Crítica Divertida Mente

Como é bom reviver memórias e se emocionar no cinema

por
Fábio Jordan

14 de Junho de 2015
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

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Um filme pode ser apenas uma obra de ficção, mas há muitos títulos que vão além disso e nos fazem viajar para longe através de nossas memórias. Longas dramáticos mexem com nossas emoções, porém são raras as animações que despertam nosso lado mais sentimental.

Acontece que a história muda de figura, e podemos esperar de tudo,  quando falamos de um trabalho da Disney e Pixar. A nova aposta dos estúdios é o filme “Divertida Mente”, que nos transporta para dentro do cérebro de uma mocinha, mostrando suas emoções e como o mundo pode ser complicado de entender, mas que, no fundo, ele também pode nos surpreender.

Na história, acompanhamos as complicações da vida de Riley, uma menina que é obrigada a mudar de cidade quando seu pai aceita uma nova proposta de emprego em São Francisco. Mudanças podem ser complicadas para nós adultos, mas para crianças são ainda mais difíceis de aceitar.

A pequenina se vê completamente perdida em meio a um turbilhão de novidades. Longe da antiga escola, dos amigos e de todas as situações de conforto, ela fica desorientada, sem saber como proceder diante de tantas coisas novas. Esta poderia ser uma história normal, mostrando as dificuldades dessa adaptação, mas nós estamos falando da Pixar.

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Em “Divertida Mente”, nós acompanhamos todas essas novidades através das emoções que guiam a pequena Riley. Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza são os protagonistas desse filme repleto de imaginação e representações lúdicas que nos levam a entender de forma descomplicada como funciona a mente de uma criança e como aprendemos a lidar com o mundo.

Antes de entrar em detalhes, vale adiantar que esta animação é simplesmente uma das melhores já produzidas pelos estúdios da Pixar. Ela nos leva a vivenciar novamente incríveis momentos que nem imaginávamos que ainda estavam em nossa memória. Um filme que certamente vai ser mais proveitoso para adultos do que para crianças. Simplesmente, adorável!

Seu cérebro é mais legal do que você imagina

As aulas de biologia não são muito claras quanto ao funcionamento do cérebro. Quer dizer, sabemos que tem o hipotálamo, o cerebelo, o córtex e outras partes importantes para que a mágica aconteça, mas é difícil interpretar como a nossa CPU consegue armazenar memórias, onde ficam os sentimentos, de que forma interpretamos as emoções e para onde vai aquilo que não usamos mais.

A missão da Disney e Pixar neste filme é justamente ilustrar como recebemos as informações do mundo real e as mandamos lá pra dentro, mas ainda bem que o filme não tenta mostrar as partes do cérebro como conhecemos na escola. Muito pelo contrário, nós somos levados a um mundo completamento fofinho (pelo menos em sua maior parte) e cheio de surpresas.

As emoções que protagonizam o filme, por exemplo, vivem no centro de controle dentro da mente, onde ajudam nossa garotinha com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle e todos querem dar pitacos.

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Todas as coisas boas que acontecem na vida de uma pessoa são armazenadas em pequenas bolas que contêm os detalhes de cada memória. Elas são enviadas para os arquivos do cérebro. O mais legal são as ilhas temáticas. Tem uma pra guardar os bons momentos da família, dos amigos, dos amores, dos esportes favoritos e de tantos outros.

Quando surgem as preocupações, os sentimentos assumem o centro de controle e colocam boas lembranças para “tocar no telão” - e assim o filme nos mostra como lembramos de determinadas fases importantes da vida. Enfim, para cada atividade do cérebro, a animação da Pixar consegue criar uma boa representação e nos explicar de forma fácil como nossa mente é divertida.

Mas crescer é bem difícil

O principal por trás de toda essa criação da Disney é mostrar como nos apegamos a certas coisas e como não conseguimos controlar nossos sentimentos. Quer dizer, a vida é dura para adultos e temos de nos adaptar a várias situações adversas que fogem de nosso controle. De certa forma, nossa mente sempre está tentando nos proteger dos perigos e evitar o sofrimento, mas a gente sabe bem como tudo isso funciona.

Entretanto, uma criança que passa por grandes mudanças não consegue assimilar as decisões do mundo adulto de forma tão fácil. Afinal, se tudo estava tão bom, pra que fazer uma mudança tão brusca e perder amigos? Nessas horas, não existe alegria que consiga nos colocar pra cima. Toda criança já passou por decepções e é justamente isso que o filme evidencia a todos nós.

Fica claro que o processo de crescimento e desenvolvimento de um ser humano é bem mais complexo do que imaginamos. Só que o filme consegue fazer esse processo ser divertido (com direito a bichinhos feitos de algodão doce) e muito emocionante. Para quem já é adulto, tudo parece ter passado “voando” e parece que as coisas aconteceram naturalmente e de forma fácil – salvo os traumas e grandes tristezas que nos marcam para o resto da vida.

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Na humilde opinião deste redator que vos escreve, a nova animação da Pixar é muito mais voltada para adultos, já que nós conseguimos compreender todo esse misto de sentimentos de um jeito mais simples, do que para crianças, que justamente estão passando por problemas parecidos com os da Riley.

Aliás, os adultos possivelmente são os que mais vão se emocionar com a história, já que, paralelamente às emoções e memórias do filme, podem recapitular muita coisa que já vivenciaram e aprenderam ao longo dos anos. No fim, só posso dizer que “Divertida Mente” é simplesmente lindo e me fez chorar muito ao resgatar minha infância. Sério, você precisa ver esta animação no cinema!

Fonte das imagens: Divulgação/

Divertida Mente

Conheça as vozes dentro da sua cabeça...

Diretor: Pete Docter
Duração: 94 min
Estreia: 18 / jun / 2015