom Taylor), que tem sonhos bem vívidos sobre uma Torre Negra e uma máquina utilizada para destruí-la. Tudo isso é retratado por ele em diversos desenhos, e Jake acredita que os terremotos que estão afetando o mundo tem relação com seus sonhos. Obviamente ninguém acredita nele, e sua mãe (Katheryn Winnick), está preocupada com a saúde mental do filho,  e com o apoio de seu segundo marido (Nicholas Pauling), decidem que ele precisa de terapia intensiva.

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Ocasionalmente, Jake descobre que existem outros mundos, e a Torre é um artefato no centro de tudo, responsável por impedir a escuridão e manter os demônios do lado de fora do universo. O filme não parece se preocupar em criar uma mitologia muito aprofundada. Sabemos que há uma Torre e um feiticeiro maligno conhecido como Homem de Preto (ou Walter para os ìntimos) interpretado por Matthew McConaughey, que busca destruí-la para deixar os capirotos entrarem, e as visões de Jake são sobre esse evento.

Mas para salvar tudo, o famoso pistoleiro Roland Deschain (Idris Elba). Para quem leu os livros, sabe que Roland é devotado a encontrar a Torre a qualquer custo, mas no filme, que supostamente ocorre após todos os livros, ele parece apenas um homem amargurado e pessimista, sem muita vontade de lutar por um objetivo maior. Seu único objetivo agora é a vingança contra Walter, que matou seu pai Steven (Dennis Haysbert).

Atores de primeiro escalão mal utilizados

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É difícil se manter cativado pela narrativa, o roteiro é mal elaborado e repleto de soluções fáceis, tanto que em nenhum momento a sensação de “história épica fantástica” transparece. Todas as cenas interessantes estão nos trailers, e nada além do que já foi mostrado é digno de nota.

Os personagens são totalmente rasos, não existe nem mesmo um apelo emocional. Em situações como perder um parente ou pessoa querida, é esperado que o personagem tenha uma reação mais exagerada, mas durante o filme isso não acontece, eles simplesmente continuam como se nada tivesse acontecido.

Boa parte disso se deve às soluções rápidas em que tudo no filme é criado, desde as situações genéricas até a estética e as atuações. Sobre isso, apenas Idris Elba se salva, por muito pouco. Matthew McConaughey, que já entregou personagens absurdamente complexos e interessantes em seus trabalhos anteriores, parece se apegar a uma excentricidade superficial do Homem de Preto, o que com certeza o roteiro não colaborou muito.

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Não existe tensão alguma na história, é tudo bem previsível e basta apenas esperar o final para saber o que vai acontecer, ou talvez apenas como será resolvido. Não é necessariamente um filme ruim, mas não se destaca em nenhum ponto, apenas mantêm a média.

Fonte das imagens: Divulgação/Sony Pictures

A Torre Negra

Há outros mundos além desses

Diretor: Nikolaj Arcel
Duração: 95 min
Estreia: 24 / ago / 2017
Thiago Moura

Curto as parada massa.