Crítica do filme Sétimo
É, até que é um bom suspense
“Sétimo” é um filme argentino que conta com nomes expressivos do cinema do país, como é caso do ator Ricardo Darín e do diretor Patxi Amezcua. Caso você não saiba da história, aqui vai um pequeno resumo:
Sebastián (Darín) é um advogado de sucesso, que defende uma série de bandidos e não a pessoa mais sincera do mundo. Ele é ex-marido de Délia (Belén Rueda), de quem se separou por manter um caso com a sua melhor amiga por um ano.
O antigo casal tem dois filhos, chamados Luna e Luca. O pai é responsável por levar os garotos para a escola e normalmente deixa as crianças correrem por brincadeira, sempre cuidando deles de longe. Até o dia em que ele vai apostar corrida (indo de elevador e os pequenos pela escada) para poder ouvir um segredo da sua ex-mulher, algo prometido pelos seus filhos.
A bosta é que, ao chegar ao térreo, ele não encontra as crianças. Elas simplesmente sumiram sem deixar vestígios e tudo leva a crer que eles foram sequestrados. É aí que uma jornada agoniante começa para saber onde Luna e Luca estão e quem os levou.
O maior acerto de “Sétimo” é ter Ricardo Darín como protagonista, pois a sua atuação chama a atenção de quem está assistindo em diversos momentos chave. Nos primeiros minutos da produção, ele passa uma ótima impressão de um advogado meio canalha, bem sucedido e gente fina – aquele tipo de pessoa que você encontra no bar, mas tá tomando uma cerveja bem mais cara do que a sua e ele sabe disso. A antipatia é imediata e isso é bom, simplesmente porque ele é capaz de te convencer.
Logo que ele entra em casa, o ator se transforma em um pai apaixonado e transmite um carinho muito grande pelos filhos, mostrando que uma pessoa (no caso, um personagem) tem várias facetas e é raro que elas sejam mostradas todas de uma vez. Mais uma vez: o ator convence. Quando a merda acontece com as crianças, aos poucos, as fachadas de pessoa segura desmorona e você fica bastante curioso para saber o que vai acontecer com Sebastián – principalmente quando ele começa a se desesperar.
Durante os acessos de raiva e desespero de Sebastián, ficamos sabendo de sua história com Dália e a antiga esposa dá ainda mais peso para a história. Os dois começam a suspeitar de diversas pessoas, você começa a achar que sacou a história, pensa que sabe onde as crianças estão, depois pensam que elas morreram. Isso tudo gera uma curiosidade grande e sadia, dá vontade de assistir ao filme até o final e desvendar esse mistério todo. É realmente empolgante.
O problema é que, um pouco depois da metade para o fim, a película perde o fôlego. Não vou entregar mais do enredo, mas as viradas na história são feitas de forma muito tranquila, sem tensão ou suspense, as coisas só vão acontecendo e ficar aquele ar de ‘aah, tá bom, então é isso’.
Por conta disso, apesar de o filme ser bonito, bem produzido e contar com ótimos atores, o final é decepcionante. O roteiro perde o ritmo de maneira impressionante e não faz com que os ‘plot-twists’ aconteçam de maneira superficial. No fim das contas, é uma produção ótima para se ver em casa, mas não do tipo de história que fica ecoando na cabeça.