Ancine lança campanha de comemoração por seus 15 anos

Criada em 2001 pela Medida Provisória 2228-1, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) comemorou 15 anos no final do ano passado e lançou uma campanha para comemorar sua história e incentivar o audiovisual brasileiro.

Trata-se da agência reguladora do cinema e do audiovisual no Brasil, ou seja, é a responsável por regulamentar e fiscalizar as produções de cinema e televisão no país. Desde 2003, ela é vinculada ao Ministério da Cultura, o que permite um alinhamento maior com outras atividades relacionadas a manifestações culturais e comunicação via audiovisual.

Durante a campanha, a Ancine divulgou alguns dados interessantes relacionados ao cinema e à TV paga. Você sabia, por exemplo, que os cinemas brasileiros receberam 30 milhões de pessoas em 2016? Pois é! Esse número era de apenas 7 milhões em 2002!

Ancine15anos1 7b364

Outras informações importantes dizem respeito ao número de filmes lançados oficialmente, que subiu de apenas 29 em 2002 para mais de 140 em 2016! Além disso, também aumentou o número de salas de cinema, por incrível que pareça: de 1600 para 3100!

Ancine15anos3 746bd

Entre as ações da campanha estão alguns vídeos que incentivam a produção e o consumo de materiais nacionais, desde os programas de TV até os filmes para o cinema. Confira um dos vídeos:

A ANCINE é administrada por uma diretoria colegiada aprovada pelo Senado e composta por um diretor-presidente e três diretores, todos com mandatos fixos, aos quais se subordinam cinco Superintendências: Análise de Mercado, Desenvolvimento Econômico, Fiscalização, Fomento e Registro, além das Secretarias Executiva, de Gestão Interna e de Políticas de Financiamento.

Ancine15anos2 84edc

Além do seu Escritório Central, localizado no Centro do Rio de Janeiro, a ANCINE conta com mais dois escritórios regionais, sendo um em Brasília e outro em São Paulo.

A missão da ANCINE é desenvolver e regular o setor audiovisual em benefício da sociedade brasileira. Encerrado o ciclo de sua implementação e consolidação, a ANCINE enfrenta agora o desafio de aprimorar seus instrumentos regulatórios, atuando em todos os elos da cadeia produtiva do setor, incentivando o investimento privado, para que mais produtos audiovisuais nacionais e independentes sejam vistos por um número cada vez maior de brasileiros.

Ingrid Guimarães e Larissa Manoela serão as estrelas de “Fala Sério, Mãe”

O Best Seller de Thalita Rebouças vai ganhar adaptação para o cinema, mas isso você já sabia, certo? O longa-metragem inspirado em “Fala Sério, Mãe” estreia em 2017 e já tem elenco escalado. 

Para dar vida às personagens que ficaram eternizadas pelo livro, o diretor Pedro Vasconcelos conta com Ingrid Guimarães, no papel da mãe Ângela Cristina, e Larissa Manoela, que interpreta sua filha Maria de Lourdes, ou Malu. Completam o time de atores Marcelo Laham (Armando), João Guilherme Avila (Nando), Raphael Tomé (Mamá), Giovana Rispoli (Alice) e Carolina Dumani (Malena). O comediante Paulo Gustavo também já divulgou em sua página no Instagram que vai fazer uma ponta no filme.

Com roteiro de Dostoiewski Champagnatte, Ingrid Guimarães e Paulo Cursino e colaboração de Thalita Rebouças (que também escreveu "É Fada") e Pedro Vasconcelos, o longa tem produção da Camisa Listrada, coprodução da Fox International Productions, Telecine e Focus Entretenimento, e distribuição da Downtown Filmes/Paris Filmes.

falaseriomae2 703b2

A comédia familiar traz a doce e intensa relação de Maria Lourdes (Larissa Manoela) e Ângela Cristina (Ingrid Guimarães) e acompanha a vida das duas desde a infância de Malu até à fase da adolescência e da independência. Contada sob o ponto de vista das duas personagens, a história aborda as principais dificuldades da maternidade nos primeiros anos de vida de Malu, o primeiro dia na escola, as amizades, as descobertas amorosas e os problemas familiares.

Com doses de emoção e humor, o longa retrata as principais queixas e frustrações de Ângela Cristina e a rebeldia e o sentimento de opressão vividos por Malu. O longa conta ainda como a relação mãe x filha pode se inverter ao longo dos anos. Malu, que antes era uma criança indefesa e que necessitava de cuidados, quando cresce mostra seu lado protetor e amigo por Ângela Cristina, que revela uma faceta mais vulnerável.

falaseriomae 99707

“Foi uma grande alegria trabalhar com a Larissa e com a Ingrid. O filme está maravilhoso e a gente espera que seja um grande sucesso. Contar uma história da Thalita Rebouças é realmente gratificante”, disse o diretor Pedro Vasconcelos.

No livro, quando teve sua primeira filha, Maria de Lourdes, Ângela Cristina não sabia as aventuras e desventuras que estavam por vir. Mãe de primeira viagem, ela vive uma montanha-russa de emoções, medos, frustrações e tem um caminhão de queixas para descarregar. 

Por outro lado, a filha Malu, como prefere ser chamada, também tem suas insatisfações. Embora teimosa, sofre com os cuidados excessivos e com o jeito conservador da mãe. “Fala Sério, Mãe” acompanha a história de amor que começa às turras e termina na mais plena parceria e amizade.

Aldeia SP - Bienal de Cinema Indígena começa neste dia 07/10 em São Paulo

Em meio à selva de concreto de São Paulo, a Aldeia SP – Bienal   de Cinema Indígena surge para “despasteurizar” o cinema convencional brasileiro e ressaltar o feminismo em produções indígenas.

Entre os dias 7 e 12 de outubro, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), nas unidades dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) e nos Circuito Spcine, serão exibidos 53 produções dirigidas por indígenas brasileiros e três filmes convidados que contemplam o universo dos Povos Originários.

A fim de retratar a cultura indígena por quem vivencia e pertence a ela, a Bienal de Cinema Indígena leva para o público produções áudio visuais dos últimos seis anos, que percorrem histórias de retomadas de terras tradicionais até o sistema agrícola indígena em diferentes modalidades como, o cine-xamanismo, videoclipes, programas de televisão e animações. E, claro, a presença de alguns cineastas após as exibições.

Nesta edição, a temática do festival embarca dentro do cenário feminino das mulheres indígenas. “Neste ano, a bienal está centrada no fenômeno das realizadoras indígenas ou de filmes em que as cosmovisões e pautas femininas sejam o mote”, conta o curador o curador da Bienal e ganhador do prêmio Troféu Mucuripe de melhor direção no 26º Festival Cine Ceará, Rodrigo Siqueira Arejeju. 

A memória dos Kiriri de Mirandela sobre a retomada de suas terras, primeiro território indígena demarcado na Bahia, em 1990, mistura-se à vida cotidiana da aldeia no sertão.

Dentre os filmes selecionados, onze saíram das etnias indígenas do Rio Negro, como o longa-metragem autobiográfico “Wehsé Darasé – Trabalho da Roça” de Tukana Larissa Ye’padiho Mota Duarte, e o documentário “Nora Malcriada”, de Baniwa Elisangela.

O público também poderá prestigiar “As Manivas de Basebó – Histórias e Tradições”, de Tariana Maria Claudia Dias Campos, e “Não gosta de fazer, mas gosta de comer”, de Tukana Maria Cidilene Basílio em parceria com a Baré Alcilane Melgueiro Brazão.

Após as sessões de cinema, será aberto ao público um bate-papo com os cineastas. Nesta edição, estarão presente os realizadores indígenas Larissa Tukano, Cristiane Takuá, Michelle Guarani Kaiowa, Patrícia Ferreira, Jerá Guarani, Sileia Kiriri, Txana Isku Nawa Huni Kuin, Nilson Tuwe Huni Kuin, Alberto Álvares, Alexandre Pankararu, Carlos Papá e Morzaniel Iramari e Yanomami.

Com todo este repertório, o festival tem intuito de divulgar histórias e protagonizar os povos indígenas como o protagonista e difusor desta cultura.

Canção feita por jovens da etnia Tupinambá de Olivença, cantadas aqui por Yaru e Lucas Tupinambá. Gravada nas Oficinas da Oca Digital, em Tupinambá de Olivença.

“Ainda hoje muitas pessoas somente têm acesso a informação sobre eles [indígenas] através da FUNAI, de antropólogos ou obras de não-indígenas que trazem uma interpretação que dificilmente alcança a profundidade de suas culturas e os sentimentos que carregam por gerações. Os Povos Originários sempre rejeitaram a tutela, viveram por séculos de forma autônoma e no cinema também reivindicam ecoar suas vozes e visões de mundo”, relata Arejeju.

Confira os filmes que estarão em Cartaz

Durante seis dias, São Paulo será palco da Aldeia SP - Bienal de Cinema Indígena com uma programação recheada de histórias, bate papo e músicas que englobam o cenário ancestral da cultura indígena. 

O primeiro dia do festival será aberto com o filme que ganhou o Prêmio de Melhor Filme de Longa-Metragem do Júri Popular e Prêmio Especial do Júri Oficial do Festival de Cinema Brasília, “Martírio” de Vicente Carelli às 15h no Centro Cultural de Cultura de São Paulo (CCCSP), seguido pela apresentação do Coral Guarani às 17h e a cantora indígena Djuena Tikuna às 17h30.

Após, muita música o evento abre espaço para roda de conversa com ativista indígena e idealizador da bienal Ailton Krenak, o cineasta Marcos Altberg, diretor Carelli, cientista social da Universidade de Coimbra, Felipe Milanez e ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira.

abracodaserpente 3f91f

Também haverá a exibição dos filmes ficcional “O abraço da Serpente” de Ciro Guerra e o média-metragem experimental inspirado no xamanismo Yanomani, “Xapiri” de Bruce Albert, Gisela Motta, Laymert Garcia dos Santos, Leandro Lima e Stella Senra.

Ficou interessado? Confira a programação dos filmes que serão contemplados no festival e demais eventos na página do Facebook

Bienal de Cinema Indígena – Circuito SPCine

Data: 7 a 12 de outubro.

Entrada: gratuita

Local: CCSP (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso) e CEUs (Aricanduva, Butantã, Casa Blanca, Heliópolis, Inácio Monteiro, Meninos, Paraisópolis, Parque Anhanguera, Parque Bristol, Pera Marmelo e Vila Atlântica)

Última semana da mostra "300 anos de cinema" da Cinemateca Brasileira

A programação de setembro da Cinemateca Brasileira vem destacando as diferentes facetas de seu trabalho cultural e científico e convida a uma reflexão sobre suas funções primordiais, o alcance de suas ações, sua abrangência local e nacional.

"300 anos de cinema" é um acontecimento que reúne momentos da história da sétima arte para compor novas constelações cinematográficas: cinema antigo/moderno/clássico/de vanguarda/sonoro/falado/calado/mudo/gritado/vociferado/pulsante/vivo e em transformação constante na sua relação com as artes, com o teatro, o circo, a música e as artes plásticas.

Da lanterna mágica ao cinema digital, do teatro à performance, do circo à vanguarda. Obras fundamentais da história do cinema, restauradas e preservadas pela Cinemateca Brasileira.

Inspirado no trabalho de Henri Langlois (1914-1977), esse conceito de difusão audiovisual procura fortalecer o debate sobre os novos caminhos da cultura cinematográfica. Não basta restaurar filmes. Não basta apresentar filmes, se eles não podem testemunhar a favor de uma ideia dos rumos da história do cinema e da própria situação das cinematecas.

Para que seja possível discutir sobre as recentes transformações do cinema, é preciso novas formas de história, novos enquadramentos que o revitalizem. Para isso, 300 anos de cinema articula filmes de épocas diferentes, espetáculos teatrais e circenses com conferências científicas, projetando no presente lições aprendidas em diferentes fases. O cinema em suas diversas fases.

Acesse o site para conferir a programação e veja a vinheta da Mostra!

Confira as atrações principais:

Elogio a Langlois

A mostra é uma homenagem a Henri Langlois (1914-1977), o notável fundador da Cinemateca Francesa, que revolucionou a história do cinema ao difundir filmes de diferentes períodos sem conexões evidentes. Personalidade marcada pelas batalhas que empreendeu em favor do patrimônio audiovisual mundial, Langlois é o emblema da luta pela legitimidade das cinematecas como instituições de cultura.

Para recuperar o legado dessa figura vulcânica, a Cinemateca Brasileira exibe obras do próprio acervo, preservadas e restauradas ao longo dos últimos anos, reafirmando o lema de Langlois, para quem a missão fundamental de uma Cinemateca era “restaurar o filme na cabeça das pessoas”. Ao exibir obras-primas do cinema mundial em relação com momentos do cinema brasileiro restaurado, a mostra festeja o nonagésimo aniversário do mais convicto dos guardadores de filmes.

Cômicos e mais cômicos

Evocação da era de ouro do cinema cômico norte-americano, quando Mack Sennett, Ben Turpin, Harold Lloyd, Harry Langdon, Roscoe “Fatty” Arbuckle, Charles Chaplin e Buster Keaton desfrutavam de extrema liberdade criativa e, artistas múltiplos, praticavam a acrobacia, a dança, o circo, a mímica, a poesia.

cinemateca2 b89c6

Com filmes do acervo da Fundação Armando Alvares Penteado, a seleção terá apresentação de Máximo Barro, que discorrerá sobre a evolução do gênero cômico no cinema.

Mais que um complemento

A modernização conservadora brasileira e a convulsão social cubana por meio das lentes das edições de cinejornais do acervo da Cinemateca Brasileira: Cine Jornal Brasileiro, Cine Jornal Informativo, Atualidades Atlântida, Notícias da Semana, Canal 100 e o excepcional Noticiero Icaic Latinoamericano.

Séries estatais e privadas destacam imagens de homens públicos, acontecimentos que marcaram a história política e social, assim como as emoções do esporte e a propaganda de ações filantrópicas. Merece destaque o experimento radical dos Noticieros Icaic, cinejornal capitaneado pelo cineasta Santiago Alvarez em prol da Revolução.

A comunicação de massa e o experimento estético em sintonia com a transformação social permitiram o desenvolvimento da forma do cinejornal, gênero tão rebaixado quanto significativo da história do cinema.

O filme-poema

Segundo o restaurador e teórico Saulo Pereira de Mello, existe na história do cinema uma tradição que pode ser chamada de filme-poema – que não se confunde com o cinema de poesia – da qual faz parte Limite (1931). Essa tradição é representada por um conjunto de filmes que se destaca por novas propostas para a experiência da poesia cinematográfica.

cinemateca1 ba908

Isolados em momentos diversos no fim da década de 1920, em contextos ainda mais diversos, esses filmes, vistos em conjunto, se iluminam de forma surpreendente. Como marca, essa tradição propõe o abandono da narrativa linear, em prol do rigor formal e da expressão da individualidade do cineasta-poeta, que reconstrói o mundo por meio de signos rigorosamente compostos, que compõem versos com imagens, abrindo mão da lógica tradicional estabelecida pela narrativa.

Para homenagear Saulo Pereira e seu trabalho de guardião de Limite, a mostra traz grandes clássicos do cinema mundial, como Terra (1930), de Dovjenko, e A paixão de Joana D’Arc (1928), de Theodor Dreyer. Ao recuperar o filme de Mário Peixoto, Saulo penetrou como ninguém nos mistérios de Limite e seus ensaios constituem o que há de mais significativo sobre o filme emblema brasileiro.

A homenagem se completa com o lançamento da edição em DVD de Limite, incluído no segundo número da Revista da Cinemateca Brasileira.

Atrações cênicas

Essa revista teatral articula lanterna mágica, personagens do cinema, elementos do imaginário popular, em atmosfera de horror e mistério. Com dramaturgia e direção cênica de Felipe de Moraes e a participação dos atores Aline Olmos, Ederson Miranda, Fernanda Januzelli, Jeferson Bazilista e Raiane Steichmann, e com a apresentação de uma seleção de imagens para a lanterna mágica concebida por Luisa Malzoni e Ubirajara Zambotto.

cinemateca3 1c6d7

O advento do cinema na França e nos Estados Unidos, 1905-1914 – Curso do Professor Richard Abel. Para acompanhar os primórdios da história da indústria cinematográfica em contextos nacionais diferentes, a mostra traz títulos raros do chamado primeiro cinema.

Filmes que definiram os caminhos do cinema e ajudaram a formar gêneros que se consagrariam no cinema narrativo. Para discutir as culturas, as economias e as sociedades que esses filmes representam, a Cinemateca Brasileira convidou o historiador Richard Abel, professor da Universidade de Michigan. Autor de livros indispensáveis ao estudioso do cinema antigo, como The Red Rooster Scare (Berkeley, 1999), Abel renova os estudos de cinema ao relacionar a história cultural com a história do cinema, descrevendo um contexto amplo através de fontes praticamente intactas.

A Cinemateca Brasileira publica o livro Americanizando o filme – ensaios de história social e cultural do cinema, que reúne ensaios de Richard Abel.

Grafitti cinematográficos

O grafiteiro Presto cria um grande mural inspirado na história do cinema. Intuitivo e com estilo singular, o artista mescla cores e formas, com gêneros e fisionomias da sétima arte.

De forma mais reflexiva, em abordagem erudita, Leon Kossovitch, em Nox São Paulo Grafitti, recupera as origens do graffiti para realizar um ensaio teórico sobre a escrita e a gravura, ao lado de Carlos Matuck, Waldemar Zaidler e Kenji Ota, que colheram imagens dessa manifestação numa soturna São Paulo.

E mais: Maureen Bisilliat e Lúcio Kodato revisitam o Turista Aprendiz em Decantando as Águas, um diálogo cine-foto-gráfico.

Cineasta Jorane Castro aborda universo feminino em road movie amazônico

“Para Ter Onde Ir”, primeiro longa-metragem de ficção da premiada diretora paraense, conta a história de três mulheres que seguem juntas em uma mesma viagem. Eva, mulher madura e pragmática, Melina, uma jovem livre e sem compromisso, e Keithylennye, uma ex-dançarina de technobrega, dividem acontecimentos e encontros que mudarão seus destinos.

Realizado pela Cabocla Filmes, de Belém, e coproduzido pela REC Produtores Associados, do Recife, com incentivo do MinC e do Governo do Pará, filme concorre na seleção oficial do Festival do Rio 2016, dentro da mostra competitiva Novos Rumos, de 6 a 16 de outubro

Três mulheres, com diferentes visões sobre a vida e o amor, seguem juntas em uma viagem, partindo de um cenário urbano para outro onde a natureza bruta prevalece. Assim é o mote inicial de "Para Ter Onde Ir", primeiro longa de ficção da carreira da premiada diretora paraense Jorane Castro, selecionado para a mostra competitiva de longas Novos Rumos da 18º edição do Festival do Rio.

Os acontecimentos vividos separadamente pelas três revelam as incertezas e os diferentes sentidos daquela viagem para cada uma delas.

O elenco do filme é estrelado pela experiente atriz, bailarina e cantora Lorena Lobato (de O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia e Exilados do Vulcão, de Paula Gaitán). Lorena encarna Eva, uma prática, responsável por orientar os navios de grande porte a atracar, na barra de Belém do Pará. Na pele de Keithylennye, ex-dançarina de tecnobrega e moradora da comunidade da Vila da Barca, em Belém, está a cantora do grupo Gang do Eletro, Keila Gentil. E a atriz Ane Oliveira assume o papel da idealista Melina.

Mulher madura e pragmática, Eva é quem convida a amiga Melina, uma mulher livre e sem compromissos, e a jovem Keithylennye para a sua jornada. No caminho, os acontecimentos vividos separadamente pelas três revelam as incertezas e os diferentes sentidos daquela viagem para cada uma delas.

Estética

Rodado entre abril e maio de 2015, em Belém e no roteiro turístico do Pará, o filme é esteticamente influenciado pela tradição da fotografia paraense, em especial os trabalhos de Luiz Braga e Miguel Chikaoka. Para Ter Onde Irmarca o retorno de Jorane Castro às suas origens enquanto fotógrafa desde seus 14 anos de idade.

“Este é um filme de estrada sobre deslocamento, mas também uma história de busca pessoal, de questionamentos sobre para onde você vai, o que você vai deixar de legado e a que você se propõe neste universo”, justifica Jorane. A fotografia do longa é assinada pelo recifense Beto Martins, o mesmo que fez a direção de fotografia de “A História da Eternidade”, do diretor pernambucano Camilo Cavalcante.

Para Ter Onde ir1 85a17

As filmagens mobilizaram uma equipe em torno de 60 pessoas. “Usamos de dez a 15 carros e chegamos a nos deslocar 35 km da base em um dia. Encaramos contratempos de clima e longas distâncias, optando por uma luz de inverno amazônico. Cerca de 90% da equipe é inteiramente do Pará”, ressalta a diretora.

Seguindo o fluxo das personagens com seus afetos, sentimentos e memórias, "Para Ter Onde Ir" tem narrativa costurada pela trilha musical, uma espécie de “radiola” jukebox. Junto a antigas pérolas do cancioneiro brega paraense (“Amor, amor”, sucesso na voz do cantor Magno, e “Fim de Festa”, escrita pelo guitarrista Manoel Cordeiro, que trabalhou com Beto Barbosa e Alípio Martins, entre outros), a seleção de músicas conta ainda com participações de Lia Sophia, Felipe Cordeiro, além de faixas originais.

A cena em que Keithy canta deslumbrante na aparelhagem foi escrita sob a colaboração de Marcos Maderito e DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro. Toda a produção musical do filme é assinada por Marcel Arêde, nome da nova cena musical paraense. O sound design ficou a cargo de Edson Secco (dos longas “Vaticano”, de Walter Salles e “Transeunte” de Eryk Rocha).

Para Ter Onde Ir2 38c4e

 Na direção de arte, concebida pelo paraense Rui Santa-Helena (parceiro de Jorane no curta Ribeirinhos do asfalto, estrelado por Dira Paes, com o qual ganhou o prêmio de melhor direção de arte no 39º Festival de Gramado), aspectos precários de uma região Norte imersa em uma sociedade de consumo desenfreado ganham ênfase em tomadas específicas.

“Há uma cena em que a filha de Keithy brinca com algo de plástico, como se fizesse parte daquele mundo. A Globalização dá a sensação de ser igual pelo pertencimento. Enquanto isso, ali perto da comunidade, um apartamento que custa R$ 1 ,5 milhão divide espaço com um lugar sem saneamento básico. É o que chamo de um capitalismo precário, uma tentativa de ostentação, quando tudo o que a gente consome no Brasil, da telefonia, passando pela internet à agua e comida, é de péssima qualidade”, pontua Jorane.

Produzido pela Cabocla Filmes, de Belém, em coprodução com a REC Produtores Associados, do Recife, Para Ter Onde Ir conta com incentivo do edital de Longa-Metragem de Baixo Orçamento (Longa BO), da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC), e do Governo do Pará/Secretaria de Turismo. O valor total captado para o filme foi da ordem de R$ 1,35 milhão.

16 produções nacionais concorrem para representar Brasil no Oscar 2017

Já começou a corrida pela representação brasileira no maior evento internacional do cinema. Dezesseis longas-metragens participarão da seleção, na disputa por uma vaga entre os candidatos ao Oscar 2017 de melhor filme em língua estrangeira. 

O período de inscrições encerrou-se no dia 31 de agosto, quarta-feira, e, até sexta-feira, dia 2, foi aceito material postado até o término das inscrições. Após esse período, o MinC analisou a documentação recebida para a habilitação dos candidatos, que ultrapassaram em quae o dobro a quantidade de filmes inscritos no ano passado, de oito filmes.

O vencedor será anunciado no dia 12 de setembro em cerimônia na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A escolha da película é realizada por uma comissão nomeada pelo MinC, especialmente para esse fim, composta por integrantes de "currículos robustos de diversas partes do Brasil" e que "integram diversas etapas da cadeia produtiva do audiovisual", conforme explicou o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Alfredo Bertini.

niseocoracaodaloucura1 46ee2

A comissão é formada por Adriana Scorzelli Rattes; Luiz Alberto Rodrigues; George Torquato Firmeza; Marcos Petrucelli; Paulo de Tarso Basto Menelau; Silvia Maria Sachs Rabello; Sylvia Regina Bahiense Naves; Carla Camurati e Bruno Barreto.

A seleção vem sendo alvo de polêmicas desde o início das inscrições, graças às manifestações de um dos jurados contra o posicionamento político do cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor do filme “Aquarius”, que é um dos favoritos deste ano. O longa-metragem fez sucesso no Festival de Cannes, onde integrou a mostra oficial. Na ocasião, o diretor e elenco do filme manifestaram-se contra o governo interino do "presidente" Michel Temer, postura que foi duramente criticada pelo jurado Marcos Petrucelli. 

Dois diretores, Gabriel Mascaro ("Boi Neon") e Anna Muylaert ("Mãe Só Há Uma"), chegaram a retirar suas candidaturas neste ano, em solidariedade a "Aquarius" e como forma de registrarem seu repúdio à parcialidade da escolha, uma vez que Petrucelli teria dito que não chegou a ver o filme "Aquarius", mesmo estando na mesa diretora. 

Também integram a lista “Mais Forte Que o Mundo - A História de José Aldo”, de Afonso Poyart, “Nise - O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner, e Vidas Partidas, de Marcos Schetchman. Veja a lista completa: