Crítica do filme O Sono da Morte

O sono da razão produz monstros

por
Thiago Moura

01 de Setembro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Play Arte
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Para começar, é preciso baixar as expectativas antes de assistir “O Sono da Morte”. Se você viu os trailers e está esperando um filme terror, esqueça. O próprio diretor Mike Flanagan revelou, em entrevista, que não concorda com o marketing do filme, que insiste em vendê-lo como um filme de terror. Para ele, o longa é uma fábula ou, no máximo, um drama sobrenatural.

Então não espere ficar com medo, pois vai no máximo se assustar em algumas cenas. Vou evitar ao máximo revelar detalhes demais sobre a trama, para não estragar a experiência de quem ainda não viu.

Borboletas e fantasmas

Cody (Jacob Tremblay) é um garoto de oito anos que perdeu sua mãe quando era pequeno, e diz não se lembrar dela. Ele é levado para um orfanato, mas sua adoção é problemática. Cody é adotado por três famílias diferentes, mas sempre é mandado de volta. Então, Mark (Thomas Jane) e Jessie (Kate Bosworth) são chamados ao orfanato e indicados para adotá-lo, pois estão tentando superar a morte de seu filho Sean, mais ou menos da mesma idade.

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Eles são avisados que Cody tem problemas para dormir, passando noites em claro especialmente porque ele toma diversas bebidas a base de cafeína, exatamente porque não pode dormir. O motivo é que quando ele dorme, seus sonhos e pesadelos se tornam realidade, e se manifestam pela casa interagindo com seus moradores.

Algo recorrente nos sonhos de Cody são borboletas, especialmente azuis. E em seus pesadelos,  uma espécie de demônio magro e meio caricato chamado Cankerman, ou Homem Cancro, sussura em seu ouvido dizendo que nunca vai abandoná-lo, ou melhor, que está sempre com ele. E essa é a figura que Cody teme ao dormir, pois ela devora seres humanos, inclusive alguns dos pais adotivos anteriores.

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Tudo isso tem um motivo, e as regras são colocadas logo no começo, então não é tão complicado juntar as peças para chegar a conclusão. A parte final do filme é literalmente uma explicação do motivo de tudo que acontece com Cody, ou quase tudo. Não existe uma razão específica para os sonhos do menino se tornarem reais, e todos os personagens parecem aceitar isso de uma forma bem natural. Existem outros pontos falhos, mas não vou mencioná-los para evitar o spoiler.

Dentro desse drama sobrenatural, o que realmente se destaca é a melhor criança do mundo cinematográfico, Jacob Tremblay. Para quem assistiu “O Quarto de Jack” já sabe o que esperar de sua atuação, e a base da história é mais ou menos parecida. Se em algum momento você se emocionar, será por conta desse menino incrível.

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Falando nisso, o filme tenta manipular as emoções do espectador, mas possivelmente só afete pessoas que perderam seus filhos ou algum ente querido de forma trágica, e isso é um golpe baixo muito mal aplicado.

É terror, mas não é?

A narrativa possui todos os elementos da fórmula de filmes de “terror”: criança morta embaixo da cama, camera tirando o personagem de foco apenas para revelar o fantasma atrás dele em seguida e assim por diante. Os possíveis sustos proporcionados são todos jump scares bem previsíveis.

Pra ajudar a piorar, os efeitos visuais ficaram um pouco abaixo da média. Talvez seja a tentativa de forçar o público a acreditar que aqueles momentos são apenas sonhos, mas é difícil se sentir imerso nessas situações. A possível exceção são os “fantasmas”, que até ficaram como uma aparência bem sinistra, mas são utilizados apenas nas jump scares e são facilmente superados.

Por fim, não espere nada incrível ou assustador, mas uma fábula fantástica sobre família e superação de traumas, além da aceitação necessária para que mudanças positivas aconteçam. Como um conto de fadas, o filme é interessante, então vale a pena conferir nem que seja para matar a curiosidade.

Fonte das imagens: Divulgação/Play Arte

O Sono da Morte

Quando os sonhos e pesadelos ganham vida

Diretor: Mike Flanagan
Duração: 100 min
Estreia: 1 / set / 2016
Thiago Moura

Curto as parada massa.