Crítica do filme Ouija: Origem do Mal

Quer falar com os espíritos? Eles também

por
Thiago Moura

21 de Outubro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Universal Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

☕ Home 💬 Críticas 🎭 Opinião

Já disse isso anteriormente, mas vou reforçar. Eu odeio filmes de terror, pelo simples motivo que eu realmente acredito em toda essa baboseira. Sim, eu sei que é tudo para assustar um público ávido por emoções, que o exagero e apelo visual estão ali exatamente para isso, mas simplesmente não consigo evitar. Isso posto, devo dizer que morri de medo enquanto assistia, mas sei que os fãs do gênero são mais exigentes que eu nesse quesito, então prometo me segurar.

Ouija: Origem do Mal” se propõem a explicar os eventos do filme predecessor ”Ouija - O Jogo dos Espíritos”, porém a Origem me parece superior em diversos sentidos, e pode muito bem ser entendido como um filme só. A começar pela época em que se passa, em 1965, com estética retrô tão característica dos filmes de terror que povoam a mente dos fãs do gênero, toda a decoração, objetos, casarão antigo e roupas já remetem a fantasmas, ou pelo menos que tem algo estranho por ali.

A história gira em torno da família Zander, com a mãe viúva Alice ((Elizabeth Reaser), a adolescente Paulina, ou Lina (Annalise Basso) e a garotinha sinistra de 9 anos Doris (Lulu Wilson). É seguro dizer que o brilhantismo da pequena Lulu é uma das bases do filme, toda a atuação dessa criança é o que vai arrepiar a nuca do público.

Como amigos nos reunimos...

Alice é uma médium de mentira que atende em casa, usando suas filhas como auxiliares durante as sessões, principalmente para ajudar a enganar os clientes enquanto contata os mortos. Como a grana está apertada desde a morte de seu marido, ela não vê isso como enganação, mas sim como um alívio para as pessoas que perderam seus entes queridos. Para ajudar a deixar as sessões mais convincentes, Alice compra um tabuleiro Ouija. Mesmo sem botar muita fé na função do tabuleiro, ela faz um teste tentando contatar seu falecido marido, mas o resultado é decepcionante.

Isso não é apenas um bocejo

Isso não é apenas um bocejo.

Porém, o jogo se mostra um genuíno vínculo com o mundo espiritual, com a pequena Doris conseguindo se comunicar com seus “novos amigos”, algo que encanta sua mãe e deixa sua irmã muito preocupada. O interessante é ver a progressão do filme durante as sessões seguintes, lentamente mostrando que existem sim espíritos ali, mas que talvez não sejam exatamente o que se esperava.

Doris passa a apresentar comportamentos estranhos, como escrever um diário póstumo em Polonês e passar por bizarras transformações físicas. A situação chama a atenção do Padre Tom (Henry Thomas), diretor da escola católica que as garotas frequentam, então ele decide ir até a casa para investigar o que está acontecendo. Então as coisas ficam realmente sinistras...

...com corações sinceros...

720 a6b94

Ouija: Origem do Mal, possui todos os elementos clássicos que se espera de um filme desse tipo. O problema é que são tantos que o tabuleiro em si passa a ser um instrumento secundário, pois todos as assombrações se desenvolvem independentes do jogo. A possessão de Doris é lenta e progressiva, mas na parte final ela já está andando pelas paredes e jogando pessoas pela casa apenas com a mente. Particularmente achei exagerado esse encerramento, pois durante todo o filme a sensação de medo era infinitamente maior, ainda que em diversos momentos as cenas fossem bem explícitas.

O diretor Mike Flanagan começa com uma força narrativa e estilística enorme, mas parece ceder lentamente a conhecidas fórmulas, talvez para satisfazer o público. Nesse sentido, o filme é recheado de erros, sendo apenas mais um filme facilmente esquecível. Porém, nessa conta não podemos incluir a parte técnica. A construção das cenas, enquadramentos, as aparições através do tabuleiro e todas as cenas de “susto” são habilmente apresentadas, com a possível exceção da parte final, como já foi citado.

... espíritos próximos, chamamos a vocês! (Não)

O filme possui ligação com o de 2014, mas é tão sutil e de certa forma irrelevante que não parece fazer diferença. Para os fãs mais ávidos, vale a pena ficar até o final para conferir uma pequena narrativa que conecta os dois filmes. De uma forma geral, vale a pena assistir “Ouija: Origem do Mal”, mas como sempre, sem muitas pretensões.

Por fim, preciso dizer que não se deve brincar com essas coisas! O tabuleiro de Ouija tem três regras simples (no filme), e quem assistir vai notar que elas não são cumpridas, exatamente por essa razão que a coisa toda desanda e deu no que deu.
Evitem possessões demoníacas, e até a próxima!

Fonte das imagens: Divulgação/Universal Pictures

Ouija: Origem do Mal

Quer falar com os espíritos? Eles também querem falar com você!

Diretor: Mike Flanagan
Duração: 99 min
Estreia: 20 / out / 2016
Thiago Moura

Curto as parada massa.