Crítica do filme Fury - Corações de Ferro

A guerra nunca acaba bem mesmo

por
Thiago Moura

07 de Fevereiro de 2015
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Essa crítica contém spoilers, veja o filme antes de ler.

Como não existem muitos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, David Goyer teve a sacada de fazer um longa sobre esse assunto inédito, "Fury - Corações de Ferro". A "novidade" é que dessa vez a guerra é mostrada do ponto de vista dos soldados de um tanque de guerra Sherman batizado de "Fury". O sargento norte-americano chamado Wardaddy (Brad Pitt) é quem lidera a tripulação de cinco homens em uma missão mortal.

Para David Ayer essa é uma história pessoal, pois além de ser um veterano de guerra e vir de uma linhagem de veteranos, conhece muitos relatos de soldados que realmente estavam na guerra, e seu objetivo foi retratar tudo isso na telona, pois considera os filmes já feitos sobre o tema muito diferentes de suas experiências.

Acontece que apesar de toda essa boa vontade, o filme é recheado de clichês e padrões irreais. Na primera parte, vemos a tripulação lutando e vencendo mais uma batalha, porém um dos membros acaba morrendo para ser substituído por um recruta inexperiente e que na verdade era apenas um datilógrafo.

Norman (Logan Lerman) não queria estar ali, odeia a guerra em todos os aspectos e odeia Wardaddy, que agora é seu sargento e precisa obedecer suas ordens e matar todos os alemães que ele enxergar. Nesse momento é suposto que o expectador se identifique com o recruta, entrando nesse mundo estranho e desconfortável que é a guerra.

Wardaddy não está feliz também, mas acaba acolhendo e ensinando o garotinho juvenil a se virar na guerra. Em pouquíssimo tempo eles se tornam muito próximos, e o favoritismo de Warddady ao seu novo recruta é vísivel.
O que nos leva a segunda parte, que é consegue ser ainda mais desconfortável do que estar enfiado em um tanque de guerra com um bando de malucos. Avançando dentro de um uma cidade alemã, os residentes acabam se rendendo e um breve período de descanso acontece.

Então, sem motivo aparente, Wardaddy resolve invadir  uma casa levando Norman com ele. Lá uma mãe e sua filha adolescente estão escondidas e morrendo de medo dos soldados americanos. O clima de tensão é óbvio, todos esperam que Wardaddy faça algo terrível, pois desde o começo do filme ele deixou bem claro seu ódio por todos os alemães. Mas não acontece absolutamente nada!

Ele pede para a mãe cozinhar ovos para eles enquanto se barbeia e Norman se apaixona e perde a virgindade com a filha. Depois de diálogos estranhos e desnecessários, e com um evento ainda mais impróvavel do que tudo que aconteceu a menina acaba sendo morta. Todo uma sequência desconfortável apenas para mostrar ao Norman e aos expectadores que "a guerra é assim mesmo" ou "as mortes não acabaram, os assassinatos não acabaram".   

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A terceira parte é ainda mais impossível e improvável, mas como é disso que os filmes são feitos tudo bem. Após uma sequência de batalhas, todos os tanques acabam sendo destruidos, restando apenas o Fury. As batalhas entre os blindados é bem empolgante, mas eu não conseguia parar de pensar que se os tiros tivessem um som diferente, seriam exatamente iguais as armas dos Storm Troopers em Star Wars. Eu não sou veterano de guerra, mas acho que um tiro de metralhadora não se parece tanto com um raio vermelho.

Como Wardaddy não é de brincadeira, ele decide seguir em frente e completar a missão, mas o Fury acaba passando por uma mina terrestre e não pode mais ser movimentado. Então, enquanto os outros tentavam consertar o querido tanque, Norman descobre que um batalhão de soldados da SS está vindo naquela direção e resolve avisar o Papai Guerra. E como todo bom herói americano ele resolve encarar sozinho todo eles!

Do ponto de vista estratégico, eles poderiam se retirar e lutar outro dia com mais aliados, mas não vamos comentar sobre isso. Basta saber que eles ficam lá, matam muitos soldados e só morrem porque a munição acabou. O final é bem mais improvável do que tudo que já foi dito, mas é preciso um final feliz após tanto sofrimento.

As atuações ajudam a manter o filme interessante até certo ponto, mas os clichês se repetem aqui. Vale ressaltar que em nenhum momento os tripulantes do Fury se parecem com soldados disciplinados e treinados. Eles são um bando de loucos com um tanque de guerra, só atiram pra matar e seguem ordens de um sargento que já tá de saco cheio dessa guerra. E eles são bons nisso.

Não sou o maior fã de filmes de guerra, e com certeza "Fury - Corações de Ferro" não contribuiu para mudar isso.

Fonte das imagens: Divulgação/

Corações de Ferro

A guerra nunca termina em silêncio

Diretor: David Ayer
Duração: 134 min
Estreia: 5 / fev / 2015
Thiago Moura

Curto as parada massa.