Crítica do filme Eu Não Sou um Homem Fácil
Ele no papel delas
Já pensou em viver em um mundo que os papéis sociais dos homens fosse invertidos com os das mulheres? Seria um tanto engraçado se não fosse tão real. O filme francês Eu Não Sou um Homem Fácil (Je ne suis pas un homme facile) de Eléonore Pourriat retorna às críticas de cinema com a representação de um protagonista homem enfrentando situações de opressão que nós mulheres vivemos todos os dias.
A diretora francesa conhecida por sempre pautar as diferença entre os gêneros em seus filmes, optou por fazer Eu Não Sou um Homem Fácil uma versão mais leve do seu curta Majorité Oppimée (2010), que conta a história de um homem que ao sair de bicicleta e abrir dois botões da sua camiseta é violentado sexualmente por um grupo de mulheres em um beco.
Após oitos anos do curta viralizar na internet, Eléonore Purriat retorna ao cinema com mais profundidade nas diferença entre o homem e a mulher no cotidiano do trabalho, entretenimento, tarefas domésticas e relacionamentos na sociedade atual. O filme Eu Não Sou um Homem Fácil conta a história do publicitário e paquerador Damien (Vincent Elbaz) que ao ficar olhando duas mulheres na rua bate a cabeça em um poste e acorda em um mundo onde os papéis sociais das mulheres e dos homens são invertidos.
No começo, Damien pensa que tudo o que está acontecendo é um absurdo, uma piada. Sem levar muito a sério, ele tenta levar a sua vida normalmente como antes. No entanto, sua capacidade é sempre desprezadas pelo sexo oposto. Após ter o seu projeto rejeitado e ser demitido da agência de publicidade, Damien encontra um “emprego de homem” como secretário de Alexandra (Marie-Sophie Ferdane), escritora famosa que está em busca de uma nova história para o seu livro.
A convivência dos dois desperta a vontade do publicitário de mostrar a discriminação que sofre por ser homem, o que ele define como “masculismo”. E Alexandra enxerga a sua luta como um campo fértil para escrever um romance best-seller. No meio de toda essa turbulência, o amor surge entre os dois.
Semelhante ao filme de comédia brasileira “E Se eu Fosse Você?”, os personagens de Não Sou Um Homem fácil, representam exatamente um homem em um corpo de uma mulher e uma mulher em um corpo de um homem. Tanto a diretora como assistente de roteiro, Ariane Fert, procuram mostrar sem moralismo para a sociedade como é viver em um mundo dominado pelo patriarcado.
Contudo, nesta inversão de papéis, a comédia romântica se perde no erro mais comum entre o gênero: estereótipo de um romance e estereótipo da mulher e do homem. Todos os personagens presente na trama são previsíveis e comentem ações que não surpreendem o telespectador.
Os homens são definidos como o sexo frágil, delicados, arrumados e dividem o seu tempo em cuidar das crianças e da casa. Já as mulheres não ficam em casa, ocupam os melhores cargos nos trabalhos, não se importa em cuidar das tarefas domésticas e são paqueradoras. Sem evidênciar outras questões de gêneros e relacionamentos homoafetivos, a história fica só na superficialidade de um tema tão profundo e atual.
Apesar do filme ser de humor, Pourriat retrata de um modo bem sutil, que mesmo na inversão de papéis, o machismo ainda está presente. Nos deparamos com cenas de um homem após ter seu trabalho rejeitado joga todos os papéis na cara da sua chefe. Depois de escutar uma fofoca sobre sua parceira destrói toda a sala da casa dela. Ou durante uma briga entre namorados que sai do controle e ela recebe um tapa na cara. Pois é, detalhes que mesmo o mundo sendo comandados por mulheres, o machismo está presente.
Eles no território delas