Crítica do filme O Jogo da Imitação

Inteligente e intrigante

por
Fábio Jordan

10 de Fevereiro de 2015
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Biografias nem sempre conseguem ser muito atraentes. Umas apelam demais para o drama, outras demais para o romance e há ainda aquelas que querem contar mais a história do mundo do que do personagem em questão.

Em “O Jogo da Imitação”, acompanhamos parte da história de vida do matemático Alan Turing, que ficou conhecido por ser o pai da computação moderna

Para não deixar o filme enorme e com informações desnecessárias, roteiro começa com o bonde andando, já na época em que ele é contratado pelo governo para decifrar os misteriosos códigos da máquina de guerra alemã conhecida apenas como Enigma.

O longa-metragem é bem situado e traz atuações que realmente impressionam. A produção é muito elaborada e a presença do título em diversas premiações não é por acaso. “O Jogo da Imitação” é um filme regado a tensão e sacadas muito inteligentes, o que faz ele ser um dos melhores do ano. Vamos falar mais sobre esta produção.

Enigmas, atuações e pontos culminantes

A primeira coisa importante a colocar em pauta é a questão dos mistérios em torno do personagem, já que isso faz toda a diferença  no andamento da trama. O filme tem uma história que funciona tranquilamente, mas a personalidade de Turing deixa o filme bem esquisito – só que isso é bom!

Alan Turing era um gênio e, como tal, aparentava ser muito estranho. Normal, já que como todo estudioso, suas características únicas o faziam se isolar. Assim, ele era um pouco tímido, bem convencido, não sabia trabalhar em equipe e tomava atitudes inesperadas.

O filme faz questão de esclarecer tudo isso várias vezes e faz com que até o mais desatento compreenda um pouco do matemático e simpatize com sua batalha. Ele era muito dedicado e mostrava isso em várias situações.

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Incompreendido, inteligente, perspicaz. Esse era Alan Turing. E nada melhor do que Benedict Cumberbatch para representar esta celebridade das exatas. O ator que ficou conhecido por Sherlock Holmes repete aqui parte de sua lógica, só que aqui ele não é alguém caricato saído de um livro, mas é um gênio que realmente existiu e revolucionou o mundo.

Cumberbatch se mostra extremamente eficiente em sua atuação, deixando transparecer os traços de Turing e assumindo muitas cenas quase que sozinho. Obviamente, nem tudo que é contado no filme é verdade, até porque a obra cinematográfica traz diversas adaptações para deixar o roteiro mais empolgante, mas ainda temos que parabenizar o ator por conseguir dramatizar e dar um toque de mistério à trama.

Se você está lendo esta crítica, eu presumo que você já viu o filme, então vou comentar diretamente sobre a questão do homossexualidade de Turing. A meu ver, o longa-metragem foi bem superficial nesse ponto. O público até vê uma ou outra cena que possa indicar a relação entre ele e outros homens, mas em nenhum momento vemos tais detalhes sendo aprofundados.

Isso acaba deixando a trama um pouco esquisita, já que do nada ele se revela homossexual. Certamente, uma abordagem mais completa deixaria o drama mais emocionante e talvez até conseguisse atrair mais a empatia do espectador.

Bom, vale falar aqui também sobre Keira Knightley. A coadjuvante é muito boa em sua participação limitada, até porque ela interpreta uma mulher que na época sofria uma série de restrições. Como ela contracena com Cumberbatch em diversos momentos, percebemos que ela conduz alguns diálogos e os faz muito bem.

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O elenco de apoio também foi muito convincente, com destaque para Charles Dance e Matthew Goode. Com todos devidamente sincronizados, a história de Alan Turing acaba ganhando emoção, tanto que ninguém imaginaria os altos e baixos pelos quais o matemático passou durante a Segunda Guerra.

O roteiro do filme funciona perfeitamente, mas fiquei intrigado em ver que os escritores deixaram algumas brechas (talvez propositais) para que o público saiba como solucionar alguns mistérios antes mesmo dos personagens. Apesar disso, “O Jogo da Imitação” é muito curioso e recomendamos ver no cinema. As indicações são merecidas!

Fonte das imagens: Divulgação/

O Jogo da Imitação

Confira o trailer deste filme dirigido por Morten Tyldum

Diretor: Morten Tyldum
Duração: 114 min
Estreia: 29 / jan / 2015