Crítica do filme Namoro ou Liberdade
Um filme sobre brotheragem
Eu preciso admitir que, na primeira vez em que assisti ao trailer de “Namoro ou Liberdade?”, simplesmente achei que esse seria mais um filme de romance.
Você provavelmente sabe do que eu estou falando: aquelas produções cheias de gente bonita, com relacionamentos minimamente problemáticos e que servem para que os atores não caiam no esquecimento e ainda ganhem uma graninha bacana.
Para piorar as minhas expectativas, assim que eu entrei na sala de cinema, uma mulher (CHATA PRA CACETE) sentada logo atrás de mim não parava de reclamar o quanto aquele filme parecia ser chato e de quanto ela já não estava gostando do começo. Eu meio que fui contaminado por ela e já estava preparado para escrever este texto de uma maneira bem mais agressiva, contando a grande bosta que “Namoro ou Liberdade” deveria ser.
Acontece que o filme não é ruim. Ele é espantosamente divertido e agradável de assistir, com um elenco muito bem entrosado e que vai te levar por toda a história de maneira bem suave. E isso é algo muito bom, afinal de contas, você não se cansa e não passa quase duas horas pensando no que poderia ter comprado com o dinheiro do ingresso.
Para deixar a minha opinião mais clara, eu dividi o filme em duas “partes” diferentes, explicando o que eu achei bom nele e o que eu consegui tirar dele. Ou seja, CONTINUE LENDO, amiguinho leitor!
Logo no início do filme, nós podemos ver o relacionamento entre os 3 protagonistas, que são grandes amigos desde a época do colégio. Isso é algo bem normal em romances, mas “Namoro ou Liberdade” faz isso de um modo muito natural. Os personagens falam sobre todo o tipo de merda e em todos os momentos possíveis, sem importar se uma senhora está escutando uma crítica sobre as habilidades orais de uma moça (se é que você me entende).
Isso é bacana pelo simples fato de que você também deve ter isso na sua vida: amigos que você conhece há tempos, amigos que não precisam cuidar com as palavras, te dão bom dia com uma enxurrada de palavrões e que sempre cagam na sua casa. Esse tipo de coisa é divertido pra cacete na vida real e é retratado muito bem na produção, sendo que isso vai arrancar risadas de você durante todo o tempo, inclusive nas partes que deveriam ser mais dramáticas.
Além disso, a amizade – que eu também chamo respeitosamente de brotheragem – é retratada de diversas maneiras durante o filme, mostrando que você deve ser parceiro durante os problemas dos seus amigos, durante as alegrias e até mesmo durante as brigas. Porque essas pessoas passam a fazer parte da sua família, assim como os protagonistas exemplificam ao resolver seus problemas no final de “Namoro ou Liberdade”.
Até que tudo isso é bonito, né?
Depois de apresentar uma brotheragem que dá ritmo ao filme, o enredo nos apresenta a questão que dá título à produção: e aí, é melhor ter liberdade ou namorar uma pessoa bacana? O engraçado é que praticamente toda pessoa já se perguntou esse tipo de coisa em algum momento da própria vida, o que torna o romance ainda mais próximo dos seus espectadores.
Acontece que essa questão não tem uma resposta certa, porque a vida não é preto e branco. Há uma quantidade de variáveis absurda, como o momento em que você está na vida ou o que você quer para o seu futuro. Afinal de contas, cada indivíduo tem um universo inteiro dentro da cabeça dele, sendo que um relacionamento leva tudo isso em consideração. Parece complicado pra caralho, mas não é tanto assim.
Outra complicação que o filme mostra é o fato de que a vida não tem um manual. Não é porque você comprou um apartamento que o casamento vai dar certo, não é porque você se casou que aquela é a pessoa da sua vida. E a sua namorada (ou namorado) vai mudar com o tempo, sendo que isso é completamente normal. Ou seja: merdas acontecem, meu camarada, não adianta insistir em erros.
“Namoro ou Liberdade” leva tudo isso em consideração e é muito inteligente por conta disso. Isso porque o filme não tenta responder o que é melhor entre essas duas alternativas. Ele mostra que você pode namorar se gosta de alguém e se separar se o relacionamento não é mais saudável – e a escolha é sua, sem regras, apenas respeitando o seu parceiro ou parceira.
Se você chegou até aqui, mas ainda não entendeu porque o filme é maneiro, eu resumo. “Namoro ou Liberdade?” tem um enredo pé no chão, recheado de humor honesto e com dúvidas que grande parte das pessoas tem. Além disso, a produção não caga regras, já que namorar e ser solteiro são duas coisas boas, mas diferentes.
Por conta de tudo isso, o filme é muito mais um filme sobre brotheragem – com seus amigos e com as suas namoradas – do que apenas um romance. E você ainda pode fazer uma média com o seu parceiro, ver um filme cheio de gente bonita e dar várias risadas.