Crítica do filme Copa de Elite
É melhor ir ver o filme do Pelé...
Eu sou um alvo fácil para comédias, pelo simples fato de que eu dou risada de maneira muito fácil das coisas. É sério, eu devo ser meio burro. Se você espirrar de uma maneira diferente, é capaz de eu começar a gargalhar e nem é uma tentativa idiota de tirar sarro da sua alergia. Tendo isso em vista, é incrível o fato de que “Copa de Elite” não tirou risadas de mim, em nenhum momento.
Para orientar melhor a sua leitura, vou fazer um resumo bem rápido sobre o filme. “Copa de Elite” conta a história de um capitão do BOP (perdeu o E por não ser mais uma divisão especial, risos), chamado Jorge Capitão (interpretado por Marcos Veras, do Porta dos Fundos). Ele passa por diversas aventuras que deveriam ser engraçadíssimas para salvar a vida do Papa Francisco, pois é claro que ele veio assistir à Copa do Mundo de Futebol.
No meio disso tudo, a produção faz sátiras de filmes nacionais, como “Se Eu Fosse Você” e “Bruna Surfistinha”. Talvez você já tenha visto isso em algum lugar, né? Pois é, “Copa de Elite” faz uma cópia meio escrachada de diversas comédias norte-americanas que já foram engraçadas um dia – sim, amigo, estou falando do primeiro “Todo Mundo em Pânico”.
Bom, agora você já sabe que eu não fui com grandes expectativas ao cinema...
Eu vou começar listando os erros que identifiquei no filme. Pra começar, a produção conta as histórias de vários personagens, como a do capitão Capitão (nossa, que engraçadão esse nome), e mistura com a da mocinha, com a do vilão, com a do coadjuvante e você já não tem certeza de qual das linhas de raciocínio está sendo seguida.
As piadas utilizam uma quantidade enorme de trocadilhos, o que não é um bom sinal. Afinal de contas, toda criança consegue pensar no verbo enfiar como uma alusão ao sexo e achar isso divertido – colocar um casal dizendo que tá trepando não deixa isso mais engraçado, por exemplo. Isso é um humor pobre, previsível e que não faz rir. Sério, não é legal.
As sátiras de outros filmes são incluídas de maneira tosca, parece improviso. A impressão que dá é a de que alguém disse ‘PORRA, PENSA QUE DAORA COLOCAR UNS OUTROS FILMES AQUI E AQUI’. Aí a produção foi lá e fez, resultando em um amontoado de bosta, trocadilho e chuto que até mesmo de piadas internas.
Por conta de tudo isso, a história é ruim, as piadas são ruins e você começa a se sentir uma pessoa ruim por estar gastando uma hora e meia da sua vida, coisa que não vai voltar. Ou seja: não atinge o objetivo de ser uma comédia.
No meio disso tudo, é claro que é possível encontrar coisas boas. Os soldados que acompanham o capitão Capitão têm uma boa atuação e iluminam o filme em certos momentos, por mais que o texto não deixe que eles sejam realmente engraçados. Colocar o Frota vestido de mulher também foi legal e inesperado, mas ele aparece bem pouco – e, sim, é spoiler, mas você não vai querer assistir a essa porcaria.
A Júlia Rabello é uma linda, de verdade e com todo respeito ao Marcos Veras. Além de ser bonita, ela é uma boa atriz, que apresenta expressões diferentes em cenas variadas, o que acontece também com o seu tom de voz. O problema é que isso não é uma qualidade de todos os atores da produção, sendo que até mesmo o protagonista peca um pouco com isso.
A fotografia é bonita, assim como a ambientação e os cenários. Contudo, todas as qualidades citadas acima ficam perdidas no mar de rebosteio que são as piadas ruins. E, sim, eu estou insistindo nas piadas ruins. Sabe o motivo? Na cabine de imprensa, havia mais de dez pessoas e eu não escutei uma risada, não escutei nem mesmo a respiração forte de quem prende uma.
No fim, eu me diverti mais quando estava almoçando e vi uma garotinha colocando uma batatinha frita na testa. Sem mentiras. Dessa maneira, eu empresto a famosa frase do Chaves e digo: “Seria melhor ter ido ver o Pelé”. Mesmo porque “Copa de Elite” parece um quadro gigantes do Porta dos Fundos, extremamente sem graça e que faz uma propaganda da Copa do Mundo. Só espero que ela não seja estendida para as Olímpiadas, assim como a cena final indica.