Crítica do filme Brooklyn

Um belo e emocionante conjunto

por
Lu Belin

25 de Fevereiro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Impressionantes 125 nominações para prêmios nacionais e internacionais, entre elas três indicações ao Oscar – Melhor filme, Melhor Roteiro e Melhor Atriz, para Saoirse Ronan. Com essas credenciais, é de se esperar que "Brooklyn" seja uma produção no mínimo interessante. E é.

No meu caso, foi preciso ver duas vezes esse longa dirigido por John Crowley para que eu conseguisse de fato enxergar a beleza do filme. Na primeira tentativa, achei o desenvolvimento muito lento, mas na segunda gostei bem mais e o ritmo não me incomodou nem um pouco. 

Baseado no livro de Colm Tóibín, o longa conta a jornada da jovem irlandesa Eilis Lacey (Saoirse Ronan), que é incentivada pela irmã mais velha, Rose (Fiona Glascott), a trocar a pacata cidadezinha na Irlanda onde vive pela agitada Nova Iorque, em busca de trabalho e uma vida melhor.

Como muitas pessoas em meados do século passado, ela parte sozinha para o outro lado do Atlântico para viver no bairro do Brooklyn, onde conhece um mundo completamente novo e uma realidade muito diferente daquela em que vivia até então. 

Uma história sobre a história 

Antes de falar dos dramas da personagem em si – e a gente não vai poder ir muito a fundo nisso pra não fazer como o trailer do filme e entregar demais o que acontece – vale discutir um pouco o panorama geral em que a narrativa se desenvolve. 

“Brooklyn” é quase uma aula de história norte-americana, com foco neste que é até hoje um dos mais famosos e importantes bairros nova-iorquinos. O background da história de Eilis é interessante pois revela um momento bastante significativo para a formação da identidade cultural norte-americana: a época da imigração europeia.

Brooklyn

E esse plano de fundo é muito bem construído. O retrato da famosa rigidez estadunidense no controle de entrada de imigrantes no país, a alocação dessas pessoas em pensões acumuladas uma em cima da outra no bairro do Brooklyn, a mão de obra empregada em alguns setores bem específicos – como no caso de Eilis, uma loja de cosméticos. 

As locações são lindas e o “Brooklyn” tem uma fotografia muito bonita, com uma paleta de cores bastante fiel ao contexto histórico em que os fatos se passam. O figurino e a maquiagem do filme são magníficos e estão longe de serem meros detalhes no longa-metragem. A maneira como a própria Eilis se veste, por exemplo, vai de encontro à evolução do próprio arco narrativo da protagonista, o que nos ajuda a compreender e sentir junto com ela suas transformações. 

Personagens cativantes

Não é à toa que Saoirse Ronan foi indicada para o papel de melhor atriz. Ela se enquadra muito bem no papel da tímida e ingênua Eilis, que emociona o público em diversos momentos da história. 

Não apenas ela, o elenco todo convence, assim como os personagens são cativantes e humanos. As colegas de pensão de Eilis são ótimas e trazem um alívio bacana para as fases mais tristes, assim como o “núcleo italiano” do filme, que arranca algumas risadas do público. Isso vale especialmente para o queridíssimo encanador Tony (Emory Cohen), que leva nota dez no quesito “carinha de anjo” com personalidade fofa.

Brooklyn

Chama a atenção também a construção da vila em que morava Eilis na Irlanda, onde boa parte da história se desenvolve. As ruas, os cenários e as visões de mundo típicas de cidadezinhas pequenas são muito fieis à realidade.

Outro ponto legal é que "Brooklyn" consegue passar no Teste de Bechdel, ainda que seu enredo verse sobre uma época em que as mulheres viviam sob uma série de regras que todos conhecemos bem: a busca pelo marido e o medo de ficar sozinha, alinhados aos primeiros passos de uma certa independência financeira alcançada pela entrada no mercado de trabalho da beleza. 

No fundo, "Brooklyn" – que em alguns cinemas foi traduzido para Brooklin, com “i”, por motivos desconhecidos – tem uma fórmula bastante simples. São poucos personagens centrais, uma história bem humana com um background histórico legal, personagens consistentes e bons atores. Os dilemas com os quais a protagonista é confrontada poderiam ser os de cada um de nós e essa empatia ajuda a criar uma relação positiva com o filme.

Graças à forte concorrência, é difícil que “Brooklyn” consiga vencer o Oscar, especialmente o de Melhor Filme - afinal, estão no páreo produções fortes, como "O Regresso", que é o grande favorito para levar a estatueta nesse ano. Mesmo assim, só o mérito de ser indicado já é uma forma de congratular essa bela produção, que você precisa ver!

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes

Brooklyn

Dois países, dois amores, um coração.

Diretor: John Crowley
Duração: 112 min
Estreia: 11 / fev / 2016
Lu Belin

Eu queria ser a Julianne Moore.