Crítica O Mistério Do Relógio na Parede
Magia para uma nova geração
Você que tem seus vinte e tantos anos ou quase trinta provavelmente deve se lembrar com carinho de filmes como “Gasparzinho”, “A Família Adamms” e “Edward Mãos de Tesoura”. Esses e outros tantos títulos marcaram época com inúmeras exibições na Sessão da Tarde.
Eram obras com uma pitada de suspense, um bocado de magia e uma boa dose de comédia. Uma receita equilibrada com esses elementos, que nos fazia acreditar no lúdico e nos encantava na mesma proporção em que, às vezes, nos assustava.
De lá para cá, uma ou outra obra conseguiu trazer o tom de mistério de volta às telonas, mas já fazia algum tempo que não víamos essa magia enchendo os olhos das crianças — e de alguns adultos, é claro. Assim, a chegada de “O Mistério Do Relógio na Parede” aparece como um passe de mágica para nos encantar com um belo universo cheio de surpresas.
Na história deste filme, conhecemos o pequeno Lewis (Owen Vaccaro), um menino de apenas 10 anos, que acaba de perder os pais e vai morar com seu tio Jonathan Barnavelt (Jack Black). O que o jovem não tem ideia é que seu tio e a vizinha da casa ao lado, a senhora Zimmerman (Cate Blanchett), são, na verdade, feiticeiros.
Agora, conforme o garoto descobre alguns segredos de seus novos amigos, ele também acaba sendo devorado pela enxurrada de novidades da sua nova casa. No meio de tantas novidades, fica um mistério incômodo: um tique-taque constante que parece vir de dentro das paredes. O que seria este barulho? O que seu tio anda escondendo?
Bom, sem entrar muito no mérito da história, é bom ressaltar logo de cara que “O Mistério Do Relógio na Parede” é um filme bonito, que nos faz querer fazer parte deste universo de feitiços. Assim como o jovem Lewis é levado a novas descobertas, a plateia também é tomada de surpresa por cada situação que ocupa um espacinho no roteiro.
Com efeitos especiais competentes e uma direção que colabora para mostrar esse lado místico da casa do tio Jonathan, o filme consegue prender nossa atenção a todo instante e dar alguns sustos bem legais a cada novo cômodo explorado na residência. É claro que o fator novidade contribui muito também, afinal não estamos falando de um episódio de uma franquia.
Agora, se roteiro e direção conversam bem para a magia funcionar, é a direção de arte e a fotografia que fazem o truque acontecer de verdade. O trabalho na concepção dos cenários, no figurino e na maquiagem torna o resultado final simplesmente incrível. Com uma mistura afinada de cores vivas e penumbras, o clima de suspense se torna convidativo e charmoso.
É bom notar, contudo, que as reviravoltas do roteiro não mantêm o espectador refém no mesmo ambiente, de modo que somos levados a conhecer outros cenários sinistros da história. O clima não é de terror, sendo que o filme deve ser tranquilo para crianças com mais de 10 anos e ainda bem aceitável para os mais velhos.
A produção de “O Mistério Do Relógio na Parede” é suficiente para nos conquistar nos detalhes, mas é a história com boas surpresas — apesar do ritmo descompassado — e as boas atuações que deixam o resultado final ainda mais consistente.
A história é quase que toda centrada em Lewis, o que acaba sendo um tanto maçante pelo personagem um tanto carente e repetitivo em suas ações. O ator mirim Owen Vaccaro também não é alguém tão carismático, o que acaba deixando a gente até um tanto impaciente para ver capítulos mais emocionantes.
Todavia, o garotinho é bem curioso e quando contracena com a dupla Cate Blanchett e Jack Black, temos uma história conduzida de forma magistral, sem deixar o script cair no tom de monotonia. O resultado é um filme que tem altos e baixos, mas que ainda deve convencer pelo tom atraente da magia, do inusitado, do novo.
No fim das contas, “O Mistério Do Relógio na Parede” pode não ser um filme genial, mas é uma boa pedida para a criançada e deve ser um filme que vai conquistar gerações futuras ao fazer parte do catálogo da Sessão da Tarde. Uma boa pedida para relembrar bons tempos de filmes fantasiosos com um toque de novidade e comer uma pipoquinha com a família.
Você vai se arrepiar com o tique-taque dessa casa