Crítica do filme Perfeita é a Mãe

A prova de que reflexão também pode divertir

por
Lu Belin

19 de Fevereiro de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Diamond Films
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Amy (Mila Kunis) não aguenta mais. Ela consegue se virar muito bem sozinha para tomar conta dos filhos Jane (Oona Laurence) e Dylan (Emjay Antony) e realizar todas as infinitas tarefas (algumas meio sem sentido) que a escola dos pequenos pede, as atividades extracurriculares das crias, as demandas do escritório no qual trabalha e tudo mais.

Até aí, tudo bem... Mas, além de tudo isso, ser um pouco mãe do marido Mike (David Walton) já é demais.

Assim como muitas mulheres, Amy, a protagonista de "Perfeita é a Mãe" faz o que pode - e isso já é muito! Mas, para o universo das aparências, parece que não é suficiente. E aí um dia ela se cansa e tem um piti bem no meio de uma reunião da Associação de Pais, onde a chefona Gwendolyn (Christina Applegate) está ditando mais e mais regras.

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A honesta explosão de Amy acaba ganhando o coração da fofa Kiki (Kristen Bell) e da ousada Carla (Kathryn Hahn), mães que, à sua forma, também não aguentam mais.

Largando os bets

Essa quase "desistência" de alcançar a perfeição é o plot principal de "Perfeita é a Mãe", que se aproveita de diálogos e situações um tanto clichês, porém divertidíssimas, para passar uma mensagem sensacional às nossas matronas: tá tudo bem, você é incrível do jeito que você é, respira, vai dar tudo certo.

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Será que não estamos exigindo demais das nossas mulheres com tantas reuniões de pais, tantas restrições, tantas regras e requisitos o tempo inteiro, tanta padronização?

E a grande sacada deste longa-metragem 18+ é não ter papas na língua para abordar esse assunto de um jeito totalmente livre de textões. É nas explosões das mulheres envolvidas, nas situações hilárias (e um tanto humilhantes, às vezes), nos momentos de mais risadas que os roteiristas e diretores Jon Lucas e Scott Moore plantam essa relexão.

Quantas vezes a mulher abandona ela mesma, a cada dia um pouco mais, por conta da maternidade? Quantas vezes deixa de ter amigas e passa a enxergar nas outras mães mais do que uma inspiração, uma concorrência? Quantas mulheres deixam de lado sua sexualidade ou deixam de se sentir belas e atraentes porque se anulam em virtude da rotina?

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Vários pontos com um olhar muito característico feminino, por isso é uma pena não terem envolvido mulheres nessa parada, teria sido legal se elas também tivessem participado na hora de bolar o filme.

Cada um tem a atriz e a mãe que merece

O casting de "Perfeita é a Mãe" foi super bem feito, já que as atrizes escolhidas atendem super bem ao que cada papel pede. Mila Kunis parece ter sido feita para as comédias no estilo e embarca muito bem na jornada de Amy.

Mas as palmas mesmo vão para Kathryn Hahn. Carla é aquela pessoa que tira todas as mães da zona de conforto: desleixada, largada, um bom tanto relapsa e sedutora, provocante de um jeito meio tosco, mas engraçadíssima.

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É claro que o filme se baseia bastante em clichês e talvez os estereótipos que fundamentam as três personagens seja o maior deles. Contudo, diferente de muitas comédias do tipo, ele consegue evitar vários deslizes bastante comuns ao gênero.

São poucas as piadas gordofóbicas ou homofóbicas, por exemplo, e, ao contrário de incentivar padrões inexistentes, ele questiona vários. O próprio andamento e desfecho do roteiro também quebram um pouco a expectativa.

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No que diz respeito aos aspectos técnicos, o filme não é nem se propõe a ser brilhante. A trilha sonora é divertida e condizente com a proposta, contribuindo para dar o tom de comédia e o ritmo que se quer com a produção, mas é só isso.

De fotografia, figurino e maquiagem, também não é nada demais, é uma realização bastante mediana. A graça de "Perfeita é a Mãe" reside mesmo no elenco e no roteiro, que atendem às expectativas, divertem e deixam ali uma mensagem bacana de um jeito engraçado. Recomendado!

Fonte das imagens: Divulgação/Diamond Films

Perfeita É A Mãe!

Quando foi que inventaram tantas regras?

Diretor: Jon Lucas, Scott Moore
Duração: 100 min
Estreia: 25 / ago / 2016
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.