Crítica do filme Juntos e Misturados
Um mais do mesmo que não funciona
Eu gosto do Adam Sandler. Não sou o maior fã do cara e nem acho realmente engraçado tudo o que ele faz, especialmente algumas de suas últimas produções, mas vejo valor (e dou algumas risadas) com filmes como “O Paizão”, “Click”, “A Herança de Mr. Deeds” e “Como se Fosse a Primeira Vez”, filme no qual ele faz uma dobradinha com Drew Barrymore — o que se repetiu desta vez em “Juntos e Misturados”.
A trama é bem simples e regada de clichês: Jim Friedman (Sandler) e Lauren Reynolds (Barrymore) se conhecem em um desastroso encontro às cegas, mas, por mais pura obra do acaso, acabam se reencontrando e entrando um na vida do outro de uma forma bizarra. A fórmula típica de Adam Sandler — um sujeito meio calhorda, mas que se mostra sensível em várias partes da trama, especialmente no final — está presente outra vez, por isso o “mais do mesmo” ali no título.
Só que se isso funcionou bem em outras obras cinematográficas do ator, desta vez isso não acontece. Isso porque as piadas soam muito forçadas, assim como a emoção, com tudo aparecendo sempre de forma bem previsível. É possível rir vendo este filme, mas até mesmo as partes de humor parecem desconexas do restante da trama na maioria das vezes, como se os roteiristas sentissem a necessidade de encaixar alguma coisa aqui e ali para manter o ritmo da película.
O filme também abusa dos clichês sobre a África, especialmente no que toca o sotaque sul-africano e também as canções e paisagens da região. Um dos destaques é Terry Crews, que consegue adicionar algumas boas doses de risada na experiência do espectador sempre que aparece, principalmente com suas performances coreográficas.
É claro que esperar um sentido dentro da obra de Adam Sandler não é algo comum, pois a carreira do ator é formada majoritariamente por comédias escrachadas, uso de clichês, misoginia e por aí vai, apesar de haver algumas películas que fogem desse padrão. Porém, a impressão que fica ao analisar o filme um pouco mais cuidadosamente, é que a expressão já repetida — e que deu certo — várias outras vezes, deixa um pouco a desejar por aqui.
Menção honrosa para uma referência a “Como se fosse a primeira vez”, primeira dobradinha de Sandler e Barrymore no cinema (se você já assistiu a esse filme, fique atento a hora em que os personagens de ambos se encontram por acaso em um supermercado).
Confesso que eu demorei para começar a achar graça nas piadas de “Juntos e Misturados”, mas essa pode ser classificada naquelas comédias em que você desliga algumas percepções mais exigentes e vai ver de modo despretencioso. Na escalada da carreira de Sandler, esta obra ainda fica acima de “Cada um Tem a Gêmea que Merece”, mas fica bem abaixo dos demais filmes do ator citados neste texto.