Crítica do filme Power Rangers
Tem a força, são heróis!
Mais um momento nostálgico para as crianças dos anos 90 que assistiam os desenhos de manhã. Dispensando apresentações, a série “Power Rangers” foi inspirada no tokusatsus japoneses, uma mistura de ação, aventura, comédia e efeitos exagerados, além de muita cor e explosões.
Décadas depois, os heróis que antes vestiam colãs e capacetes, agora possuem armaduras brilhantes e um tom mais escuro e menos espalhafatoso. Nessa nova roupagem, não existe muita novidade na trama, mas muitas referências a série e uma franquia com muito potencial para futuros filmes.
Após milhares de anos, a sinistra Rita Repulsa (Elizabeth Banks) está livre novamente e pretende conquistar o mundo. Para tentar impedi-la, Zordon (Bryan Cranston) precisa da ajuda de cinco adolescentes capazes de se tornarem os Power Rangers para proteger o planeta.
Se você mal pode esperar pela hora de morfar, tenha paciência. É um filme de origem, já estão planejadas 5 sequências de filmes para os heróis multicoloridos mostrarem suas armaduras, zords e toda a mitologia, e muita coisa pode ser explorada dentro da franquia. Por enquanto, Power Rangers é focado nos adolescentes e em seu amadurecimento. Tudo gira em torno de como eles precisam resolver seus problemas pessoais antes de conseguirem morfar e defender a Alameda dos Anjos.
Começamos com o líder Vermelho, Jason Scott (Dacre Montgomery), o garoto mais popular da escola e ex-estrela do time de futebol americano, expulso do time após um incidente bizarro. A Ranger Rosa, Kimberly Hart (Naomi Scott), também superpopular e malvada o suficiente para vazar os nudes das amigas. O Ranger Preto, Zack Taylor (Ludi Lin), que demonstra ser um rebelde cheio de atitudes inconsequentes, mas cuida de sua mãe doente.
A Ranger Amarela, Trini Kwan (Becky G), não fala muito e é considerada “a novata estranha”. Ela tem um destaque por ser homosexual, o que é interessante nos tempos atuais, porém isso é revelado em uma cena em que perguntam pra ela do nada se ela gosta de garotas, ela só responde que não gosta de rótulos...
Seria um diálogo normal na vida real, mas fica desconexo e pálido dentro do filme, a ideia está ali, mas não afirmada. De qualquer forma o filme tenta representar diversas culturas diferentes, como o melhor personagem do filme, o eternamente zoado Ranger Azul, Billy Cranston (RJ Cyler). um gênio que está no espectro autista, e responsável por praticamente todo o desenvolvimento da história, assim como os momentos mais engraçados.
Fica claro que o diretor Dean Israelite quis representar a diversidade e os dramas dos adolescentes, mas acaba virando um grande clichê com personagens estereotipados. A comparação com o excelente “Clube dos Cinco” é inevitável, pois alguns até se conhecem na detenção, só falta tocar Simple Minds.
Falando em música, a inesquecível “Go Go Power Rangers“ está presente sim, mas parece tão deslocada que quase não faz sentido, mas como estamos falando de adolescentes em robôs com formas de dinossauro brigando contra um demônio feito de ouro, acho que tudo bem. Até alguns atores da série original fazem uma pequena participação, mas que não vai passar em Branco pelos fãs.
A única forma de aproveitar realmente o filme é baixando totalmente suas expectativas e abraçando a zoeira. Em comparação a série, o filme realmente tenta ser mais maduro, buscando algumas explicações (ainda que vagas) para a função e responsabilidades dos Rangers e objetivos dos vilões, cores menos saturadas e um amadurecimento dos personagens, mas tenta traçar um paralelo constante com o material original.
Apenas no terceiro ato é que a coisa toda pega fogo, e é onde as crianças de todas as idades vão se sentir em casa. Eles conseguem até fazer uma piada com "Transformers"! Esperamos que a série amadureça nas sequências, pois esse primeiro filme é marcado por falta de originalidade e previsibilidade.
Existe uma cena pós-crédito, onde o professor da detenção grita o nome Tommy Oliver, mas a cena só mostra uma jaqueta verde em uma carteira vazia, uma referência gritante ao Ranger Verde. É certo que a franquia busca agradar os fãs nostálgicos, e talvez chamar atenção dos mais novos com brinquedos e muita explosão, e esse gancho para uma nova aventura promete ser mais interessante que essa origem.
Juntos eles formam o poderoso Megazord!
