"Olympia" mescla diferentes linguagens para falar de Olimpíadas e Corrupção
Estreia no início de agosto "Olympia", uma produção brasileira que promete inovar em vários aspectos. E o primeiro deles é o formato de estreia: produzido com financiamento coletivo por meio de uma campanha de crowdfunding, o filme terá sessões apenas sob demanda, por meio da compra antecipada de ingressos pelo site do financiamento.
As sessões serão exibidas em seis cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador.
Mas o grande diferencial de Olympia é a mescla de diferentes linguagens para falar de um tema mais do que polêmico: a corrupção envolvida no andamento dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
No filme, Olympia é uma cidade submetida a um sistema político corrompido, fundamentado pela concentração de poder e pelos privilégios. O ponto de partida para o enredo é a construção de um campo de golfe para os Jogos Olímpicos dentro de uma reserva ambiental da cidade. A história, repleta de coragem e investigação, revela os bastidores obscuros da prefeitura de Olympia.
O filme traz uma discussão sobre o fenômeno da corrupção, estimulando a reflexão sobre a construção coletiva da vida a partir da política e da sociedade, com foco na importância de se pensar a cidade como ponto inicial e crucial para mudanças estruturais. A maneira encontrada pelo diretor Rodrigo Mac Niven foi unir as linguagens documental e ficcional.
Além do filme, o diretor lança paralelamente uma Graphic Novel: A Mitologia de Olympia. Nela, em Olympia, todos nascem com asas, mas muitos não conseguem voar. Após a grande batalha entre os Voadores e os Pés-No-Chão, a cerimônia de Alinhamento foi instituída em Olympia: todas as crianças deveriam ter suas asas cortadas ao nascer.
Séculos mais tarde, Demokrácia, uma jovem que não havia sido alinhada pelos pais e que vivia numa aldeia distantes dos grandes centros, teve uma pena roubada pelo vento. Capturada e decapitada, virou símbolo de ordem na cidade e uma estátua gigante foi erguida no morro mais alto de Olympia.
O longa-metragem possui uma narrativa cinematográfica que valoriza a estética e a liberdade criativa, alimentando a imaginação e sensibilizando as pessoas para uma reflexão sobre os valores e propósitos que sustentam nosso modelo de sociedade.
“O filme Olympia traz uma reflexão profunda e urgente sobre uma nova ética de sociedade. Entendendo como ética os princípios que regem as nossas práticas, minha maior realização é termos feito um filme com a força da colaboração, da transparência, da coragem e paixão de todos da equipe”, disse o diretor.
“Às vésperas do maior evento esportivo do planeta, o Rio enfrenta a falência total dos serviços e a corrupção na administração pública. É dever de todo o cidadão questionar o seu governo: Qual o verdadeiro legado deixado?”, complementa.
Para tanto, foram entrevistados na parte documental o filósofo colombiano Bernardo Toro, a professora da Faculdade de Arquitetura de São Paulo, Raquel Rolnik, urbanista e relatora especial para o Direito à Moradia Adequada do Conselho de Direitos Humanos da ONU por 6 anos, Andrew Zimbalist, Professor do Smith College – Boston, economista e especialista em eventos esportivos, Juca Kfouri, Jornalista esportivo, Vladimir Safatle, Filósofo e professor da USP, Maria Lucia Fattorelli, Auditora aposentada da Receita Federal e fundadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, além de Maria da Penha e Sandra Maria, moradoras da Vila Autódromo (RJ).
A ideia de construir o filme veio quando o diretor teve contato com as histórias do jornalista investigativo Lúcio Vaz, autor dos livros "Ética da malandragem" e "Sanguessugas do Brasil", sobre os bastidores do Congresso Nacional.
Durante o Congresso Internacional Anti-Corrupção em Brasilia/2012, foram gravados os primeiros depoimentos internacionais sobre o tema. Em 2014, o diretor conheceu o personagem central da trama do filme, o advogado J.C. que, após uma minuciosa investigação, revelou uma teia de corrupção que se inicia no final do século XIX, com a grilagem de terras na Barra da Tijuca e chega aos bastidores da construção do campo de golfe olímpico em 2016.
No final de 2015, através de uma campanha de financiamento coletivo, 534 apoiadores ajudaram "Olympia" a sair do papel para as telas.
Fonte Olympia/ Fênix Filmes
Fonte das imagens Olympia/ Fênix Filmes