Crítica do filme O Agente da U.N.C.L.E.
Divertidíssimo filme de espionagem!
Antes de me acomodar na poltrona do cinema para assistir O Agente da U.N.C.L.E., fiquei seguro ao saber que o filme foi dirigido pelo britânico Guy Ritchie, responsável pelos clássicos Snatch - Porcos e Diamantes (2000) e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998). A expectativa é ainda maior por se tratar do gênero espionagem, com trailer repleto de cenas de ação e personagens cheios de classe – elementos que facilmente o colocam como concorrente do último Missão Impossível.
O Agente da U.N.C.L.E não se reduz àquele bando de filmes em sagas intermináveis de agentes secretos hollywoodianos que sobrevivem à tão assombrosa ameaça comunista, na defesa de um mundo livre e blablabla. Trata-se de uma produção que vai além do modelo cansativo e anacrônico que serve apenas para reforçar os absurdos da ideologia dominante no ocidente.
Henry Cavill e Armie Hammer assumem os dois primeiros papéis: Napoleon Solo, da CIA, e Illya Kuryakin, da KGB. Após longa perseguição motivada pela tensão entre EUA e URSS, ambos são obrigados a se aliar a uma terceira agente: a alemã Gaby Teller (Alicia Vikander). O objetivo do grupo é evitar que armas nucleares caiam nas mãos de uma organização criminosa internacional.
Embora caricaturados os personagens por meio de frequentes piadas sobre a nacionalidade de cada um deles, a construção de seus perfis é bem cuidadosa, assim como o desenvolvimento da trama em si. Algo que com certeza agrada fãs de filmes do gênero e simultaneamente impede que professores de história torçam o nariz.
Napoleon faz o tipo estadunidense esnobe, flexível e que sabe conduzir psicologicamente as situações mais críticas. Porta-se como quem sempre sabe o que fazer, independente do grau de dificuldade e sempre mantendo a postura. É um galã especialista em roubo de peças valiosas sem que necessite esconder o rosto em suas ações.
Já Illya tem um perfil que se contrapõe propositalmente ao do parceiro, agindo sempre com bastante objetividade e sem fazer firula. É também muito orgulhoso de ser soviético e protagoniza cenas engraçadíssimas, com destaque para seu envolvimento romântico com Gaby.
O cenário da fronteira entre a Alemanha Oriental e a Ocidental é oportuno para que ocorram as primeiras cenas de ação, com a contextualização certeira em ambientes e trajes que sugerem diferenças entre os dois lados do país dividido até o fim dos anos 80. Os tiroteios e perseguições vão se tornando cada vez mais divertidos de acompanhar e isso não se deve aos exageros, mas à inteligência com que foram criadas, dando o aspecto que as tornam bem reais.
Talvez o aspecto mais impecável seja a trilha sonora, que se adéqua às sensações de cada pedacinho da história e deixa a gente com vontade de ouvir todas as faixas depois que o filme acaba. A música é tão gostosa de ouvir que se torna impossível sair do cinema sem acompanhar boa parte do letreiro que encerra a película.
Quem quiser conferir, é possível ouvir uma por uma nesta playlist que conta, inclusive, com a música do brasileiro Tom Zé intitulada “Jimmy Renda-se”.
Salvar o mundo nunca sai de moda