Crítica do filme Ted 2
Legalizem Ted e outras drogas
Mais um filme ganha uma sequência, e com ele a chance de ser uma tremenda porcaria. Não é o caso de Ted 2, o ursinho de pelúcia que ganha vida para poder se drogar e fazer farra com seu amigo. Essa continuação promete agradar os fãs do primeiro filme e preenche uma lacuna de filmes sobre dois caras sentados o dia todo vendo TV e se drogando. Admita, você sabe que existem muitos filmes assim!
A história você provavelmente viu no trailer, Ted (Seth MacFarlane) e Tami-Lynn (Jessica Barth) se casam, todo mundo comemora e fica feliz, mas um ano depois o casamento não vai bem e uma sequência de problemas começam a aparecer. Pra tentar salvar o casamento, eles decidem ter um filho, mas como Ted é apenas um ursinho de pelúcia isso não é possível. Ted parte em busca de um doador para engravidar sua esposa, e depois de algumas tentativas absurdas e frustradas, seu melhor amigo John (Mark Wahlberg) resolve ajudá-lo.
O problema se agrava quando Tami-Lynn descobre que é infértil por conta de todas as drogas que ela usou na vida. Então eles tentam adotar uma criança, mas o pedido é negado porque O Estado decide que Ted não é uma pessoa, apenas um objeto, ou “propriedade” em termos legais. Isso faz com que o casamento seja invalidado, suas contas bancárias encerradas e a demissão de seu trabalho, deixando o ursinho basicamente sem nada.
E aí a parte chata do filme começa, Ted busca uma forma de ser reconhecido judicialmente como um ser humano. Mas como ele e John não tem grana suficiente pra nada, uma advogada júnior é designada ao caso, trabalhando apenas por experiência. Gollum Samantha (Amanda Seyfried) é novinha, não manja nada da cultura pop que Ted e John idolatram, mas ganha a confiança dos dois ao sacar um bong enorme e fumar maconha com eles. Toda história gira em torno dessa tentativa de provar que Ted é humano.
O primeiro filme é focado em John, deixando o ursinho como um coadjuvante em quase todas as situações, mas nessa continuação o papel se inverte. Porém o estilo do primeiro filme está bem marcado, Seth MacFarlane (a voz de Ted), diretor e criador de “Family Guy”, ou “Uma Famíla da Pesada” mantêm seu humor ácido e suas piadas características. Então se você não gostou do primeiro filme, obviamente não vai gostar desse. As piadas são sobre maconha, cultura pop – principalmente seriados e filmes – além de muita tiração com homossexuais, pintos e coisas relacionadas. Se você sente saudade da 5a série, vai até escorrer uma lágrima dos seus olhos.
Falando nisso, gostaria de ser mais chato ainda e pontuar que determinados pontos não foram coerentes. Claro que eu estou buscando coerência em um filme sobre um ursinho de pelúcia que se droga e é casado com uma mulher, e claro que é tudo licença poética para fazer os outros rirem. Enfim, enquanto Ted busca um doador para ser pai de seu filho, ele e John invadem a casa de Tom Brady, famoso jogador de futebol americano que atua como quarterback pelo New England Patriots na National Football League (NFL). Além disso ele é casado com Gisele Bündchen, ou seja, o cara é bom mesmo.
Eles invadem a casa em busca do esperma dourado, e pra isso ele precisa ser masturbado enquanto dorme. Ted obriga John a fazer isso, porque ele tem mãos humanas (!), e a frase “Você sabe que quer fazer isso” é dita por Ted, e John concorda relutante. A cena é engraçada por quebrar estereótipos de uma forma sutil e levemente surpreendente, mas mais adiante na história, tanto Ted quanto John se recusam a fumar a erva mais perfeita (segundo eles) porque o único Bong disponível tem o formato de um pinto gigante.
De qualquer forma, isso é endereçado a diversos enrustidos que pagam de machão. Apesar de tudo, o filme tenta colocar o expectador diante de temas polêmicos, como o uso de drogas e a opressão de minorias, mas isso é passado tão de leve que talvez não seja percebido da forma que merecia.
E pra fechar, Ted 2 conta com alguns nomes de peso. Dessa vez não temos a linda Mila Kunis, mas Amanda Seyfried acaba sendo uma substituição surpreendente, com uma personagem inteligente (na medida do possível) e não apenas um rostinho bonito. Liam Neeson tem uma breve e desnecessária participação, mas como sempre a presença de Morgan Freeman torna o filme mais respeitável. Vale apontar também a participação do amigo dos protagonistas Guy (Patrick Warburton), que aparece vestido como The Tick durante a Comic Con, personagem que ele dublava no falecido desenho homônimo (referência obscura, se você sacou isso você é muito nerd).
Ted é até divertido dentro de sua proposta, mas falha ao tentar ser sério e tornar tudo plausível pra nossa realidade, tanto que as cenas mais engraçadas são as que justamente não fazem o menor sentido, e se encaixariam perfeitamente em um episódio de Family Guy. Portanto, se você é fã desse tipo de humor, com certeza vai dar gostosas risadas no cinema.