Crítica de The Rover - A Caçada
Road Movie Australiano bem visceral
Dez anos após um colapso econômico global, um homem (Guy Pearce) sem piedade persegue a gangue que roubou seu carro no interior da Autralia. Durante a perseguição, ele consegue capturar o irmão (Robert Pattinson) de um dos bandidos. Agora, os dois, de forma inesperada, vão se unir em uma jornada perigosa para todos. Essa é a proposta de The Rover - A Caçada, um filme com muita poeira, sol na cara, suor e sujeira em geral.
A história é mostrada lentamente, porém de forma bem intensa, similar ao clima do deserto. Aliás, o filme consegue transmitir exatamente a sensação de cada personagem. É possível sentir tudo que eles estão passando, o que é de certa forma agoniante.
Pouquissímos diálogos são apresentados, sendo mais focado nas ações para desenvolver a trama. Tiros são disparados sem pensar muito, sangue e sujeira são comuns, e os protagonistas só querem seguir em frente e atingir seus objetivos, sem pensar muito em suas ações. Mas sem jamais esquecer uma morte, pois esse é o preço que se paga. The Rover não é um filme de ação desenfreada, você vai sentir cada tiro e saber exatamente onde ele acertou. E aqui não existem heróis, apenas pessoas sem esperança buscando apenas sobreviver.
A relação entre o solitário Eric (Guy Pearce) e o estranho ingênuo Rey (Robert Pattinson) é bem intrigante. Ambos fizeram um excelente trabalho, Pearce é amargurado, grosseiro e de poucas palavras, porém determinado. E Pattinson parece um mendigo viciado em crack, se mexendo de um jeito estranho, olhando do jeito Edward Cullen, mas parecendo um ser totalmente diferente e muito inocente.
Se você desconsiderar todas as pessoas bizarras que aparecem durante o filme, vai notar que é tudo muito realista, ainda que cruel. O clima de crueldade e alienação se misturam com medo e vulnerabilidade. A civilização como conhecemos não existe mais, agora só restou a sobrevivência.
Todas os cenários são incrivelmente bem escolhidos, em determinados momentos contrapondo a atmosfera áspera do filme, e em outros servindo como moldura para enfatizar ainda mais o sofrimento dos personagens. E falando em ênfase, a trilha sonora é absurdamente incômoda, como uma agulha embaixo da sua unha enquanto você arranha um quadro negro. E as músicas ajudam muito a transmitir a atmosfera desejada pelo diretor David Michôd.
Após o filme acabar, você ainda terá que lidar com essa realidade dura. Várias perguntas permanecem sem respostas, como o que causou o tal colapso. The Rover não é um filme para qualquer público, mas aqueles que buscam algo pós-apocalíptico focado mais na realidade, essa é uma ótima opção.
Tenha medo do homem que não tem nada a perder