Crítica do filme Eu vi o Diabo
A arte coreana de fazer filmes banhados em sangue!
Antes que você se pergunte, deixe-me esclarecer que este filme não está nos cinemas. O longa coreano “Eu vi o Diabo” é um título de 2010 que está disponível no Netflix — e não sei se ele está disponível em outro lugar. Bom, aproveitando mais uma das tantas sessões que faço com meu pai, resolvi embarcar em mais um longa-metragem inusitado.
“Eu vi o Diabo” (I Saw The Devil ou, no original, Akmareul boatda) é um filme que apela para a vingança à moda antiga: olho por olho! No longa, Kim Soo-hyeon é um agente especial que entra em desespero quando sua noiva é assassinada por um serial killer. O rapaz decide caçar o psicopata, mas logo se vê perdido entre o bem o mal numa busca desenfreada por vingança.
Muitas pessoas têm certo preconceito com filmes orientais. Talvez por conta dos idiomas aos quais não estão habituadas ou, quem sabe, por pensarem que as atuações são exageradas. Eu sempre gostei de diferentes culturas — principalmente da japonesa, chinesa e coreana —, um dos motivos que sempre me levou a conhecer filmes surpreendentes.
O longa dirigido por Kim Jee-Woon (o mesmo de O Último Desafio) é um filme que abusa de cenas ousadas. Evitando cortes, Jee-Woon abusa de ângulos e cria sequências que parecem impossíveis. É o caso de uma cena de assassinato dentro de um carro. A câmera simplesmente navega pelos espaços disponíveis e a ação acontece sem pausas. Claro, o sangue rola sem parar, o que é bom!
Parte do ótimo trabalho realizado em “Eu vi o Diabo” se deve ao elenco que se esforça para convencer o público. Quem está habituado com filmes americanos pode até se espantar, pois não se trata de carinhas já conhecidas. É bom notar que o excesso de violência exige atuações convincentes, por isso estou dizendo que os atores fazem um trabalho excepcional.
Entre os tantos envolvidos, vale destaque para Min-sik Choi — conhecido por seu excelente trabalho em Oldboy. Aqui, Choi interpreta o vilão. Um homem fora de si. Um sujeito que busca aterrorizar as pessoas e cometer atrocidades. A mente do personagem é tão confusa, que me lembra muito do Coringa. Até as roupagens, caras e cabelo sugerem alguma semelhança.
Assim como outros filmes coreanos, esta película consegue se destacar pela bela fotografia. Os cenários fogem do padrão de longas americanos. A maioria das cenas é executada em ambientes isolados, afastado de centros urbanos. Isso ajuda muito a construir os ambientes para a atuação do vilão e para ótimas situações de perseguição e combate.
Por fim, quero elogiar a trilha sonora que dá um ritmo constante ao filme. Os combates são muito bem coreografados e, ao contrário do que muitos pensam, ninguém voa ou realiza peripécias impossíveis. Enfim, “Eu vi o Diabo” não é um filme totalmente perfeito, mas é uma obra que consegue ser diferente e ter excelente execução.