Crítica do filme O Espelho

Não acredite nos seus olhos

por
Fábio Jordan

03 de Julho de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

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Eu sou fascinado por filmes de terror. É curioso como imagens em sequência e determinados sons (mesmo aqueles mais clichês) enganam nossa mente, fazendo com que muita gente fique realmente amedrontado com algo que não é real.

É justamente por isso que sempre que sai um novo filme desse tipo, eu não perco tempo e corro para os cinemas. Dessa vez, tive o prazer de conferir o longa-metragem “O Espelho”, que, no Brasil, será distribuído para as principais salas de cinema pela Play Arte.

A história aqui é sobre os irmãos Tim (Brenton Thwaites, o príncipe Phillip de “Malévola”) e Kaylie (Karen Gillan, a Nebula de “Guardiões da Galáxia”) que cresceram com traumas após presenciarem a morte de seus pais, algo que eles acreditam ter relação com um antigo espelho.

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Agora, quando adultos, os dois resolvem voltar para a casa onde tudo aconteceu e fazer um experimento com o espelho. Uma ótima ideia, não é mesmo? A ideia é de Kaylie, que resolveu colocar várias câmeras na casa para provar ao mundo que o culpado dos assassinatos é o espelho.

O roteiro se desenvolve sobre a premissa de que os dois vão conseguir registrar em vídeo toda a malandragem do espelho e provar ao mundo que este objeto é amaldiçoado. Se você não quer spoilers, já adianto aqui que o filme cumpre bem seu papel como um longa de terror e pode ser uma ótima opção para quem gosta de ficar com medo.

Uma história bem construída

Apesar de o roteiro do filme ser relativamente simples (e você ter uma boa ideia do todo antes que as imagens apareçam), a forma como ele é apresentado é algo que torna “O Espelho” diferente do habitual. Ao mesmo tempo em que vemos Tim e Kaylie fazendo as gravações do espelho, o filme intercala cenas do passado, revelando o que aconteceu com os pais dos dois.

O modo como isso é feito é algo que ajuda a deixar o espectador sempre ligado, pois, como estamos tratando do mesmo cenário, apenas os personagens que são apresentados é que mudam na telona. Em um momento, vemos os dois adultos divagando, noutro já nos deparamos com alguma memória de quando eles eram crianças e estavam vendo alguma ação maligna do tal espelho.

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Para ser sincero, a história do passado é ainda mais interessante do que a do presente, já que temos mais personagens e um contexto maior para entender o caso. O filme tem um jogo de câmeras bem legal, sendo que muitas cenas são construídas de forma contínua, evitando cortes e garantindo uma fluidez que garante que o espectador não pisque.

É no decorrer da história do passado que compreendemos o que o espelho realmente pode fazer e isso fica cada vez mais legal, já que, aos poucos, dá pra ver que o objeto misterioso não perdeu seus poderes e é ainda mais malandro no presente.

A ideia de usar aparelhos tecnológicos para driblar os truques do espelho é bem legal, pois, além de ser um diferencial, garante que o público consiga ver o que realmente está acontecendo. Isso é muito importante, visto que depois de alguns minutos de filme você já não vai saber o que é ilusão e  o que é realidade. De fato, não dá pra confiar nos seus olhos.

Poucos sustos, mas tensão constante

Como todo filme de terror, a graça da coisa está nas cenas que dão medo, algo que geralmente é construído com o uso de algumas técnicas já manjadas — como aquelas cenas em que um demônio pula na tela e o som faz a sua parte em fazer a galera pular da poltrona.

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Entretanto, para a felicidade geral da nação, “O Espelho” não fica apelando para esse tipo de recurso. O filme tem sim suas assombrações e eles vão aparecer em momentos propícios, mas são poucas as situações em que você vai realmente ficar amedrontado.

A tática usada no filme é muito mais de suspense do que de terror, o que, na verdade, é perfeito para fugir do clichê. Enquanto todo mundo espera para ter as mesmas surpresas quando a câmera dá aquela guinada, o filme surpreende ao evitar isso e manter o espectador sempre esperando pelo pior.

O clima de tensão é constante, ainda mais com as excelentes ideias na parte sonora. Há muitas cenas que não tem um único barulho de fundo, mas há momentos específicos em que recursos de áudio sinistros são utilizados para fazer você ficar de olho em toda parte da tela.

As atuações de Thwaites e Gillan cabem na medida, sendo que os dois representam bem tanto nas cenas de raciocínio quanto nos momentos de desespero. Não vamos colocar aqui em discussão a questão das personalidades, já que o uso de personagens bobinhos (que resolvem mexer com o que não devem) é algo de praxe em filmes do gênero.

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Os atores mirins (Annalise Basso e Garrett Ryan) é que surpreendem, já que lidam com situações apavorantes e conseguem demonstrar desespero. A mãe (Katee Sackhoff) e o pai (Rory Cochrane) das crianças aparecem em boa parte do filme. Cochrane não é lá um grande ator, mas Sackhoff ganha destaque por sua atuação.

Mesmo sendo uma produção de baixo orçamento, “O Espelho” se sai muito melhor do que outros filmes de terror que têm aparecido nos cinemas. Você não vai levar muitos sustos, mas também não vai ficar decepcionado, pois há sim uma grande quantidade de coisas sinistras para impressionar sua mente. Se puder, veja o filme no cinema, pois o clima de medo é ainda maior.

Fonte das imagens: Divulgação/