Crítica do filme Rio 2
Passarinhada, sogrão chato e aventuras na Amazônia
No episódio anterior de Rio, conhecemos uma arara que veio dos Estados Unidos para o Brasil. Blu, o protagonista dessa história, teve de aprender a voar, a viver no Rio de Janeiro (que por sinal é o nome do filme), a conviver com amigos de gosto duvidoso e a se habituar ao barulho do carnaval.
Depois de tantas dificuldades, tudo deu certo. Quer dizer, seria o “felizes para sempre” se o Carlos Saldanha (diretor do primeiro filme), aproveitando o dinheirão que ganhou e tentando fazer ainda mais, não tivesse resolvido colocar nosso amigo azulzinho em mais uma enrascada danada.
Agora, em "Rio 2", Blu e Jade, a arara com quem ele teve três filhotinhos fofinhos, resolvem (como estamos falando de um casamento, é óbvio que foi ela quem resolveu) ir para a Amazônia para encontrar outros animais de sua espécie.
Ah é, antes que eu me esqueça, o filme se passa na Amazônia, então o título tá bem errado, mas tudo bem porque ninguém se importa com isso — só eu que sou chato.
Já dizia o ditado que “uma arara só não faz verão”, então para deixar o filme animado e fazer a criançada se divertir de montão, os roteiristas resolveram colocar os passarinhos sambistas e o tucano para participar dessa segunda aventura.
Além disso, os humanos que têm sua história desenvolvida em paralelo também fazem parte do enredo. Adicione aqui o inimigo do primeiro filme (que é claro que não morreu, porque isto é um filme para crianças), o cachorro babão e alguns personagens inéditos e você tem uma fórmula de sucesso.
Felizmente, o filme não fica só no “mais do mesmo” e há uma quantidade consideravelmente grande de novos personagens. Alguns são bem chatos (principalmente o pai da Jade), mas temos alguns animais pra lá de engraçados que deixam a película descontraída e com um ritmo tranquilo, evitando o excesso de drama e não exagerando nas piadas.
A arara-macho Roberto (Beto para os mais chegados) é sensacional. Canta bem, faz o estilo galã e manda bem em tudo. Além disso, ele tem papel fundamental na trama, tanto por ser um bicho sinistrão quanto por "dar em cima" de Jade.
A amiguinha de Nigel (aquela cacatua xarope) é uma das que deixa o filme bem interessante. A sapinha venenosa canta muito bem e tem uma paixão infinita pelo vilão, sendo que essas cenas que ela participa são bem divertidas. Alguns animais coadjuvantes (tartarugas, pernilongos e outros) que interagem com os pássaros do samba também garantem boas gargalhadas.
Por se tratar de um filme com um cenário tão belo como nossa floresta, não era de se duvidar que os visuais seriam estonteantes. De fato, a Blue Sky Studios caprichou nos gráficos, que imitam com perfeição a realidade e impressionam quem está acostumado com animações que não apelam muito para uma qualidade tão elevada de texturas e iluminação.
Todo esse esmero possibilitou a criação de cenários belíssimos que imitam perfeitamente a Amazônia. A selva densa, as árvores enormes, a diversidade de frutas, os rios, o pôr do sol e outras características garantem que o público fique maravilhado e se sinta dentro da floresta.
Os bichos também são bem comuns da região: tamanduá, boto cor-de-rosa, araras-vermelhas e outros tantos animais deixam o filme bem colorido e familiar. Contudo, nem tudo é perfeito. Há algumas cenas em que podemos ver um ou outro objeto com palavras em inglês, o que mostra que essa Amazônia retratada é meio fajuta.
Sem o ineditismo, a nova animação da Blue Sky vem apenas para fazer dinheiro. A história sem propósito, a temática de família um tanto cansativa e até um ou outro furo acabam deixando o filme enrolado e previsível. O filme está longe de ser um primor, sendo que há muitos clichês e diversos momentos de chatice.
Apesar disso, “Rio 2” é um filme que consegue entreter durante boa parte do tempo e que acaba tendo ótimas ideias para deixar as crianças ligadonas nas reviravoltas constantes e nas piadas. As músicas são bem legais e mesmo não sendo o filme mais divertido da galáxia, este longa pode sim ser uma boa pedida para ver em família.