Crítica do filme Os Mercenários 3
Há 30 anos, quem sabe…
Apesar da máxima “tudo tem seu tempo” não ser uma regra, visto que há uma porção de obras atemporais na história do cinema, algumas abordagem parecem, sim, ter prazo de validade. As décadas de 80 e 90 ficaram marcadas pelos papéis de heróis solitários que, sem qualquer superpoder, resolviam basicamente qualquer treta sozinho.
Essa época e esse estilo de filme consagraram nomes como Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme, Arnold Schwarzenegger e Steven Seagal. Logicamente, havia uma porção de roteiros diferentes, mas a ideia básica na construção do protagonista, era quase sempre a mesma. Como forma de homenagear não somente os próprios atores que se consagraram em diversas dessas películas, mas também os fãs que curtem o tipo do herói canastrão faz tudo, Stallone encabeçou o projeto de “Os Mercenários”.
A primeira produção é de 2010 e chegamos no segundo semestre de 2014 com mais um lançamento. Alguns nomes saíram, outros entraram, e o elenco de “Os Mercenários 3” continua pesado, com nomes comoJet Li, Jason Stathan, Mel Gibson, Terry Crews, Wesley Snipes, Dolph Lundgren e Antonio Banderas, além, é claro, de Stallone e Schwarzenegger. A história segue uma linha “operações especiais”, com o grupo tendo que capturar um vendedor de armas. Quando eles descobrem quem de fato é o traficante, o bicho pega de verdade e muitas mágoas antigas são trazidas à tona.
Assim o filme se arrasta por um bom tempo oferecendo ao espectador uma históra fraca e, propositadamente, repleta de clichês, cenas de ação desmedidas, daquela que você se cansa só de pensar. Nada faz muito sentido ali e tudo parece que sempre vai dar errado, mas, como é altamente previsível, os heróis se superam e elimina da face da Terra uma porção de “malvados” sem muita dificuldade.
A grande presença da película é, sem dúvida, a dos dublês, os grandes responsáveis por encarnar os personagens quando o bicho pega de verdade. Algumas piadinhas sem graça também “incrementam” a experiência, deixando tudo ainda mais difícil de aguentar até o final.
É importante, entretanto, ficar atento a uma questão: a proposta de “Os Mercenários” é ser exatamente isso: uma coleção de clichês de filmes de ação, quase que uma sátira de si mesmo. Um bom exemplo é quando o ágil especialista em facas Doc (Snipes) conta que foi preso por sonegar imposta, fato que realmente aconteceu recentemente com o ator.
Olhando por esse prisma, é possível dar um desconto a basicamente todos os problemas identificados pelo filme. De qualquer forma, se o primeiro filme foi feito para que o público tivesse a chance de ver grandes estrelas dos anos 80 e 90 (e mais algumas dos anos 2000) juntas em um filme de ação “clássico” na telona, chegar à terceira película parece um pouco de exagero.