Crítica do filme Antes Que Eu Vá

Nunca é tarde para mudar a vida de alguém

por
Lu Belin

23 de Maio de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 7 min

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A sinopse oficial de “Antes Que Eu Vá” diz que Samantha Kingston (Zoey Deutch) é uma jovem que tem tudo o que um adolescente pode desejar da vida. No entanto, a gente poderia simplesmente dizer que Samantha Kingston é o tipo de adolescente que ninguém aguenta.

Com aquele típico arzinho de superioridade que somente as garotas a la Regina George conseguem ter, ela e seu grupinho excludente formado pelas populares Lindsay (Elena Kampouris), Elody (Medalion Rahimi) e Ally (Cynthy Wu) arrasam o coração dos garotos e a autoestima das outras meninas, enquanto envergonham e tratam mal a família, os amigos de infância, e toda e qualquer adolescente que foge aos padrões - como é o caso de Juliet (Elena Kampouris) e Kent (Logan Miller).

Nada anormal para uma vida de ensino médio (lembrando que "normal" não quer dizer "bom", né), até que um dia tudo muda para Samantha. Ao voltar de uma festa com as BFFs, ela sofre um terrível acidente que promete encerrar precocemente a sua vida. Mas é aí que ela acorda novamente como se nada tivesse acontecido e tem a chance de reviver esse dia e mudar seu destino - e o dos outros ao seu redor.

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Baseado no livro de Lauren Oliver e como roteiro adaptado para o cinema por Maria Maggenti, o longa-metragem “Antes Que Eu Vá” foi dirigido pela jovem cineasta Ry Russo Young e estreou nos cinemas de todo o Brasil na expectativa de se tornar o mais novo “Como Eu Era Antes de Você” . A comparação, no entanto, só faz sentido por se tratarem de dois filmes youg adults, porque são duas produções bem diferentes na premissa. 

Se ele consegue se aproximar deste bestseller/blockbuster que conquistou o coração das adolescentes de todo o mundo? Segue comigo na leitura pra descobrir!

Zoey sem chanel

Bom, vamos começar dizendo que não tem como ser igual ao Como eu Era, porque “Antes Que Eu Vá” não tem o ingrediente principal, que é a mãe de dragões, a não queimada, a nascida da tormenta, a rainha da porra toda. Tem uma jovem e talentosa Kéfera Zoey Deutch ("Tirando o Atraso", "Tinha que ser ele?", a série "Ringer").

Assim como ela, todo o elenco da produção é bem pouco conhecido, o que não necessariamente é uma coisa ruim, já que Hollywood às vezes precisa se renovar e é bom ver filmes com rostos frescos pra gente também não enjoar. O fato é que Zoey e as demais atrizes e atores juvenis que fazem o arco principal do filme fazem um bom trabalho e não podemos reclamar que haja qualquer atuação medíocre durante o longa-metragem.

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A protagonista inclusive até impressiona bastante, considerando que sua expressividade é essencial para o bom andamento da trama, que acaba se concentrando muito na maneira como ela lida com os acontecimentos.

E sabem quem mais está no elenco do filme? Erica Tremblay, isso mesmo, a irmãzinha do nosso galã mirim favorito, Jacob Tremblay. A pequena, no entanto, apesar da fofice, não alcança o nível de atuação do irmãozinho, embora agregue bastante ao longa com sua participação.

Dia da Marmota versão Young Adult

Livros como “Antes Que Eu Vá” seguirão fazendo sucesso por toda a eternidade, já que sempre teremos adolescentes para se identificar com personagens como Samantha, Lindsey, Ally e Elody - e, principalmente, Juliet e Kent. Por isso, não foi surpresa nenhuma quando anunciaram a gravação de um longa inspirado na história que estourou nos Estados Unidos em 2010.

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Mas, sabe qual é a coisa mais impressionante sobre esta história? Que ela foi escrita inteirinha num blackberry, durante os trajetos de metrô que a autora fazia entre um compromisso e outro. Que, apesar da pilha de clichês necessários à construção da história, da vastidão de caminhos possíveis a seguir, e de não trazer absolutamente nada de novo, o filme consegue oferecer bons momentos ao espectador e até mesmo surpreender um pouquinho nos detalhes.

Mesmo em sua premissa mais básica - a de ficar presa em um único dia, que pode muito bem ser o pior dia de sua vida - o roteiro agrega uma outra questão já mais explorada do que tudo terminar em um sonho, que é escolher adolescentes entre seus protagonistas e incluir o tópico bullying no meio.

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Convenhamos, amigos, que ninguém aguenta mais histórias de bullying e ódio gratuito dentro dos famosos high schools norte-americanos. O cinema e a televisão criaram mais material de análise para trabalhos de comunicação e psicologia para análise de representação e endereçamento de bullying do que a política brasileira criou sobre democracia, ultimamente. Mas, sabe por que a gente continua falando sobre isso? Porque continua acontecendo, então tem mais é que falar mesmo.

Mas "Antes Que Eu Vá" consegue ser mais do que apenas mais um filme sobre bullying. 

Isso porque a diretora conseguiu realizar uma produção bem redondinha, que não é nada cansativa, conciliando muito bem todos os elementos dessa composição.

A montagem do filme é muito boa e a cronologia dos fatos é super bem organizada, enquanto que os diálogos inteligentes e personagens consistentes dividem espaço com uma trilha sonora pra lá de pertinente, adequada ao público que vai procurar este título nas bilheterias.

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A iluminação e a paleta de cores é o único ponto que incomoda um pouco o espectador, especialmente no começo do filme. Ao pender desde os primeiros minutos para tons mais escuros e sombrios, apesar de todo o colorido característico do universo adolescente, o longa mostra logo de cara a que veio e deixa claro que não quer ser nenhuma brincadeirinha teen com assunto sério.

"Antes Que Eu Vá" parece jogar já nos primeiros takes a dica pra quem não sacou só com o título: esse não é um filme alegre. 

O convite é: senta, vamos discutir bullying e vamos falar sobre a responsabilidade que cada um de nós precisa ter com seus atos, e sobre como tudo o que fazemos reflete também sobre a vida dos outros, e não somente sobre a nossa própria.

Discussão mais do que válida e bastante bem feita nesse longa-metragem, sem encher o saco do espectador que já entendeu a mensagem de que bullying não é legal. Recomendado pra todos os tipos de público!!

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes

Antes Que Eu Vá

E se hoje fosse o último dia do resto da sua vida?

Diretor: Ry Russo-Young
Duração: 99 min
Estreia: 18 / mai / 2017
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.