Crítica do filme O Lobo de Wall Street
Insanidade é a palavra de ordem!
A essa altura do campeonato, você já deve ter percebido que “O Lobo de Wall Street” é mais uma grande obra de Martin Scorsese. Deixe-me adiantar que o filme que está concorrendo em três categorias do Oscar e teve algumas indicações no Globo do Ouro (com uma estatueta garantida para Leonardo DiCaprio) é simplesmente hilário e genial.
Fazia tempo que eu não dava tanta risada no cinema. Ao contrário de outras tantas biografias, a história de Jordan Belfort tem muito mais comédia do que drama, e é justamente isso que faz do filme um título imperdível. Não se trata de mais uma chatice sobre Wall Street e o mercado de corretagem. A ideia é mostrar o lado rico e despudorado do mundo do dinheiro.
Bom, para você que não faz a mínima ideia sobre o que se trata o filme, vou começar dando uma pincelada na sinopse. Jordan Belfort (DiCaprio) é um cara bonito que venceu na vida. Ele começou sua vida como estagiário em Wall Street. Ali, ele conhece um figurão Mark Hanna (Matthew McConaughey) que nos presenteia com o belo “canto do dinheiro”. Aliás, uma pena que a participação de McConaughey seja tão curta.
Um ano depois, Belfort vira corretor de títulos, mas acaba se dando mal quando a bolsa norte-americana entra em decadência. Buscando uma forma de ganhar dinheiro fácil em sua área, Belfort começou a atuar no mercado de ações de baixo valor (com empresas que ainda estão começando e não valem absolutamente nada).
Ele é um gênio. Sabe ludibriar as pessoas como ninguém. Logo, ele abre a Stratton Oakmont, empresa composta por vários trambiques, incluindo Jonah Hill, P.J. Byrne e Jon Bernthal (o Shane do Walking Dead). Esse grupinho apronta todas de montão e entra em altas confusões. Sério, o filme é putaria do começo ao fim, não é por acaso que é só para maiores de 18 anos.
Tudo no filme se resume a drogas, prostituição, bebidas, dinheiro infinito, sexo, sacanagem, lavagem de dinheiro, mais drogas, remédios ilegais (que são drogas), gente bonita e deliciosa, piadas cretinas, muita brincadeira gostosa, um bocado mais de drogas, situações bizarras e inacreditáveis e, para finalizar, uma pitadinha de drama — com um tanto de drogas.
Até uma determinada parte do filme, os fatos são contados em ordem inversa e, depois de um determinado ponto, o enrede se dá em ordem cronológica. Durante toda a película, Belfort vai falando com o público e dando explicações sucintas sobre o mercado de ações e essas coisas que pouca gente entende. Funciona muito bem. Dá para entender e dar muita risada.
Leonardo DiCaprio manda muito bem em todas as cenas. O cara parece um verdadeiro milionário (ok, ele é milionário) que torra o dinheiro em muita besteira e faz o que muita gente queria fazer: levar uma vida de fanfarronice e muita diversão. Pode parecer fácil, mas tem muita cena que deixa a gente impressionado.
O cara consegue ir do milionário vida loca para o coitadinho que está prestes a perder tudo. DiCaprio é versátil, gênio, insano, drogado, engraçado e lindão (também, ele nem precisa fazer esforço). Enfim, não há dúvidas de que ele merece Oscar e outros tantos prêmios. Leo e Martin — sim, nós somos íntimos — já trabalharam juntos na Ilha do Medo e provaram novamente que são uma boa dupla.
Felizmente, o restante do time escolhido se adequa perfeitamente ao filme. Muitos fazem apenas algumas pontas, mas a esposa (Margot Robbie) de Jordan e o amigão (Jonah Hill) dele mostram muita capacidade. Hill inclusive está concorrendo como melhor ator coadjuvante ao Oscar. Nada mais justo, ele também surpreende em vários momentos.
A trilha do filme acompanha o ritmo da insanidade. Cada faixa foi muito bem escolhida e se encaixa bem com a proposta. Ainda que abuse muito de faixas comerciais, creio que o resultado geral ficou muito bom. O tema principal é ótimo, mas é claro que o grande destaque é o canto do dinheiro (é impossível sair da sala de cinema e não lembrar dessa música).
Enfim, não importa o quanto eu escreva, pois não dá para expressar o quão genial é esse filme. Não posso dizer que ele merece a estatueta de melhor filme (pois não vi muitos da lista), mas ele merece estar entre os indicados. Fotografia, enquadramentos e outros tantos detalhes técnicos são muito bem pensados — é óbvio né, estamos falando de Scorscese.
Se você está pensando em ir ao cinema e quer dar muita risada, com certeza “O Lobo de Wall Street” é a escolha perfeita. O filme é enorme, mas cada momento vale a pena.