Crítica do filme Sem Escalas
Busca implacável… Agora no avião!
Não vou dizer que fiquei muito empolgado quando vi que Liam Neeson voltaria às telonas. Não que eu não goste dele, muito pelo contrário, acho que ele é um cara bem versátil no que faz. O problema é que o ator vem fazendo muitos filmes iguais, o que me deixa receoso, afinal, não quero ver mais do mesmo.
Apesar disso, não deixei de ter esperanças de que “Sem Escalas” poderia entregar algo a mais. O trailer, pelo menos, apresenta uma trama curiosa e isso motivou a conferir a película no cinema. Entrei na sala com baixas expectativas e, no fim, o filme conseguiu me deixar tenso. Fato é que acabei gostando do que vi.
O avião decola e essa seria apenas mais uma viagem tranquila para o agente oficial de voo Bill Marks (Liam Neeson). Agora, pensa que loucura. Depois de alguns minutos que o avião sai do chão, Marks recebe uma mensagem dizendo que um passageiro vai morrer a cada 20 minutos se a companhia aérea não depositar US$ 150 milhões em uma determinada conta-corrente. O sequestro está armado e claro que tudo só tende a piorar.
A história aqui não tem grandes novidades. Um avião sequestrado, poucas formas de reagir e uma situação danada que fica difícil de ser solucionada. Contudo, a grande sacada da história são os detalhes que diferenciam o filme de outros que já apelaram para essa temática. Não se trata apenas de uma bomba, mas de um plano bem elaborado que não permite uma reação precisa.
O longa-metragem trabalha bem com o suspense. O protagonista não tem como saber quem está mandando as mensagens (pode ser qualquer um dos 150 passageiros) e, dessa forma, não consegue deter o criminoso. Logo, o que poderia ser resolvido com uma simples transferência bancária se torna uma paranoia e Marks fica cada vez mais perdido.
Toda essa tramoia é bolada com o uso da tecnologia. O roteiro apela para umas coisas que talvez até possam acontecer, mas que deixam o espectador com aquela cara de cu do tipo “ai meu Deus, lá vem os hackers malditos querendo salvar o dia”. Tirando esse detalhe e um ou outro clichê, o longa acaba tendo sucesso em sua maior parte.
Sem Escalas até tem um ou outro personagem adicional, mas nenhum ganha destaque algum para que possamos dizer que temos aqui coadjuvantes de peso que fazem a diferença. Julianne Moore, por exemplo, tem um papel bem secundário e não chega a fazer grande diferença. Trocar ela por qualquer outra pessoa daria no mesmo. Bom, pelo menos Moore é conhecida e ajuda a promover o filme.
Liam Neeson é tipo o Steven Seagal da atualidade, só que talvez um pouco melhor (na atuação, claro, porque nas artes marciais ninguém bate o mestre Seagal) e com menos cara de robô. Ele é porradeiro (inclusive já foi um mestre Jedi), tem voz de locutor (aliás, ele já dublou o Aslam e fez o papel de Zeus, então o cara tem um portfólio dos bons!), paga de galã, nunca tem mais de um corte no rosto e sempre salva o dia.
Os trejeitos, as falas, as cenas em câmera lenta e todo o restante da atuação de Neeson são parte carimbada de seu jeito único. Apesar de todo esse clichê, temos que admitir que o cara manda muito bem. E é claro que não é isso que estraga o filme.
A verdade é que muitos filmes que ele faz acabam ficando com essa mesma cara de que tudo está na pior e vai acabar bem (é óbvio, Hollywood não tem filmes de desastre para mostrar todo mundo morrendo). A gente sabe disso antes mesmo de entrar no cinema, mas é sempre bom assistir para descobrir quem irritou Liam Neeson e como ele vai resolver mais uma treta furiosa.
Não vem ao caso revelar como Sem Escalas termina, mas o que é importante comentar é que quase tudo que acontece entre o começo do caso e o fim da história é bem do jeito que a gente imagina. O filme tem boas surpresas, mas ninguém consegue deter o herói da história, o que acaba deixando a película um tanto monótona.
Felizmente, houve um certo cuidado para colocar uma ou outra cena que surpreende o público. Há um momento em específico no meio do longa que faz todos pularem da cadeira. No entanto, na maior parte do tempo, você vai acabar pensando que está assistindo a “Busca Implacável” em um avião.
“Sem Escalas” realmente não tem escalas, mas tem um monte de furos e pequenos detalhes que vão incomodar os espectadores mais atenciosos. Se você quer apenas se divertir e ver muita pancada e suspense com Liam Neeson, não tenha dúvidas que este é o filme perfeito. Todavia, não vá esperando ser surpreendido.