Crítica do filme Era uma vez um Deadpool

A segunda vez ainda é boa

por
Fábio Jordan

28 de Dezembro de 2018
Fonte da imagem: Divulgação/20th Century Studios
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Era um belo dia e estava você estava lá dando aquela navegada no Café com Filme e, de repente, se depara com um filme chamado “Era uma vez um Deadpool”. E aí a primeira coisa que vem à cabeça é se já não teve um filme do Deadpool esse ano?

Bingo! Acertou na mosca. Lá pelo mês de maio, a Fox trouxe o capítulo 2 das loucas aventuras do anti-herói para as telonas do Brasil e todo mundo amou o que viu. Então, o que diabos seria esse novo filme? Já está na hora de um terceiro longa-metragem?

Bom, a verdade é que, depois do sucesso do filme “Deadpool 2”, os produtores da Fox ficaram se questionando como eles poderiam fazer mais dinheiro sem ter que gastar muita coisa. Aí alguém na sala teve a brilhante ideia de “e se a gente relançasse o filme sem o sangue e com interferências sonoras nos palavrões?” (tipo a ideia de relançar “Logan”).

Pronto, era só essa ideia que os caras precisavam pra encher “o rabo de dinheiro”. Então, pra resumir, é bem simples: “Era uma vez um Deadpool” é basicamente o “Deadpool 2”com leves modificações. Temos aqui um narrador ainda mais presente, diálogos entre algumas cenas e umas surpresinhas.

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Dito isso, antes que você continue a leitura, aproveito para adiantar que não vou falar de “Deadpool 2” neste texto, pois já temos uma crítica do filme, então os parágrafos a seguir focam nessa nova pegada mais light.

Legal, Fábio, mas vale a pena pagar pra ver o mesmo filme no cinema? A resposta é sim e não. No fundo, quem amou o filme não vai ver muito problema em pegar aquela sessão de promoção pra dar boas risadas e quem perdeu a chance de ver o cretino atirador na telona em maio tem agora mais uma chance – o que incluiu os mais jovens que não podiam entrar na sala desacompanhados.

Por outro lado, vale a dica de usar a grana pra ver outro filme na telona, já que as novas cenas não fazem deste um novo longa-metragem, ainda que possam agregar algumas novas piadas (incluindo as que já estão no trailer). Se for somar todas as cenas novas, talvez a gente está falando de uns 10 minutos adicionais, mas que não mudam o desfeche da parada.

Uma nova narrativa, que empolga, mas cansa, mas ainda empolga, só que cansa

A história de “Deadpool 2” já estava fechada e não havia como mexer nela para relançar o filme, então qual foi a brilhante ideia para chamar a atenção do público? Basicamente, os roteiristas resolveram colocar o próprio Deadpool não apenas como um narrador em segundo plano, mas com cenas dedicadas para contar a história.

Ele apenas conversando com o espectador não daria certo, por isso a tomada de narrativa se dá após mostrar o mascarado lendo um livro dele mesmo para Fred Savage (que você talvez não conheça, mas que já fez vários filmes e séries que você talvez nunca viu). E por que esse cara? Oras, por motivos de porque sim (agora tudo precisa ter justificativa?).

A pegada do filme é a mesma do trailer, com piadinhas de que o filme podia ser bom se fosse da Marvel, com outras piadas rebatendo que agora a Fox é da Disney, que é dona da Marvel, que é dona do Deadpool, que não é dono de nada, e por aí vai... Algumas piadas funcionam bem, outras são bem forçadas, mas ajudam a dar um novo folêgo para o filme.

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O único problema é que esse vai e vem entre as cenas originais e as novas interações podem ser mais frequentes do que precisava ser, o que torna o ritmo um tanto esquisito. Não é ruim, mas também não precisava exagerar. Talvez cenas que fugissem do tradicional ambiente do quarto e um cara mais engraçado poderiam colaborar para uma melhor dinâmica.

É tipo um sorvete que você já comeu, mas com outra calda por cima; que não é igual o primeiro sorvete com sabor inédito, mas ainda é bom porque é sorvete delícia

A falta de sangue e as interferências sonoras na hora dos palavrões pode incomodar os espectadores mais sanguinolentos, mas a ideia era alcançar um novo público, então a Fox está “pouco se lixando” pra quem não gostar (até porque quem quiser pode rever o Deadpool 2). No fim, o resultado de “Era uma vez um Deadpool” ficou divertido e tem uma breve (muito breve) homenagem ao Stan Lee, então são pequenas surpresas que valem a pena.

Fonte das imagens: Divulgação/20th Century Studios

Era Uma Vez um Deadpool

É Marvel, mas é licenciado pela Fox, então é meio ruim...

Diretor: David Leitch
Duração: 119 min
Estreia: 27 / Dec / 2018