Crítica do filme Millennium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres
rítica do filme Millennium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres
Antes que você pergunte, saiba que eu não li a obra literária, tampouco vi o longa-metragem sueco de título semelhante ao do recente filme de David Fincher. Por esse simples motivo, posso comentar sobre os diversos aspectos da película hollywoodiana, afinal, avalio neste texto apenas o que vi na tela, sem ter pré-conceitos ou comparativos diretos para julgar o filme.
Depois de ver “Millennium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, meu primeiro comentário foi: “este filme tem traços fortes da direção de David Fincher”. Com essa frase, você já pode ter ideia de que estou falando da semelhança notável entre este longa e os títulos “Seven - Os Sete Crimes Capitais” e “Zodíaco” — dois nomes que marcam o estilo do diretor.
O filme tem quatro elementos principais: Daniel Craig (Mikael Blomkvist, o protagonista), Rooney Mara (no papel da hacker Lisbeth Salander, provavelmente o foco principal da história), o mistério do caso (algo que comentarei posteriormente) e, obviamente, o ódio pelas mulheres (também chamado de misoginia, assunto que será abordado em diversos partes deste texto).
Duas coisas mostradas logo no início do filme não me agradaram muito. Você deve se lembrar bem dos quadros que aparecem na primeira cena e que depois são mostrados para Mikael, mas que não tiveram qualquer serventia para a solução do caso. Ao que parece, esse elemento foi mostrado apenas para que fãs do livro não reclamassem do longa.
Sinceramente, a introdução mais parece a abertura de um filme 007 e pouco se encaixa ao estilo do longa — as cenas são bem desenvolvidas, mas seriam melhor utilizadas em um seriado. Depois disso, finalmente vemos Craig interpretando com inteligência o jornalista Blomkvist, destoando dos papéis habituais do ator.
Em seguida, Rooney Mara aparece como uma das mulheres odiadas do título. A garota é uma super hacker que usa um MacBook para ajudar na investigação do caso. Pra falar a verdade, esse papel de “super manjo das putarias na internet” já não convence muito, mas ok, estamos falando de uma história fictícia e, também, tudo pode acontecer no cinema.
Veja que citei o MacBook por um simples motivo: a propaganda recorrente no filme. Ela está cada vez mais comum nos longas americanos, mas é uma característica que não deveria fazer parte de uma obra de Fincher. Mas, tudo bem, a beleza esquisita da moça faz o público ignorar esses meros detalhes.
Até agora, não falei muito bem do filme, mas, por incrível que pareça, vou me contradizer e falar a verdade. Eu gostei muito do filme e acho que é um dos melhores que vi ultimamente. Desde o começo, o suspense é um elemento constante que mantém todos curiosos durante grande parte da projeção. Para complementar, Fincher usa sequências de ação bem elaboradas, as quais são bem aplicadas durante a resolução dos mistérios. Os coadjuvantes formam a família perfeita e esquisita, essencial para o estilo “detetive” do filme.
Uma das coisas que eu mais aprecio em qualquer filme é a trilha sonora. E, felizmente, a dupla Trent Reznor e Atticus Ross acertam na combinação das faixas com as imagens. Vemos aqui uma obra de suspense, que combina perfeitamente com o clima misterioso do longa. Aliás, é ótimo ver que filmes bons como este evitam o uso de sons comerciais.
Em termos fotográficos, devo admitir que a equipe escolhida para dirigir a arte fez um excelente trabalho. Os cenários são bonitos em um primeiro momento e, depois, quando abordados em cenas futuras, os mesmos ambientes não parecem deixar o filme cansativo. Talvez, o longa se destaque nesse quesito por introduzir diversos locais no decorrer da trama.
A mudança no título de “A Garota com a Tatuagem de Dragão” para “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” foi perfeita, pois o tema do filme é sim o ódio pelas mulheres. Lisbeth tem um papel importante, mas as demais que sofrem também fazem parte da construção do longa. Enfim, parece que David Fincher conseguiu dar um up em sua carreira com Millennium, visto que ele havia dirigido o razoável A Rede Social.