Crítica do filme Meu Bebê

Uma comédia para assistir em família

por
Nicole Lopes

04 de Maio de 2020
Fonte da imagem: Divulgação/Bonfilm
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Há filmes que são quase impossíveis de não se identificar com a história, Meu Bebê de Lisa Azuelos não é diferente. Já começa pelo título! Apelido afetivo que toda mãe chama o seu filho  - e não importa a idade. O longa conta a história de Heloïse (Sandrine Kiberlain), mãe de três filhos, e da sua caçula Jade (Thaïs Alessandrin), que está prestes a sair de casa. 

Em cartaz no Festival Varilux Em Casa, a comédia Meu bebê foi a minha primeira escolha de filmes franceses para assistir em período de isolamento. E não é pra menos, faz três meses que saí da casa dos meus pais para conquistar a tão esperada autonomia da vida de adulta. Diferente de Jade não mudei de país, mas assim como ela, eu sou a filha mais nova e a última que deixou o ninho (se você está prestes a viver uma situação parecida vale a pena conferir).  

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Após Heloïse ler a carta de admissão de Jade em uma universidade no Canadá, o seu instinto maternal sofre um inesperado impacto de imediato. Durante um ano, as duas vivem em clima de saudosismo e reflexão sobre o passado e futuro. Longe de ter uma visão melancólica para sustentar a sensação de solidão, a história é coberta de lembranças e momentos engraçados e constrangedores que mãe e filha já passaram juntas. 

O filme de Lisa é uma sinfonia inclinada à amizade e o amor, o seu jeito de tornar tão terno o vínculo de Heloïse com os seus filhos potencializa o elo puro e afetivo que existem na família. Claro, que nem tudo são flores. Há tristeza, conflitos, ausência paterna e ciúmes entre irmãos que fazem ser tão orgânica a comédia.

Toda mãe sofre dois partos por filho

Para entendermos a trajetória emocional da protagonista com o fechamento de um ciclo, a comédia utiliza-se de flashback em várias situações corriqueiras, o que amplia o aspecto dramático da história e de certo modo cômico também. 

Como na cena que vemos a filha adolescente retirando a casca do pão, costume que aprendeu na infância com a mãe. Em seguinda somos levado ao passado para vivenciar a mãe preparando o lanche de Jade quando ela era criança. Meu Bebê aproveita de pequenos detalhes da rotina para atribuir um novo significado cheio de saudades e complicidade entre duas parceiras.  Essas pequenas comparações acontecem o tempo inteiro no longa e nos convidam a fazer uma viagem pessoal e nostálgica por nossas próprias memórias. 

Assim como Heloïse, toda mãe enfrenta dois partos por filho: o primeiro é o nascimento e o segundo é quando eles levantam vôo. Pena que no último não há aviso prévio ou tempo pré determinado que informa quando irá acontecer, não é?! Apenas ocorre.  Nessa construção narrativa tanto Jade quanto Heloïse são tomadas pela instabilidade da mudança, uma por deixar toda a rotina, amigos e paixões para atrás e a outra por retomar o que há anos deixou de lado: cuidar de si mesma. 

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Apesar do filme privilegiar as emoções maternais, Meu Bebê também foca nos sentimentos da adolescente em deixar a família. Assim como a mãe resolveu filmar com o celular todos os momentos que passaram juntas,  a adolescente faz o mesmo com seu namorado, amigos e até mesmo o seu quarto. Afinal, para quem parte as memórias são as únicas companhia em uma nova jornada.  

Não há dúvidas que é uma comédia para você se identificar e rir com a sua mãe. Mas, não vale chorar, hein?! Brincadeira, confesso que por vários momentos me peguei em minhas próprias lembranças. Foi bom matar a saudades e relembrar da minha primeira e melhor amiga, minha mãe. 

Fonte das imagens: Divulgação/Bonfilm

Meu bebê

Uma crise que toda mãe vai viver um dia.

Diretor: Lisa Azuelos
Duração: 87 min
Estreia: 1 / Aug / 2019
Nicole Lopes

À procura do mundo invertido