Crítica do filme Música, Amigos e Festa
Em busca da batida da vida
Filmes sobre as loucas aventuras da juventude moderna viraram terreno comum nos últimos anos. Com foco em bagunças inusitadas, embaladas por muita música eletrônica, esses títulos conquistaram o público que adora eventos badalados.
Pensando nisso, muitas produtoras e diretores apostam suas fichas em filmes que usam do espaço audiovisual para mostrar que a vida tem roteiros prontos que são recheados de diversão, gente bonita, bebidas e confusões.
O próprio título de "Música, Amigos & Festa" revela a proposta nessa linha. Estrelado por Zac Efron, o longa-metragem fala sobre o que é necessário fazer na vida para encontrar a própria voz, o próprio estilo, um rumo — e de preferência no ramo da música eletrônica.
No mundo da música eletrônica e da noite de Hollywood, Cole (Efron) é um aspirante a DJ de 23 anos que passa os dias confabulando com os amigos e as noites trabalhando na batida que vai incendiar o mundo. Tudo muda quando ele encontra James (Wes Bentley), um DJ mais experiente, que topa ensinar a Cole o caminho, mas nem tudo vai ser tão simples.
Tirando obras que falam especificamente sobre algum artista ou uma determinada vertente da música eletrônica — característica até mais comum em documentários — a abordagem dos sons de sintetizadores como elemento substancial para um roteiro é pouco comum em filmes. A ousadia nesse ponto é fundamental para construir aqui um filme um pouco diferente.
É claro que o bonitão Zac Efron não é um DJ gabaritado e o propósito aqui nem é dar um curso completo sobre música eletrônica, mas alguns conceitos apresentados para nortear a plateia sobre como funciona o desenvolvimento desse tipo de som acaba sendo bem interessante para levar um conteúdo mais interessante ao público.
Nem tudo que é falado é tão simples e tampouco o filme dá conta de falar sobre os tantos ritmos que preenchem esse vasto mundo chamado música eletrônica. Contudo, a tentativa é válida e o filme consegue ter uma sintonia interessante entre tutoriais básicos, o processo de criação e a hora de agitar a galera.
Uma coisa curiosa é que, diferente de outros filmes sobre zoeiras com a galera, o longa “Música, Amigos e Festa” acaba tendo um propósito mais claro para tanta festança e diversão, uma vez que DJs realmente têm suas vidas cercadas por eventos, gente bonita, bebidas e todo o tipo de clichês que você pode imaginar.
Apesar desses diferenciais bacana, assim como o título no Brasil sugere, a execução de “Música, Amigos e Festa” se apoia sobre trivialidades. O dia a dia do DJ Cole e sua carreira, em fase bem inicial, é o ponto de partida, sendo que seus relacionamentos com os amigos e garotas permeiam o avanço da trama e também do sucesso do cara neste meio.
Na parte visual, “Música, Amigos e Festa” acerta em todos os pontos, já que é uma obra que aborda apenas pessoas comuns, vestidas com roupas simples e em cenários bem habituais. Tirando algumas cenas em ambientes abertos com muita gente, as cenas são bem básicas, mas bem executada.
O uso de câmeras lentas e efeitos especiais são recorrentes, acentuando a empolgação da galera nas festas, as cenas românticas e também as aulas básicas de música eletrônica do DJ Cole. A edição do filme é caprichada e não deixa a desejar em momento algum.
Curiosamente, apesar de ser um filme sobre produção musical, o espectador não deve ter nada de original na parte de trilha sonora. A seleção dos sons é muito boa, com faixas que embalam o roteiro de forma competente. Não tem como dizer que não combina as cenas com os sons, porém não há nada de genial aqui, já que é um filme que se apoia nas músicas.
É claro que toda a construção de um título desse naipe com Zac Efron no papel principal e a bela atriz Emily Ratajkowski como par romântico só poderia ser permeada por um mundo que só existe em Hollywood. O filme é sim uma grande alusão ao suposto mundo dos DJs, o que deixa a trama um tanto quanto superficial, mas não dava para esperar outra coisa.
Por outro lado, a obra não deixa de mostrar as dificuldades na construção de uma carreira, aqui focada na questão da musicalidade, mas poderia ser qualquer outro ramo, já que a mensagem do filme fica bem clara. A amizade também é um ponto muito explorado no filme, o que dá uma pausa para o romance e o trabalho. Enfim, filme bem vodka com açúcar, mas uma pedida perfeita para quem adora música, festas e amigos.
A longa jornada para virar um DJ de sucesso