Crítica do filme Debi & Lóide 2
Quando a piada beira o ridículo
Fazer um filme idiota não é uma tarefa fácil. Muitos tentam, mas a verdade é que poucos conseguem acertar na receita — não é por acaso que tem tanta comédia ruim. Um dos filmes mais marcantes que acerta em cheio essa viés retardada do humor é o filme Debi & Lóide (lançado lá em 1994).
Agora, Jim Carrey e Jeff Daniels se unem para dar continuidade àquela incrível história que narrava como dois imbecis podiam se dar tão bem e cometer mais patetadas do que se é possível imaginar. Deu certo uma vez, então seria moleza faturar mais uns trocados, certo? Errado.
Ainda que o filme original não tenha sido uma obra-prima em questões técnicas, ele era muito divertido e acertava na dosagem do humor. Não só isso, foi um longa fundamental para dar solidez a carreira de Carrey. Bom, Debi & Lóide 2 já é mais caprichado na execução, mas peca muito na piada. Para você que não acompanhou os trailers, deixo aqui um resumo.
Em Debi & Lóide 2, acompanhamos o reencontro desses paspalhões. Lóide (Jim Carrey) estava em um hospital psiquiátrico, onde ficou pelos últimos 20 anos em estado catatônico apenas para fazer uma pegadinha no amigo. Após se partirem na gargalhada, os dois saem aprontando e, sem querer, descobrem que Debi (Jeff Daniels) tem uma filha. A missão agora é encontrar a garota.
Talvez eu esteja meio ranzinza, mas a verdade é que achei o filme todo muito sem graça. Ainda que dê para dar risadas durante a projeção, muitas piadas acabam deixando a desejar quando o roteiro apela apenas para a nojeira e para coisas muito além da estupidez. Sabe aquela coisa de ficar fazendo barulho de pum com a boca? Então, era legal quando você tinha 8 anos, né?
Não convém contar cada uma das situações do filme, mas a própria pegadinha que Lóide faz no hospício é pra lá de boba. Simplesmente, os caras insistem em mostrá-la em detalhes e recapitular algumas cenas no decorrer da história. Dá pra ver nitidamente que os dois forçam a gargalhada e precisam repetir algumas falas para que a plateia consiga esboçar o sorriso.
Quem sabe, parte do problema seja o roteiro, que dá voltas desnecessárias, não tem grandes acontecimentos que garantam durabilidade (o que em parte até que é bom, já que seria difícil engolir uma história mais longa e com piadas meia-boca) e acaba sendo apenas mais uma reprise de diversas situações e personagens do primeiro filme.
Devo ser sincero e dizer que também não dá pra menosprezar todo o trabalho, já que tem algumas sacadas muito boas que mostram a qualidade dos atores, até porque os dois são muito bons quando querem. O elenco de apoio até que vem a calhar, garantindo equilíbrio à película, mas certamente o filme perdeu a genialidade do primeiro e não vai ser algo memorável.
A construção do filme e de algumas piadas não difere muito do que conhecemos da obra anterior. Em Debi & Lóide 2, você ainda vai ver os dois imaginando coisas que não existem, fazendo patetadas no trânsito (inclusive com o carro antigo, o que foi bem bacana por parte da produção) e se dando bem em diversas situações inusitadas.
A trilha sonora é bem aproveitada e as caretas dos dois ainda são marcantes, mas é difícil dizer que este é um filme imperdível. Na verdade, Debi & Lóide 2 não passa de uma comédia com piadas fracas que pode ser vista em casa quando passar em algum canal de TV aberta. Deu pra matar a saudade, mas infelizmente não foi dessa vez que vimos uma grande continuação de comédia.