Crítica do fime Maze Runner
Alguns clichês e uma história que não empolga
Assistir à “Maze Runner: Correr ou Morrer” me lembrou de “Cubo”, o clássico cult de suspense lançado em 1997 que, apesar do baixo orçamento, fez bastante sucesso e rendeu duas continuações. A premissa aqui é até certo ponto parecida com a da obra lançada no final da década de 90: o protagonista se descobre aprisionado em um lugar misterioso no qual deve se juntar às demais pessoas encarceradas para tentar escapar com vida.
“Maze Runner” é inspirado no livro homônimo de James Dashner e mostra a chegada de Thomas (Dylan O’Brien”) a uma espécie de comunidade na qual vivem homens jovens aprisionados — apenas mais adiante aparce uma menina por lá. O filme começa com o protagonista acordando em um elevador que sobe rumo ao desconhecido. Ao chegar ao destino, o jovem se vê diante de seus futuros confrades em uma espécie de vila rural cercada por paredes enormes e aparentemente sem saída.
Aos poucos, ele descobre como tudo funciona, as divisões de tarefa, as regras e a hierarquia local. Thomas fica sabendo também que os primeiros homens foram levados para o lugar há três anos e, assim como ele, não se lembra de basicamente nada de suas vidas anteriores. Além disso tudo, o protagonista ouve histórias sobre o labirinto que se estende diante das paredes, sendo esse o único e tenebroso caminho para a liberdade dos cativos.
A construção geral das coisas em “Maze Runner” lembram um pouco filmes adolescentes de aventura, como “Jogos Vorazes” e “Divergente”, mas vale ressaltar que a história original escrita por Dashner é de 2007 — as outras duas são de 2008 e 2011, respectivamente. O filme, porém, chega depois dos “concorrentes” e apresenta uma premissa até certo ponto interessante, uma ideia que poderia ser melhor trabalhada para dar mais profundidade ao tema e apresentar menos clichês, especialmente nas sequências de ação.
Importante deixar claro que “Maze Runner” não é um filme ruim, apesar de não empolgar. Ele apresenta bons recursos técnicos e a ambientação do lugar é bastante competente e, de modo geral, ele não decepciona do ponto de vista técnico. O roteiro, porém, deixa de abordar alguns temas e falha ao forçar um afeto fraterno entre Thomas e Chuck (Blake Cooper), o que resulta em um desfecho um tanto quanto ridículo para o segundo.
Faltou também o filme explorar mais as motivações que levaram aos acontecimentos descritos na tela. No final, você tem uma leve ideia do que está por trás de tudo, mas, mesmo assim, a explicação inexiste e deixa a impressão de que “Maze Runner” é uma história que não acaba, deixando muitas pontas soltas para uma óbvia sequência. Não sei como é o livro, mas o filme falha nesse aspecto.
É uma pena que Hollywood ainda abuse de clichês em cenas de ação, como aquelas sequências que têm tudo para dar errado, mas acabam dando certo de forma bastante previsível. Exemplo disso é a empreitada de Thomas no labirinto, ação da qual ninguém que havia tentado anteriormente conseguiu retornar com vida.
O embate com os Verdugos, as criaturas biomecânicas que habitam o labirinto e destroçam quem encontram pela frente, é outro ponto que abusa um pouco da inteligência do espectador. O que se vê na tela são máquinas feitas para matar hesitando de forma prazerosa diante da presa, como se fossem desfrutar daqueles instantes prévios à matança. Obviamente, esse intervalo de tempo é o suficiente para os humanos encontrar uma saída para uma situação que parecia derradeira.
Volto a dizer: “Maze Runner” não é um filme ruim, mas é importante ressaltar que você não deve ir esperando muita coisa ao entrar na sala do cinema. O filme tropeça em problemas clássicos de produções do gênero, deixa muitas perguntas sem respostas e ainda abusa de clichês quando a coisa pende para a ação.