Crítica do filme Chorar de Rir
Quem conseguir rir tá de parabéns
As vezes é difícil proteger o cinema nacional. Enquanto propostas originais e interessantes como “Albatroz” estão sendo produzidas, dúzias de filmes sem sentido (e graça) continuam a pipocar nos cinemas. Infelizmente “Chorar de Rir” faz parte da segunda opção. Desde o trailer fica claro que não há nada de atrativo no longa e que dificilmente alguma piada boa será contada ali.
Dirigido por Toniko Melo e escrito por José Roberto Torero e Geórgia Costa Araújo, a trama gira em torno de Nilo Perequê (Leandro Hassum), um grande nome da comédia no país e estrela do programa de TV "Chorar de Rir”. Após ganhar o prêmio de melhor comediante do ano, o humorista decide mudar radicalmente sua carreira e se dedicar totalmente ao drama, deixando sua família e seu empresário desesperados.
A ideia de um ator de comédia experimentar um papel dramático para “provar seu valor” não é novidade mas quem espera que o filme consiga essa proeza pode se decepcionar muito. “Chorar de Rir” é predominantemente focado no “humor”, aquele tipo de comédia hilária que é especialidade de Leandro Hassum e seus trejeitos afetados.
Qualquer tentativa de dramaticidade é cortada, tanto pela falta de profundidade dos atores e história, quanto o clima de longa de baixo orçamento. A única música escolhida para compor a trilha sonora é “Despacito”, remixada em versões instrumentais buscando variações de estilos para compor cenas mais dramáticas, ou seja, impossível de ser levada a sério.
É curioso o fato de ser uma quase autobiografia pautada nas críticas à Hassum, comentários recorrentes como “Hassum perdeu a graça depois que emagreceu” são utilizados no longa. A suposta crise de identidade do protagonista quase soa real enquanto ele tenta representar Hamlet, algo que supostamente traria o reconhecimento como artista sério, mas descamba para a palhaçada na metade do filme que acaba pecando em definir uma identidade.
Todas as situações são absurdas e resolvidas da maneira mais simples e superficial possível. Todo o elenco de apoio é subdesenvolvido, como por exemplo o relacionamento de Nilo e Barbara (Monique Alfradique) uma paixão antiga que supostamente é tão famosa quanto ele, mas que não aparece atuando em nenhum momento.
Porém, é claro que você notou a participação de Rogerinho do Ingá Caíto Mainier e achou que pelo menos ele salvaria o filme. Achou certo, otário! As pequenas participações de Caíto como Índio, um apresentador de um programa de TV sobre fofocas são o ponto alto do filme, juntamente com sua interação com as gêmeas Ruth e Raquel (ambas interpretadas por Carol Portes). Nas cenas durante os créditos, Carol grita “esse filme nunca acaba?!?!” e essa é a reação de todos os expectadores durante a exibição do filme.
Chorar de Rir tenta homenagear os diferentes tipos de humor, buscando comediantes tanto da TV quando da internet, mas o resultado não possui identidade alguma. É mais do mesmo, reforçando a ideia de que filme nacional não compensa a ida ao cinema para assistir o pior lado da velha comédia televisiva.
"Apresso-me a rir de tudo, com medo de ser obrigado a chorar."