Crítica do filme Frozen 2
Mais beleza, complexidade e amadurecimento
Difícil encontrar uma criança que não conheça “Frozen”. O sucesso, e pesadelo dos pais, de Let it Go/Livre Estou ainda é lembrado depois de anos. Ao reimaginar o conto de fadas de Hans Christian Andersen “A Rainha da Neve”, a Disney conseguiu resgatar o encanto de suas princesas atualizadas para os dias atuais, algo que vem sendo trabalhado aos poucos a cada filme.
Por mais que a história pudesse se encerrar com o primeiro filme, os números da bilheteria demandaram uma sequência e felizmente a oportunidade de amadurecer e tornar a história mais complexa não foi desperdiçada.
Sem perder a magia e tentando agradar tanto as crianças que viveram o primeiro lerigo quanto as que vão conhecer e cantar repetidamente a música “Minha Intuição”, “Frozen 2” deve agradar com facilidade até quem tem preconceito com quem gosta de brincar na neve.
Após os eventos de “Frozen”, Anna (Erika Menezes/Kristen Bell) e Elsa (Taryn Szpilman/Idina Menzel) estão vivendo felizes em Arendelle, com brincadeiras e jogos em família junto com o namorado de Anna, Kristoff (Raphael Rossatto/Jonathan Groff) e sua fiel rena Sven, assim como o boneco de neves que adora abraços quentinhos Olaf (Fábio Porchat/Josh Gad).
Porém, Elsa começa a ouvir uma voz vinda do norte, chamando por ela e quando espíritos mágicos arrancam os moradores de Arendelle de suas casas, Anna, Elsa e seus amigos decidem partir em direção a voz para resolver o mistério, chegando até uma floresta encantada cercada por uma névoa mística impenetrável.
Para salvar Arendelle e seu povo, as irmãs terão que reaprender a confiar uma na outra e em si mesmas para entender a verdade a respeito dos poderes de Elsa e a história sombria de Arendelle.
A direção fica por conta de Chris Buck e Jennifer Lee mas o sucesso se deve ao roteiro de Jennifer e Allison Schroeder. “Frozen 2” encontra uma forma equilibrada de continuar a história das irmãs, com Anna focada em proteger Elsa, enquanto ela continua procurando seu lugar no mundo.
Há um esforço em dar a cada um dos personagens um arco de história paralelas que convergem na história geral. É surpreendente que um filme infantil de tanto destaque como “Frozen 2” abordo temas tão complexos e até “sombrios”, algo que é muito bem vindo e que espero que se torne cada vez mais recorrente, pois sabemos que filmes infantis não precisam (e nem devem) ser bobos e rasos e filmes que abordam temas complexos podem servir como um mapa para as crianças aprenderem a lidar com suas emoções e pensamentos.
É interessante notar que a estrutura tradicional não é seguida, sem nem ao menos haver um vilão na história. Ao invés disso, “Frozen 2” arrisca e busca uma forma mais madura de abordar o enredo, algo que pode incomodar a princípio, mas que encontra maneiras interessantes de manter o público atento.
Quebrar a estrutura tudo bem, mas as músicas não podem ficar de fora, certo? Não há nenhum momento tão catártico quanto “Let it Go”, mas no geral as músicas estão encaixadas na trama para apresentar o sentimento de cada personagem em seu respectivo arco.
Elsa canta “Minha Intuição/ Into the Unknown“ antes do chamado para a aventura de descobrimento e Anna tenta entender qual sua próxima ação em um momento chave com a música “Fazer O Que É Melhor / The Next Right Thing”. Difícil esquecer o curioso e divertido momento “clipe dos anos 90” de Kristoff e as renas, com “Não Sei Onde Estou/ Lost in the Woods” ao questionar sua importância na relação com Anna.
Desnecessário dizer que a animação está no seu auge, e mesmo as escolhas de estilização dos personagens dão um ar incrivelmente realista em algumas sequências. O nível de detalhes adicionados aos visuais complementam os temas abordados no filme de forma muito sofisticada.
Apesar de todos os elogios merecidos, a sensação é de que a trama poderia ter sido ainda mais ampliada e que algumas escolhas narrativas poderiam ter sido melhor abordadas, como a origem dos poderes da Elsa. Provavelmente esse sentimento é proposital, deixando aquela vontade de ver mais para que novas sequências aconteçam.
Enfim, “Frozen 2” é um retorno mágico ao mundo de Anna e Elsa, visualmente e sonoramente mais complexos para agradar aos fãs originais. É deslumbrante e divertido para toda a família, embora talvez seja “sombrio” demais para as crianças menores entenderem, mas que pode servir bem para que elas entendam mais sobre elas mesmas. Todos que gostaram de “Frozen” vão achar algo a mais para se encantar nesse filme.