Crítica do filme Sem Evidências | Uma história mal contada de um caso real

Sem Evidências é baseado em um caso real de assassinato, sendo assim é bem complicado mostrar algo desse gênero em um filme "linear" de duas horas. É um pouco triste a forma como um caso chocante assim foi representado, um mero suspense com toque de sobrenatural. 

Em 1993 os adolescentes Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley Jr. foram acusados de assassinar brutalmente três crianças de oito anos. Em um julgamento repleto de polêmicas e incertezas, eles foram condenados. Após uma longa batalha judicial, foram soltos em 2011

Acontece que nenhuma das evidências apresentadas indicam que foram os "adoradores do diabo" os responsáveis pelo crime. O spoiler está no título! O filme mostra as investigações do caso, e em cada momento uma coisa diferente é dita. Não se sabe qual é a verdade, em cada momento os relatos são contados de uma forma diferente, então você percebe que tudo que está sendo dito ali é mentira.

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Cada personagem e ponto de vista é retratado de forma bem superficial, para sustentar a aura de mistério. E existem muitas pessoas envolvidas nisso, tanto que é difícil se prender em um personagem só. A possível exceção é Pam Hobbs (Reese Witherspoon), mãe de uma das crianças assassinadas. Ela serve como fio condutor para o expectador, no começo é tudo muito revoltante e você quer achar um culpado, e com o decorrer da história você já não sabe em que acreditar e faz papel de bobo, assim como ela.

O elenco conta com atores bem respeitáveis, como a já citada Resse Whiterspoon, Colin Firth e Dane DeHaan,  mas eles aparecem tão pouco e são tão superficiais que mal dá pra prestar atenção em suas atuações. 

Sempre que algo estranho acontece, culpam os adoradores do diabo.

E o garoto Damien Echols (James Hamrick), que foi o escolhido para ser o culpado de todo o caso relacionado ao assassinato, deixa claro o tempo todo que não tem nada a ver com Satanás. Aliás, já notaram o tanto de vezes que algum Demian/Damien é relacionado à Satan? Enfim, ele se diz Wicca, acusam ele de gostar de Aleister Crowley e tudo mais, e no final ele é só um menino que se veste de preto com problemas psicólogicos.

Todo mundo sabe que está sendo enganado, inclusive o espectador, e mesmo assim acaba mal pros esquisitos. Vale lembrar que o filme foi adaptado do livro "The Devil’s Knot: The True Story of the West Memphis Three".

No geral, eu achei um filme bem entediante, mas vale a pena assistir pra tentar entender o caso real, e a pensar duas vezes antes de acreditar em tudo que falam por aí.

Crítica do filme Apenas uma Chance | História de superação regada a talento

Os programas do tipo “caça talentos” ficaram muito populares, tanto que existem em muitos países. Bom pra quem gosta de ver gente desafinada, engraçada, criativa e, vez ou outra, algum talento de verdade.

Apesar de ser entretenimento para muitos, esse tipo de show é levado a sério por muita gente. Essa era a oportunidade que faltava para quem sempre teve um sonho e jamais imaginou ter a chance de realizá-lo.

Paul Potts é uma dessas pessoas que sempre quis mostrar seu dom ao mundo, mas que por conta de inúmeras adversidades nunca tinha ido além do “quase”. Isso até que participou do programa Britain's Got Talent — e ganhou! Veja o vídeo:

Apenas uma Chance” é o filme biográfico que mostra como esse rapaz conseguiu conquistar os palcos com sua belíssima voz. O fim do filme todo mundo já sabe, assim, a grande sacada aqui é o miolo da história, que tem inúmeras reviravoltas.

Que vida difícil!

Paul Potts é o tal do cara que sempre se deu mal, sendo perseguido desde os tempos de colegiais e não recebendo o apoio devido do pai para seguir sua vocação. Todavia, o apoio da mãe e pessoal do coral da igreja sempre foram fundamentais para que ele soltasse a voz.

“Apenas uma Chance” usa de artimanhas bem simples, mas funcionais, para mostrar esses problemas de infância intercalando com cenas diretas para mostrar o crescimento do protagonista. Com câmeras fixas e apenas alguns objetos se interpondo no caminho, o filme tira de cena Paul em ainda criança e, logo em seguida, já mostra o rapaz um pouco maior.

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Esse ritmo acelerado no começo do filme é importante para evitar as delongas, já que o principal da história são os problemas da fase adulta. Ao longo de sua adolescência e parte da fase adulta, Potts teve inúmeros problemas de saúde, o que impedia muitas vezes que ele seguisse a carreira de cantor.

Acontece que, em alguns casos, o protagonista da história é que acabou se sabotando. Se você viu o trailer, já deve ter visto que ele até mesmo cantou para o Pavarotti — e fracassou miseravelmente. Ocorre que, felizmente, o filme não é composto apenas de desgraças, sendo que há muitos momentos de alegria e boas surpresas para deixar o espectador ligado na história.

Gente bonita, música boa, amor e uma pitada de drama

O ator que interpreta Paul Potts é James Corden (que você talvez já tenha visto em “As Viagens de Gulliver” e que estará no filme “Mesmo Se Nada Der Certo”). Corden é um bocado mais bonito que o verdadeiro Potts, mas a produção conseguiu estragar os dentes e deixá-lo um pouco mais parecido com o cantor em seus tempos de início de carreira.

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A namoradinha de Potts, que posteriormente acaba se tornando sua esposa, é interpretada por Alexandra Roach, que também destoa um bocado da pessoa da história real. Essa questão da aparência poderia ter sido mais caprichada, mas, tudo bem, dá pra dar um desconto nesse sentido, já que os dois atores escolhidos fazem muito bem seus papéis.

Quando assisti ao filme, fiquei me questionando se James Corden realmente cantou durante o filme, já que a cantoria apresentada na película é realmente impressionante. Posteriormente, encontrei uma matéria na BBC que relata que, mesmo Corden tendo algumas aulas com uma professora especialista, ele não foi capaz de atingir as notas necessárias para as canções.

Assim, as músicas do filme são cantadas pelo próprio Paul Potts e sincronizadas com as imagens. A voz de Potts é realmente impressionante e capaz de tocar a alma da plateia. As músicas escolhidas para todo o filme também foram muito bem pensadas, tanto as canções comerciais que embalam algumas cenas, quanto as óperas, que são o grande destaque.

Muitas dessas canções são usadas nas cenas de paixão entre o casal principal, o que deixa o filme realmente poético. Algumas cenas rodadas na Itália ficaram geniais, pois levam o espectador para conhecer as escolas de músicas (isso sem contar que as paisagens são muito belas).

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Sobre a parte do choro, é importante ressaltar que o filme nem força a barra, sendo natural que a emoção apareça em algum momento. Eu, quando vou ver um filme de drama, costumo levar uma cebola para cortar enquanto assisto. Em “Apenas uma Chance”, acabei percebendo que meus olhos estavam transpirando, mas aí, então, lembrei que era a cebola.

Brincadeiras à parte, devo admitir que o filme tem sim seu momento de dramaticidade bem aguçado, sendo difícil conter as lágrimas ao ver o sonho de alguém se realizando após tanto tempo. A história de Paul Potts é muito bonita, sendo ideal para quem gosta de música e de conhecer uma história de superação.

Crítica do filme Antes do Pôr-do-Sol | Desenvolvendo sentimentos de forma ímpar

Semana passada passou por aqui a crítica do filme "Antes do Amanhecer", o primeiro de uma trilogia que hoje tem sua segunda parte se fazendo presente. O nome agora é "Antes do Pôr-do-Sol" (Before Sunset), pôr-do-sol este que demorou nove anos para acontecer.

No filme anterior somos apresentados à Celine (Julie Deply) e Jesse (Ethan Hawke) no momento em que o caminho dos dois se cruza e eles começam a conversar, flertar e, enfim, se apaixonar. No entanto, o propósito era passar apenas aquela noite juntos aproveitando uma experiência única e o fato de que não haveria compromisso algum depois disso.

A ideia era empolgante, mas essa história chega ao fim com o sentimento de solidão e chateação inevitável depois de uma conexão tão forte. Porém, havia uma luz no fim do túnel. Antes de seguir viagem os dois fazem uma última promessa: em exatos seis meses os dois se encontrarão no mesmo lugar em que agora estavam se despedindo. Os dois não trocaram telefone, endereço ou se quer os próprios nomes completos, deixando tudo na mão do destino.

Como citado um pouco antes, o destino foi um pouco mais lento do que o esperado e algumas coisas deram erradas no meio do percurso, fazendo com que os personagens seguissem suas vidas em rumos diferentes por nove anos até terem se cruzarem novamente.

Graças a um livro bem sucedido que Jesse escreveu baseado na noite em que passou ao lado de Celine, o escritor acaba por fazer uma turnê promocional que o leva até Paris, onde a moça continua morando. Enquanto conversa com os jornalistas presentes na entrevista que acontece em uma pequena livraria, Jesse vê Celine no fundo da loja e o mundo para por alguns segundos e é dai que se dá partida ao segundo filme da trilogia.

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Os dois saem juntos em direção a um café enquanto colocam o assunto em dia e saciam as nossas dúvidas sobre o rumo da vida de cada um, seus desencontros, sucessos, sonhos e frustrações. O filme foi feito com o intuito de retratar uma conversa em tempo real que se desenrola no decorrer dos 80 minutos de produção, ao contrário do filme anterior onde temos uma noite inteira condensada em 105 minutos. Mesmo assim, essa segunda parte se mostra muito mais densa do que a anterior.

Com a mesma atuação ótima dos dois atores e a presença de dois personagens mais maduros se reencontrando, o espectador se depara com um filme um pouco mais frio, porém com a sensação constante de torcer para que as coisas deem certo.

Parte da naturalidade do filme vem do fato de que é uma produção conjunta dos atores e de Linklater, que se mantinham em contato direto oferecendo partes de suas experiências ao diretor durante a escrita do roteiro. Dessa forma, é possível sentir de fato uma ligação com as palavras ditas. Além disso, seguindo a linha do primeiro filme, os diálogos são envolvidos nos sentimentos de forma tão sutil e natural que é impossível não percebê-los escondidos por trás de cada olhar dos atores.

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Um ponto interessante sobre a produção, é que, devido ao período em que o filme se passa (um fim de tarde), o diretor escolheu por gravar todas as cenas em tempo real, em um mesmo período do dia para manter a sua atmosfera e ser realista, contando muito com o bom preparo dos atores para que as tomadas fossem realizadas em momentos exatos. Isso reduzia as horas de filmagem para apenas duas a quatro horas diárias, e o filme acabou sendo todo gravado em apenas 15 dias.

O filme funciona bem mesmo que seja assistido de forma isolada, mas é interessante ver a trilogia dentro do conjunto para notar a evolução dos personagens e da relação entre eles. No decorrer de "Antes do Pôr-do-Sol", nós vemos duas pessoas que se reencontram e parecem devolver um pouco da vontade de viver de cada um, ao passo em que uma memória, que antes era nostalgia, agora tem espaço pra reviver e respirar por mais um tempo e cessar as incertezas do que poderia ter acontecido de acordo com os rumos que a vida leva.

Ame ou odeie. Todos os filmes da trilogia são bem diferentes do padrão que muitos podem estar acostumados. Mas se você gostou do primeiro, não vai se decepcionar com essa sequência.

Crítica do filme Aviões 2 | Nova profissão, diversão acima do esperado

Desde que a Disney lançou o filme “Aviões”, eu já tinha uma ideia de que um segundo filme viria por aí, já que isso aconteceu com “Carros” e outras tantas animações da empresa.

Entretanto, para ser sincero, eu não tinha me animado com a ideia de um filme que apenas emprestava a fórmula dos Carros e colocava asas nos veículos. E, se você parar pra analisar, há muita semelhança entre as duas.

Felizmente, essa semana a Disney nos convidou para ver “Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate”, o que acabou me obrigando a ver o primeiro filme com urgência para ter uma noção da proposta e conhecer os eventos que precediam o novo longa-metragem.

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Admito que o primeiro filme tem seus momentos divertidos, mas, para mim, ele não foi tão cativante. Acontece que a segunda aventura de Dusty consegue ser muito melhor do que a primeira, sendo que este filme pode sim ser um bom programa para a criançada e até mesmo para os adultos.

Proposta única e capaz de entreter

Na minha opinião, o grande “defeito” do primeiro filme dos Aviões era a simplicidade da história. É compreensível que o começo de uma série deve apresentar os personagens e, talvez por isso, a criatividade seja um pouco limitada, porém acredito que haveria inúmeras formas de mostrar esse universo aéreo. Sinceramente, acho que as corridas de aeronaves não foram muito cativantes.

Ainda bem que a Disney mudou bastante a fórmula em “Aviões 2”. Se você já leu o resumo do filme ou viu algum vídeo, já deve estar sabendo que nosso amigo Dusty teve alguns probleminhas de motor e, agora, está fora de vez das corridas. Unindo tal inconveniente ao fato de que a moradia dos aviões está necessitando de um bombeiro, você pode ter ideia do miolo da história.

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Na nova animação, o avião protagonista da história precisa ir para um local distante realizar o treino de bombeiro. Assim, além de termos um roteiro bem diferente, podemos conferir novas paisagens belíssimas e personagens totalmente diferentes. É um verdadeiro combo de novidades que deixa o filme muito diversificado e interessante.

Voando lento, mas divertindo muito

Dusty continua o mesmo carinha simpático de sempre, sendo que ele vai fazer de tudo para deixar o filme bem emocionante. Ainda que esteja mais lento, o protagonista da história não perde o humor e aprontas poucas e boas para ter aquelas reviravoltas já comuns em filmes do gênero.

Como o filme trata de uma atividade completamente nova, o público fica com os olhos fixados na tela para ver como a equipe de bombeiros fará para apagar o fogo. Por conta dessas situações perigosas, os efeitos na versão tridimensional do filme ficam muito agradáveis. É um verdadeiro banho de água em cada nova situação de perigo.

Os novos amigos de Dusty deixam o filme muito legal. A personagem Dipper é a sensação da animação, ainda mais por conta da dublagem da Tatá Werneck. Sério, essa mocinha é doidinha tal qual a atriz, sendo uma tagarela que faz boas participações durante toda a projeção.

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Outros colegas de trabalho e até mesmo alguns carros deixam “Aviões 2” ainda mais supimpa. É uma verdadeira festa de novos veículos. Apesar de acertar em boa parte das ideias, na minha humilde opinião, a animação com dublagem brasileira peca nas piadinhas sem graça (com direito a frases do tipo “Sabe de nada, inocente” e “Beijinho no ombro”), ainda mais pela repetição.

As músicas, em sua maioria, são comerciais (vale ressaltar que não tem nada muito famoso, o que é ótimo!), mas as escolhas foram certeiras. Com direito até mesmo a “Thuderstruck” do AC/DC, a nova aventura de Dusty consegue superar facilmente o que vimos no primeiro filme.

Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate” não é o melhor filme da Disney, tampouco é um longa que acerta em tudo, porém é garantia de diversão para todo mundo, mesmo que não tenha piadas que o farão cansar de tanto dar risada. O humor é trabalhado sob medida e as boas ideias são garantia de um bom programa no cinema.

Crítica do filme Planeta dos Macacos: O Confronto | Yes, nós temos banana!

"Planeta dos Macacos: O Confronto" estreia no dia 24 de Julho, mas eu já estava esperando há muito tempo. E todas as minhas expectativas foram satisfeitas, pois o filme é incrível!

A história se passa dez anos após os eventos de "Planeta dos Macacos: A Origem", quando Cesar e seus companheiros símios se refugiaram nas florestas de São Francisco e a Gripe Símia varreu quase toda a humanidade da face da Terra.

Embora os trailers mostrem todas as cenas principais da trama, o filme é desenvolvido de forma bem cativante. Aliás, não existe muita novidade no que vai acontecer, mas é muito interessante ver como acontece. Desde o primeiro filme, todos os eventos que levarão ao verdadeiro "Planeta dos Macacos" são explicados, e em "O Confronto" não é diferente.

O mais legal é que o Confronto do título só acontece na parte final do filme, não existe ação desenfreada o tempo todo, mas dois lados tentando evitar o conflito. É interessante considerarmos a ideia de que se não fossem macacos contra humanos, a trama continuaria interessante.

E indo ainda mais longe, os macacos (ou pelo menos a maioria), representam a razão, a segurança das famílias e a paz em si, enquanto os humanos (com exceção da família que ajuda Cesar) agem como primitivos, pensando apenas em "reconquistar o que era deles".

A trilha sonora composta por Michael Giacchino acompanha toda a tensão da história, assim como todos os cenários criados quase que totalmente por computação gráfica, mas durante o filme você nem vai pensar nisso. É tudo muito convincente!

Macacada reunida!Macacada reunida!

Se o que faltou na prévia de Planeta dos Macacos: O Confronto eram os efeitos de pós-produção, a espera valeu a pena! Toda a macacada é extremamente convincente, todas as ações e expressões são representadas com maestria, com apenas a resalva de que é fácil identificar quando o macaco é 100% digital em comparação aos atores com captura de movimentos, mas isso nem chega a ser um problema.

A questão principal é que em cada momento os macacos vão fazer o público reagir de forma diferente. Quando eles querem parecer ameaçadores, você vai sentir medo, quando eles querem parecer imponentes, você vai respeitá-los e até torcer por eles, e quando eles querem ser amigáveis, você vai desejar um macaco de estimação. Isso tudo graças a excelente atuação de Andy Serkis (Cesar), Toby Kebbell (Koba) e Karin Konoval (Maurice), apenas para citar alguns.

Os símios possuem uma linguagem de sinais própria (que é traduzida nas legendas), e misturam palavras "humanas" com gestos típicos dos macacos, tudo muito bem encenado. O "elenco humano" conta com Jason Clarke (Malcolm), Gary Oldman (Dreyfus) e Keri Russel (Ellie), mas suas participações são totalmente eclipsadas pelos símios, apesar de representarem bem seus papéis.

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E a ideia é essa mesmo. Se você prestar atenção, tanto os humanos quanto os macacos estão apenas tentando proteger suas famílias e sobreviver. Os dois lados estão certos, e o Confronto é inevitável porque cada humano tem um ponto de visita e uma forma de contornar a situação, assim como os macacos. Só que é muito mais fácil torcer para os macacos vencerem, porque os humanos são muito burros e egoístas, com a óbvia exceção da família de protagonistas que fazem o papel de heróis.

Os humanos são tão insignificantes que cada personagem precisa de exatamente uma fala para descrever quem eles são e qual a sua história. O que é ótimo, pois não precisamos prestar atenção em draminhas familiares e podemos focar nossa atenção nos macacos.

Se eu pudesse recomendar um filme para ver esse mês, eu diria para assistir Planeta dos Macacos: O Confronto, e vale muito a pena ir ao cinema conferir esse filme excelente. É claro que ele possui falhas, mas tudo é compensado em um contexto geral.

Crítica do filme O Melhor Lance | Obra de arte com suspense autêntico

O cinema europeu tem muita coisa boa, mas poucos filmes chegam aqui. De vez em quando, temos o prazer de conferir uma ou outra obra, sendo que algumas impressionam muito além do esperado. “O Melhor Lance” é o tipo de longa-metragem que se encaixa bem nessa descrição.

Escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore (cineasta responsável por “Cinema Paradiso”), este filme italiano é um suspense que faz a plateia fixar os olhos na tela por mais de duas horas para desvendar todo o mistério.

A história se passa em um mundo de leilões de antiguidades. O protagonista da história é Virgil Oldman, um gênio do ramo que, além de realizar os leilões, faz a avaliação de inúmeras raridades.

Por conta de sua fama, Oldman (Geoffrey Rush, também conhecido como o Capitão Barbossa de “Piratas do Caribe”) é contratado pela jovem Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks) para leiloar sua extensa coleção de arte deixada por seus pais. Até aqui, nada de extraordinário.

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Acontece que, por algum motivo, essa mulher não quer aparecer em público, o que deixa o leiloeiro encucado. Para tentar resolver esse mistério, Oldman conta com a ajuda de Robert (Jim Sturgess), um gênio das engenhocas que manja de mulheres e que, de quebra, vai reconstruir uma antiguidade encontrada nos pertences de Claire.

Parece complexo, mas, durante a projeção, tudo é bem explicado. O filme alterna entre esses paralelos, sendo que as peças do enigma são encaixadas conforme o tal objeto antigo é montado. Aos poucos, o suspense cresce ainda mais e muitas coisas inesperadas (e algumas até estranhas) deixam o filme ainda mais interessante.

Uma verdadeira obra de arte

Artisticamente falando (e não querendo desmerecer outros países), a Itália é o berço da arte, sendo que o maior acervo de pinturas do mundo está lá. Assim, nada mais inteligente do que gravar o filme na bota europeia e aproveitar as paisagens e as obras italianas.

A história de “O Melhor Lance” se passa em um número limitado de cenários, mas tudo remete claramente ao tal mundo dos leilões. O enorme casarão onde Claire reside é ideal para o clima de suspense, sendo também um verdadeiro labirinto para guardar todas as antiguidades e quadros.

O elenco surpreende. Geoffrey Rush faz um papel ousado e mantém o filme de pé tranquilamente. Jim Sturgess (de “A Viagem” e “Mundos Opostos”) tem participação limitada, mas mostra bom desempenho. Os atores são bem entrosados e há indivíduos que agregam o bastante ao roteiro — até o Donald Sutherland aparece pra dar um oi.

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Apesar de pouco conhecida, Sylvia Hoeks (que atua mais no cinema europeu e faz muitos curtas) consegue esconder o jogo durante todo o filme. Isso sem contar que, da mesma forma como coloca o protagonista em um enigma complexo, ela é capaz de atrair a atenção do espectador e deixar o maior climão de mistério.

Todo o clima de suspense é perfeitamente mesclado com esse mundo de obras de arte, isso graças à parte sonora. A trilha sob a responsabilidade de Ennio Morricone é perfeita! As músicas (clique aqui pra ouvir uma das faixas) abusam de instrumentos clássicos, sendo muito bem entrosadas com as cenas de mistério. De fato, Morricone é mestre!

Nota 10 para o conjunto da obra

O roteiro de “O Melhor Lance” é bem desenvolto e consegue prender a atenção do público. O longa também agrada ao abusar de uma temática pouco explorada atualmente, introduzindo alguns assuntos bem curiosos (que você descobrirá ao assistir ao filme).

Entretanto, é preciso relatar que o longa não é livre de falhas. Poderia haver um pouco menos de enrolação, visto que há reviravoltas desnecessárias. Durante a projeção, é perceptível que o roteiro tenta insinuar inúmeras vezes algumas comparações entre mulheres, obras de arte e leilões. Isso não é ruim, mas poderia ser menos forçado.

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Eu, como estudante de artes, me identifiquei muito com a proposta e as ideias do longa. Assim, acredito que artistas e designers também vão encontrar muitos elementos familiares que deixam o filme bem interessante. Todavia, pensando como cinéfilo, acredito que a surpresa foi ainda maior ao perceber que o cinema italiano tem capacidades surpreendentes.

O Melhor Lance” é um ótimo filme de suspense que deixará você cheio de dúvidas até o último instante. É um programa ideal para quem adora o gênero. O filme estreia nesta quinta-feira (17 de julho).