Crítica do filme Passageiros

Embarcando em uma canoa furada

por
Lu Belin

15 de Setembro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Imagem Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Dez pessoas sobrevivem à queda de um avião. Imediatamente, a jovem psiquiatra Claire (Anne Hathaway) é chamada por seu chefe Perry (Andre Braugher) para acompanhar os passageiros que conseguiram escapar com vida da tragédia e que, compreensivelmente, estão transtornados. 

Em um clima de suspense, muito mais do que de tensão ou qualquer outra coisa, Claire começa a conhecer os sobreviventes, o que aguça sua curiosidade – mas nem um pouco seu desconfiômetro.

Entre as pessoas deste grupo está Eric (Patrick Wilson), um jovem executivo que é, de longe, o mais misterioso dos remanescentes. Além de recusar o tratamento com a psiquiatra, ele demonstra estar muito alegre e conformado para alguém que acabou de vivenciar uma experiência trágica e sobreviver a um acidente que matou centenas de pessoas.

Quando coisas estranhas começam a acontecer e pessoas esquisitas passam a ter atitudes bizarras e improváveis, Claire percebe que pode ter muito mais por trás do acidente do que ela imagina.

Qualidade em queda livre

Admita, eu falei em queda de avião, sobreviventes e coisas bizarras e você já relacionou isso com ilha deserta, organização secreta e aquele auê todo de Lost. Se você é uma das pessoas que se decepcionou com o final da série e que não curte muito coisas sem grandes explicações, ou ainda, se um roteiro consistente e personagens bem construídos são fatores que lhe importam em um filme, larga essa vida de “Passageiros” e vai ver outra coisa.

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Dirigido por Rodrigo García (que, de acordo com o IMDB, pelo jeito curte fazer umas séries com nome de mulher), o longa-metragem tem roteiro de Ronnie Christensen, ambos com poucas grandes produções no currículo. 

Mas este, meus amigos, é um verdadeiro desperdício do talento de atores como Andre Braugher e Anne Hathaway. O plot até parece interessante, tanto que nos fez clicar no play lá no Netflix. Mas desde as primeiras cenas o roteiro já começa a demonstrar alguns furos e inconsistências.

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E não é nem questão de deixar o mistério no ar pra você preencher com a sua criatividade, coisas que alguns filmes conseguem fazer muito bem. É pura falta de explicação mesmo. A começar pela protagonista, que merece uma leitura um pouco mais detalhada. 

A pior psiquiatra que já existiu

Claire é o clichê cinematográfica da psicóloga que não consegue sequer resolver seus próprios problemas, que dirá ajudar os pacientes. O longa-metragem dá a entender que, por algum motivo que desconhecemos, ela está afastada da prática clínica e se dedica a dois mestrados e a um PHD, e que o atendimento aos sobreviventes é uma forma de fazer com que ela reviva esse lado da carreira.

O problema é que ela faz isso incrivelmente mal, mas não só porque a personagem é retratada como, de certa forma, incompetente. As cenas em que ela aparece atendendo os personagens são predominantemente esquisitas, não há outra palavra. 

As sessões são, ora coletivas, ora individuais, e Claire termina sempre encurralada pelos pacientes, além de, obviamente, se envolver emocionalmente com Eric. Mas, acima de tudo, me digam que tipo de psiquiatra em sã consciência entra num carro pra perseguir algo misterioso quando um paciente pede? Ou abre a porta de casa para um paciente psiquiátrico sozinha no meio da noite?

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A personagem segue tomando atitudes impensadas e se colocando em situações de risco que vão contra algumas regras de ética da profissão, sem falar do bom senso. E não apenas ela. Em geral, são personagens fracos com histórias superficiais e que não se sustentam, o que vale para o roteiro e a forma como ele se desenrola.

Exposivo #sqn

O que também não se sustenta é parte técnica do filme. As cenas da queda do avião são bastante fracas e incoerentes, além de faltar capricho da produção na hora do desmonte da aeronave.

Em geral, são personagens fracos com histórias superficiais e que não se sustentam.

Com figurino bem simples e nada de muito chamativo também na parte de maquiagem e ambientação, sobrariam mesmo as cenas do acidente como destaque, e nessa parte faltou capricho.

O que se salva é a trilha sonora, que até tenta contribuir pra nos deixar tensos ou angustiados com a situação, mas trilha sozinha não faz verão, e “Passageiros” não convence. De longe, um dos piores filmes que eu vi recentemente. E olha que não faz muito tempo que eu fui ao cinema pra assistir “Contrato Vitalício”.

Fonte das imagens: Divulgação/Imagem Filmes

Passageiros

Sobreviventes de uma queda de avião precisam lidar com o trauma

Diretor: Rodrigo García
Duração: 93 min
Estreia: 27 / mar / 2009
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.