Crítica do filme John Wick 3: Parabellum

Dedo no... gatilho e gritaria!

por
Carlos Augusto Ferraro

15 de Maio de 2019
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Quem diria que o “despretensioso” De Volta ao Jogo (John Wick) se tornaria uma das melhores franquias de ação do cinema. Quando o filme despontou em 2014, pouco se esperava do título, apesar de contar com nomes de peso como Keanu Reaves, Willem Dafoe, Ian McShane e John Leguizamo. Entretanto, quando as pessoas perceberam a beleza oculta no trabalho de Chad Stahelski o filme foi rapidamente elevado ao status de “clássico contemporâneo”.

Não estamos falando de uma obra-prima com um roteiro elaborado, na verdade a história beira a irrelevância, o charme e a arte do filme residem especialmente no toque de Chad Stahelski. O dublê veterano e cineasta iniciante, constrói cenas de ação com uma fluidez singular, duma dança sincronizada na qual todos sabem suas marcações e coreografias, entregando um resultado final um hipnotizante balé de violência.

A união dessa habilidade de Chad Stahelski e o carisma inato de Keanu Reeves formaram uma simbiose que elevou a franquia John Wick de um mero filme de ação e uma experiência totalmente diferente. Agora, em John Wick 3: Parabellum, Chad Stahelski se junta ao roteirista dos títulos anteriores, Derek Kolstad, para entregar um filme mais equilibrado e não menos volátil, oferecendo mais um ótimo capítulo na já celebrada saga do assassino John Wick.

Paz através da força

Começado exatamente do ponto onde paramos em John Wick: Um Novo Dia Para Matar, a nova iteração da franquia é ainda mais violenta, mais elaborada e mais envolvente. Com o Baba Yaga tentando se manter vivo enquanto todos os assassinos do mundo estão atrás da recompensa de 14 milhões de dólares pela sua cabeça, o filme já começa em um ritmo acelerado.

Com poucos minutos antes de ser oficialmente “excomungado” da sociedade dos assassinos, John Wick precisa agir rápido para conseguir se equipar, sobreviver e encontrar uma forma de reparar seu relacionamento com a “Alta Cúpula” que rege os assassinos. Nessa jornada em busca de redenção temos alguns vislumbres do meta-enredo da franquia, descobrindo novos detalhes sobre o funcionamento da Alta Cúpula e de seus membros.

Esse empenho em aprofundar a mitologia da franquia é louvável, mesmo que não funcionem em determinados momentos. O filme apresenta novos detalhes da vida de John e do universo dos assassinos, mas não responde diretamente nenhuma questão dos filmes anteriores e apenas aguça ainda mais a curiosidade dos fãs, o que pode ser bom, mas de forma alguma pode esmaecer o ritmo do filme em prol de desnecessários diálogos expositivos.

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Resumidamente, o charme da franquia John Wick é justamente a ação. O importante é ver como esse agente da morte altamente treinado e obstinado navega por diferentes cenários repletos de adversários. Diferente de outras produções na qual a cena é construída a partir dos diálogos, em John Wick é a ação que dita o rumo da história. Como em um filme mudo, Keanu Reeves e o resto do elenco entregam atuações precisas que funcionam justamente por encontrarem uma forma de se expressar em meio ao caos que se desenrola ao redor.

Tiro, porrada e bomba

Se você ainda tinha alguma dúvida, o grande destaque do filme são as sequências de ação. Com coreografias elaboradas as cenas de luta são criativas e muito bem desenvolvidas. Infelizmente, por começar em um nível tão elevado, tudo parece mais “cansado” conforme nos aproximamos do final.

O clímax do filme não consegue superar os 30 minutos iniciais, muito por conta do ritmo alucinante  do começo da película. Todavia, ainda temos um embate épico no qual Keanu Reeves encara o célebre Mark Dacascos — figurinha carimbada dos filmes de pancadaria dos anos 90, incluindo os excelentes Combate: As Lágrimas do Guerreiro e O Pacto dos Lobos.

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Por sinal, o elenco ainda conta com os retornos do excelente Ian McShane e do imponente Laurence Fishburme. Além disso, também temos a presença marcante de Halle Berry (e seus cachorros) além das ótimas surpresas de Anjelica Huston, Jerome Flynn (o Bronn, de Game of Thrones) e Asia Kate Dillon (do seriado Billions).

Parabellum mantém o ótimo nível das produções anteriores e abre novos caminhos para a franquia John Wick

Mesmo sem querer entregar muitos detalhes da trama, que já não é muito extensa, sou obrigado a revelar que o final deixa assegurada a continuação da franquia. Resta ainda saber se a saga do Baba Yaga continuará nos cinemas ou na televisão, haja vista a confirmação da produção do show The Continental, o hotel que serve de santuário para os assassinos.

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes
Diretor: Chad Stahelski
Duração: min
Estreia: 16 / Mai / 2019