Crítica do filme Homens, Mulheres & Filhos
Parece que faltou alguma coisa
Adam Sandler é um sujeito conhecido por fazer comédias escrachadas, quase sempre com a mesma estrutura e, inclusive, nas quais ele sempre parece desempenhar um mesmo papel, como se representasse a si próprio na tela do cinema. Pois esse não é o caso de “Homens, Mulheres & Filhos”, uma comédia dramática que trata das reações pais e filhos provando desventuras amorosas.
Se a atuação de Sandler passa longe daquelas a que estamos acostumados a ver, o filme como um todo não acompanha tal mudança e não chega a empolgar. Longe também de ser uma obra ruim ou cansativa, o grande problema de “Homens, Mulheres & Filhos” está em lidar com muitos personagens e muitas relações entre eles, o que impede de dar um pouco mais de profundidade no drama.
O filme trata de relações humanas, com enfoque naquelas amorosas, entre as pessoas, destacando ali grupos com idades distintas. Mulheres, homens e seus filhos, todo com problemas a resolver nas questões do coração, além de algumas rusgas familiares que se sobressaem ao longo da trata, tudo isso costurado pelo uso pesado da internet pelos personagens mais jovens.
Uma característica marcante de “Homens, Mulheres & Filhos” é a diversidade das relações e dos problemas por elas apresentadas: temos pais separados procurando novos rumos, dramas envolvendo um pai e seu filho, casal que busca uma saída para o marasmo fora do casório e, é claro, paixões frustradas de adolescentes.
A ideia parece boa, mas o filme acaba sendo curto demais para lidar de forma contundente com tudo o que se propõe. A sensação, então, é de que a superficialidade prejudica a imersão do espectador na história, acelerando alguns “núcleos” em detrimento de outros, o que é uma pena, pois o potencial aqui era grande.
As atuações não deixam a desejar e é legal ver Adam Sandler quase como que um coadjuvante e representando algo diferente daquilo que é visto na grande maioria dos seus filmes. Outros atores dirigidos por Jason Reitman (“Amor Sem Escalas”) também se destacam, como Jennifer Garner (“De Repente 30”) no papel de uma mãe paranoica, stalker e super-protetora e Judy Greer (“Amor & Outras Drogas”) como uma mãe disposta a quase tudo para fazer de sua filha uma estrela.
Se o roteiro tem lá os seus buracos, também consegue ser muito feliz na forma como aborda a relação das pessoas com a internet, como essa ferramenta se tornou parte integrante da vidas das pessoas. Ela pode servir para afastar, mas também para aproximar, para criar e resolver problemas, para encontrar novas pessoas ou se envolver ainda mais com aquelas conhecidas. Visualmente, inclusive, os contatos via internet também são muito bem trabalhados, criando um apelo visual bem interessante para o filme.
Enfim, talvez com elenco reduzido, “Homens, Mulheres & Filhos” conseguisse ser mais divertido e tocante, mas, ainda assim, se trata de um filme que merece ser visto com atenção.