Crítica do filme A Culpa é das Estrelas | O amor pode remediar tudo

"A Culpa é das Estrelas" conta a história de Hazel (Shailene Woodley), uma garota de 17 anos com câncer terminal e seu novo amigo, Augustus (Ansel Elgort), do grupo de apoio à jovens com a doença. O filme é uma adaptação baseada no livro homônimo (já bem conhecido) de John Green, que eu particularmente não li... Logo, a opinião é baseada estritamente no filme.

Hazel foi salva por uma droga em estágio experimental quando mais nova, depois de passar por vários procedimentos para o câncer de tireoide descoberto aos 13 anos. Apesar de ter algumas sequelas pulmonares que a obrigam a andar com um cilindro de oxigênio o tempo inteiro, a garota leva a vida da forma mais normal possível.

Com o decorrer dos anos, Hazel se tornou uma pessoa pragmática, fria e até mesmo cínica às vezes. Ela tem plena consciência do pouco tempo que tem de vida, mas não se importa muito com isso. Sua preocupação é apenas sobre as pessoas que vai deixar para trás. Sua atitude perante a doença faz seus pais acreditarem que Hazel está com depressão, fazendo com que ela compareça as reuniões sempre recomendadas pelos médicos.

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Tentar se afastar de mim não vai diminuir o que sinto por você

Augustus é um "sobrevivente". Depois de mais de um ano livre do câncer que o fez precisar amputar parte de sua perna, o ex-atleta tem uma atitude totalmente positiva, sempre fazendo brincadeiras e apoiando as pessoas. É numa dessas que ele comparece a uma reunião do grupo de apoio junto de Isaac (Nat Wolff), um amigo que ainda luta contra a doença, e cruza com Hazel. Os dois se encaram o tempo todo, até que na saída o garoto vai intimar Hazel para assistir a um filme e dai começa a relação que é o foco do filme.

Os dois se aproximam cada vez mais, mudando aos poucos a percepção de cada um sobre o sofrimento, a dor e até mesmo sobre a morte. Diferente do que costuma acontecer, o romance entre os dois acontece de forma bem lenta enquanto os dois vão se conhecendo e criando uma base para que isso acontecesse. Hazel tem uma grande resistência a se aproximar das pessoas, pensando no sofrimento delas quando ela finalmente se for. Mas Augustus aos pouco quebra as resistências da garota e os dois se entregam ao que sentem.

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Woodley e Elgort tem performances interessantes. Os dois já contracenaram antes no filme Divergente, onde eram irmãos. Agora, pouco tempo depois, são dois pombinhos apaixonados unidos pela desgraça. Woodley é uma jovem atriz que se destaca sendo capaz de convencer e conquistar o público, além de dar profundidade ao personagem.

Elgort pode ser um pouco irritante, sempre confiante e com um sorriso gigante no rosto que assusta um pouco, mas que dá margem para os personagens se desenvolverem e para as mudanças de Hazel. Já quando as cenas mais tocantes acontecem, Elgort também se dá bem e faz a gente sofrer um pouco junto.

Em segundo plano temos os pais de Hazel. O senhor e a senhora Lancaster (Sam Trammel e Laura Dern) são... Ok. (Ok? Ok. Ok.) Laura Dern parece meio confusa. Em certos momentos era possível entender a mãe desesperada por realizar cada desejo de Hazel, mas em outros simplesmente não dava pra entender o que ela queria com aquele sorriso no rosto.

Já Sam Trammel tem uma atitude menos caricata e mesmo assim você acredita no medo do pai em perder a filha. Também há a participação de Willem DaFoe como o escritor preferido de Hazel. Apesar de não aparecer muito, é excepcional em suas cenas.

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Ainda que seja apenas um drama com pitadas de romance, o filme tenta mostrar tudo de forma "jovem e descolada". As mensagens de texto trocadas entre Hazel e Augustus são mostradas em forma de caixa de texto estilosinha na tela, assim como os emails.

Os planos e movimentos de câmera tentam ser o mais dinâmico possível, destaque para o desempenho do pessoal de direção de fotografia que faz um excelente trabalho com os ambientes e a iluminação em certas cenas. A trilha sonora foi igualmente bem pensada, sem apelar para músicas pops e encaixando e conduzindo as cenas de forma adequada, principalmente nas cenas sem diálogos.

O filme é triste. Tem seus momentos de gracinhas, mas é sofrido, chegando a cansar um pouco em certos momentos.  Pelo tema, não tem como ser super light, principalmente porque ele é sincero (apesar de ter paciente de câncer terminal corado e bonito que aguenta certas manobras com um cilindro de oxigênio que não é nada leve).

Ele é sincero nos sentimentos e é pragmático, tal como a sua personagem principal. Ele faz rir, ele faz chorar (apesar de isso não ser novidade de alguém como eu, que se emociona com comercial de margarina) e é bem bonitinho.

"A Culpa é das Estrelas" tem estreia prevista para o dia 5 de junho.

Crítica do filme “No Limite do Amanhã” | Imagine que louco reviver o mesmo dia!

Ano passado, nosso amigo Tom Cruise nos presentou com uma bela ficção chamada “Oblivion”. O filme que dividiu opiniões era um tanto superficial, mas tinha seu charme. Agora, o ator charmosão volta aos cinemas para mais uma ficção científica, porém em um projeto com uma pegada completamente diferente.

Se você já viu os trailers e a sinopse de “No Limite do Amanhã” deve ter sacado que este é um filme que — além de tratar da guerra futurista contra os aliens — lida com viagens no tempo. Com o slogan “viva, morra, repita”, o projeto ganhou notoriedade e deixou muita gente na expectativa.

O filme dirigido por Doug Liman (que também comandou a “A Identidade Bourne”) é baseado na obra “All You Need is Kill” (escrita por Hiroshi Sakurazaka e ilustrada por Yoshitoshi Abe). O resultado final deste projeto inusitado é surpreendente e posso adiantar que o filme consegue explicar bem suas ideias.

“No Limite do Amanhã” é um filme que trata de uma invasão alienígena no planeta Terra, situação que leva todas as nações a unirem forças para combater os extraterrestres. No meio deste cenário de guerra, temos o tenente-coronel Bill Cage (Cruise), que apesar de ser de alta patente nunca esteve em um campo de batalha.

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A vida de oficial de Cage era apenas de fachada. Ele costumava dar entrevistas para a mídia e pagar de lindão. Acontece que sua rotina é completamente alterada quando ele é rebaixado e enviado para o campo de batalha — em uma missão suicida. Pois é, não dá nem cinco minutos e o cara já morre ao ser atacado por alien sinistro.

O filme poderia acabar aqui, afinal, o protagonista morreu, mas é claro que nem tudo está perdido quando você pode voltar no tempo. Ao abrir os olhos, Cage está no começo do dia, como se nada tivesse acontecido. Ele não sabe como isso aconteceu, mas acaba sendo obrigado a voltar para a guerra e morrer novamente. E de novo. E outra vez. Ele morre até cansar.

Contudo, em uma dessas repetições, ele conhece a guerreira Rita Vrataski (Emily Blunt), que, antes de morrer, diz para ele procurá-la quando ele começar o dia novamente. Vrataski explica para ele o que está rolando — algo que você só vai descobrir se ver o filme — e diz que ele deve acabar com a guerra.

Refazendo o dia como você quiser

O que conferimos a seguir são as inúmeras tentativas de Cage de tentar completar o dia de forma perfeita, salvando todo mundo e acabando com os aliens. É como se ele estivesse em um jogo de video game e pudesse repetir os mesmos fatos até terminar a missão da maneira correta. Aliás, é bem provável que você já tenha feito essa relação com os jogos digitais ao ver o trailer.

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A parte boa do filme é que, diferente dos games, não há restrições, ou seja, a história pode tomar inúmeros rumos. Em um jogo, você tem uma missão que é preparada para ser realizada em um único cenário. Em “No Limite do Amanhã”, o tenente Cage pode sair de sua rotina e buscar novas soluções para terminar o dia.

Assim, ele resolve explorar a base militar, dar umas voltas em sua motoca, explorar novos ambientes e buscar novos jeitos de finalizar a missão. Essa busca por novos horizontes prende a atenção do espectador e deixa o filme com um ritmo muito interessante. A cada dia, é possível tentar fazer algo diferente e ver o que acontece, e tudo fica ainda melhor se você não tem medo de morrer.

É curioso que essas viagens consecutivas no tempo também causam confusão, afinal, será que tudo isso é real? Conforme Cage tenta novas manobras para finalizar o dia, ele conhece novas pessoas e descobre mais informações. As possibilidades são infinitas e as perguntas também. Aos poucos, as perguntas são respondidas, mas algumas brechas devem permanecer. O filme não se preocupa em fechar todas as pontas, o que pode incomodar quem é mais exigente.

Um futuro recheado de paradas maneiras

As ficções hollywoodianas costumam ter uma pegada bem exagerada de viagens para outros planetas, com direito a naves gigantescas que viajam na velocidade da luz e armas sinistras capazes de aniquilar geral. Aqui, a história não é tão viajada, sendo este um filme bem “pé no chão”.

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Pra começo de conversa, tudo se passa aqui na Terra. Nossas armaduras e equipamentos bélicos não são de outro mundo. E nem temos naves tão avançadas. Os aliens são uma piração bem de Hollywood, mas o modelo de extraterrestre adotado foi bem pensado. Os bichos de outro planeta parecem as criaturas de “Matrix”, mas há diferentes monstros. A complexidade do inimigo é o que dá o charme do filme, sendo um dos propulsores para deixar a história mais convincente.

É importante ressaltar que o filme não se passa nos Estados Unidos, algo raro para um filme de Hollywood, visto que os aliens sempre têm preferência por Nova York. A verdade é que os ETs já destruíram tudo, sobrando poucos cenários em que é possível travar batalhas. Conforme o roteiro progride, podemos ver várias cidades devastadas. Aliás, boa parte da história se passa na Europa, em ambientes inusitados e com tropas de todas as partes do mundo.

Os cenários de guerra de “No Limite do Amanhã” são impressionantes. O filme trabalha com grandes ambientes, os quais são capazes de comportar as incríveis criaturas e oferecer espaço para Tom Cruise fazer suas traquinagens.

O diretor de fotografia é Dion Beebe, que já trabalhou no filme do “Lanterna Verde” (mesmo que você não goste, é preciso admitir que a concepção dos cenários deste filme é genial) e no longa “Memórias de uma Gueixa”, daí podemos entender o porquê das paisagens bem pensadas.

Se você joga video games, vai se identificar com alguns ambientes desolados e caóticos. A cena que se passa na casa de campo (que também está no trailer) tem um ar de “The Last of Us”. Os demais locais por onde Cage passa também dão a sensação de que estamos em um futuro bem terrível.

Durante todo o filme, os efeitos visuais dão conta do recado, nos engando perfeitamente. Os alienígenas são incríveis, tanto na qualidade gráfica quanto na movimentação robótica. As explosões, cenas com grandes naves e paisagens inusitadas também são todas feitas em computador. Tudo é muito convincente.

Para acompanhar toda a ação, temos a trilha de Christophe Beck (que foi compositor de algumas músicas de “Frozen: Uma Aventura Congelante”). Os sons oscilam conforme as cenas e deixam o público ainda mais empolgado.

Vale comentar ainda que Tom Cruise e Emily Blunt formam uma dupla sensacional. Os dois mandam super bem na atuação, sendo este um dos melhores filmes de Cruise. Não preciso nem falar que a lindíssima Blunt continua sendo linda, né?

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No Limite do Amanhã” é uma das melhores ficções que eu já vi. Trata-se de um filme inteligente, com ritmo agradável e um roteiro muito atraente (com algumas ideias inéditas). Particularmente, achei o filme excelente, mas eu certamente fiquei um bocado decepcionado com o fim. Vamos ver se ele consegue o título de melhor ficção do ano (a competição será árdua com “Interestelar” vindo aí).

Crítica do filme Sob a Pele | Sexy sem ser vulgar

Desde o lançamento do primeiro trailer — lá no começo do ano — do filme “Sob a Pele”, apareceu aquele grupinho de intelectuais metidos a manjadores falando que este seria mais uma obra genial, imperdível, nunca antes pensada, etc.

A verdade é que essa obra do diretor (não muito conhecido) Jonathan Glazer se encaixa no gênero que chamamos de cult, que é composto por projetos que geralmente tratam de algum tema de forma abstrata e exigem uma interpretação profunda do espectador.

Assim, antes que eu entre em minhas divagações sobre o tema, devo dizer que o filme não é bem o que o público geral espera. Se você é do tipo que gosta de filmes de ficção científica que têm extraterrestres tradicionais e um enredo bem definido, então “Sob a Pele” não é o que você procura.

Já antecipo aqui que é o filme é muito bom e de uma riqueza visual ímpar, mas acho válido relatar de antemão que ele não é toda essa genialidade que os “entendidos” de filme cult dizem. Trata-se de uma visão diferente do tema proposto, mas nada que vá fazê-lo refletir muito ou ficar extasiado.

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Bom, para você que não conhece o filme (você talvez nem deveria ler uma crítica para não reclamar de spoilers), vale uma introdução. Em “Sob a Pele”, acompanhamos uma alienígena (Scarlett Johansson) sensual sem nome que oferece carona para desconhecidos e consome aqueles que demonstram um apetite sexual muito voraz.

A poderosa genitália alienígena

A introdução do filme denota o que vem pela frente. São alguns bons minutos de cenas sem sentido que deixam o público fazendo questões sobre o que está acontecendo. As imagens abstratas parecem mostrar o universo, mas aos poucos podemos conferir que tudo se passa dentro dos olhos da alienígena sensual.

Não há quaisquer falas durante os primeiros momentos, porém um constante ruído sonoro é usado como trilha sonora. Não deve demorar muito para que ele cause incômodo e você se sinta desconfortável. Nessas primeiras imagens, já vemos a alienígena sensual toda nua (é isso aí, é o pedido da moçada sendo atendido).

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Ela está mexendo em uma pessoa desmaiada, mas não dá pra entender o que ela realmente quer. Fica a dúvida também: afinal, quem é esse motoqueiro que aparece já nas primeiras cenas (e que fica passeando de motoca o resto do filme por belíssimos cenários)? O que esse cara quer? Seria ele irmão da protagonista? Fica aí essa dúvida eterna.

A história (que não é nem um pouco clara) vai se desenrolando aos poucos, com a alienígena abusando de vários homens que estão dando sopa na estrada. Ela atrai a atenção deles, rola uma hipnose sinistra e, então, ela leva os rapazes para um ambiente escuro onde eles são dragados pela sua sensualidade absurda e logo são consumidos pelo próprio desejo.

O filme não explica bem como isso funciona, mas, a meu ver, parece que esses caras louquinhos por uma boa transa são levados a um estado de sono profundo, de onde eles jamais sairão. É como se eles entrassem num limbo, o qual é mantido pela mente da alienígena. E ela parece necessitar dessas presas fáceis para continuar viva.

Essas cenas em que a protagonista apenas desfila em meio a um cenário sem fim são incrivelmente impressionantes. Glazer, que também é roteirista do filme, caprichou nessas tomadas. Há uma dualidade de sensações, que mistura excitação com medo do desconhecido. O som ajuda muito e dá até sustos. É como se estivéssemos no papel dos homens que ela captura e não pudéssemos reagir.

Uma óptica diferente do mundo

Conforme essa extraterrestre apática fracassa ao atrair algumas presas, ela resolve explorar o planeta e conferir o comportamento dos humanos de perto. Logo percebemos que ela é bem fria e não consegue se adaptar aos costumes terrestres. Ela passa por uma série de dificuldades para se adaptar.

Nós, como humanos, não temos noção de como é difícil ser um alienígena. Já imaginou como é complicado chegar em um planeta desconhecido e ver um monte de criaturas insignificantes agindo como se fossem os reis da galáxia? É tipo quando observamos formiguinhas e ficamos imaginando o que esses bichinhos ficam fazendo o dia todo.

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“Sob a Pele” tenta retratar justamente esse olhar do ser superior que vê de forma diferente. A observação é fundamental, por isso boa parte das cenas do filme são focadas em longas tomadas que exibem os detalhes das paisagens. O silêncio é um recurso marcante e constante em quase toda a película, afinal, ouvir com atenção é parte do reconhecimento local.

O filme se apoia muito sobre os recursos sonoros. A trilha sonora de Mica Levi é simplesmente fenomenal. Com ruídos aleatórios, apitos incessantes, batidas descompassadas e zumbidos infinitos, a música incomoda os ouvidos e passa os mais diversos tipos de sensação. Aos poucos, podemos ver que a obra tem um pouco de melancolia, angústia e até uma atmosfera sombria que nos impacta negativamente.

Nossa, que filme louco e sem sentido

O marketing de divulgação de “Sob a Pele” foi bem elaborado e aposta em ideias diferentes. São três sites: t0uch-me, touched-some1 e 1-of-many. Cada página mostra um dos conceitos apresentados do filme. Além disso, você pode discar para um telefone nos EUA e ouvir uma mensagem da personagem principal do filme (vale a pena ouvir o que ela tem a dizer).

“Sob a Pele” é um longa-metragem que deve agradar somente ao público que gosta de pensar. Trata-se de uma jornada pelo desconhecido, de um olhar diferente para o comum. O filme é de difícil compreensão e não vai levá-lo a lugar algum. O fim é um bocado decepcionante e muitas dúvidas permanecem sem respostas.

Aliás, depois de assistir ao filme, fiquei pensando como seria conferir a obra sem conhecer um mínimo. A verdade é que uma pessoa que não sabe ao menos a sinopse do filme dificilmente entenderia a história, afinal em momento algum é explicado que a protagonista é uma alien.

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Enfim, só posso dizer que esse é mais um filme bonito e muito bem trabalhado. Entretanto, esta é uma obra que certamente vai desagradar as pessoas que querem ver uma grande ficção científica.

Aproveitando a ocasião, quero dizer para você que está na vibe de ver o filme apenas para curtir a Scarlett Johansson sem roupa:

1) Esse filme não é para você;
2) Não perca seu tempo, pois você vai se arrepender.

Sob a Pele” está em cartaz em alguns cinemas selecionados do Brasil.

Crítica X-Men: Dias de um Futuro Esquecido | A esperança de um amanhã melhor

Depois da bagunça que virou a série de filmes X-Men (com direito a duas porcarias de filmes dedicados ao Wolverine), a Fox resolveu se espertar e aproveitar algumas boas ideias para não deixar os mutantes caírem no desgosto dos fãs.

Lá em 2011, tivemos o “X-Men: Primeira Classe”, que já foi legal — se comparado à bosta que foi X-Men 3 — e que mostrava a turminha ainda  jovem. Agora, o diretor Bryan Singer (que dirigiu X-Men: O Filme e X-Men 2) resolveu assumir o projeto novamente e dar vida a uma das histórias mais interessantes dos quadrinhos.

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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” retrata um futuro caótico em que os mutantes (bonzinhos e vilões) estão na merda profunda. As Sentinelas (uns robôs gigantes que têm todos os poderes do mundo e são feitas de um polímero especial) chegaram para destruir geral e nem mesmo a união das turminhas do Magneto e do Xavier conseguiu dar conta do recado.

Como fazer para resolver esse problema? Óbvio: fazendo uma viagem no tempo e impedindo que o projeto das sentinelas fosse para frente (coisa fácil que todo mundo faz quando tá de bobeira). É aqui que entra o poder da Lince Negra (Ellen Page), uma habilidade que surgiu sem nenhuma explicação e garante que uma pessoa volte uns dias no tempo.

O que complica um pouco a missão é essa impossibilidade de mandar alguém algumas décadas para o passado. Felizmente, Logan (também conhecido como Wolverine) tem uma capacidade de se regenerar como ninguém e ele pode voltar quanto tempo quiser. Assim, ele é escolhido para voltar e alertar os jovens Erik e Charles Xavier sobre o que o futuro reserva.

Chegando ao passado, nosso amigo Hugh Jackman vai ter que impedir a Mística de assassinar um homem chamado Bolivar Trask, o qual é o responsável por criar as Sentinelas e zoar legal com os mutantes. Isso é mais ou menos a sinopse do filme — então não me venha reclamar de spoilers. Até parece complicada a história, mas pode ficar tranquilo que você não vai se perder.

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Durante o desenrolar dos acontecimentos, o Professor Xavier, o Wolverine e todo mundo vai explicar o que está rolando várias vezes. Essa repetição de enredo é desnecessária, mas é compreensível, visto que a ideia é fazer com que todo mundo entenda o que está acontecendo.

Mais um filme do Wolverine?

Boa parte de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” se passa na juventude dos mutantes, logo após as tretas do “Primeira Classe”. O Logan é jogado no meio da confusão e tem que ir falar com a molecada que tá brigada. Como era de se esperar, Hugh Jackman continua saradão, engraçadinho e manjador. Ele fica no comando de muitas cenas, mas é bom ressaltar que este não é um filme do bonitão de garras.

Muito pelo contrário. A história é bem balanceada e troca de protagonista conforme o desenrolar dos fatos. Há cenas em que o papel principal é do Xavier e outras que são dominadas pelo Magneto. Tanto McAvoy quanto Fassbender já haviam provado suas capacidades no filme antecessor, mas aqui eles mostram que têm muito para entregar. Apesar de uma ou outra cena podre (como a do Xavier deixando o coração falar mais que a mente), os dois se saem bem.

Temos também outros personagens secundários tomando as rédeas. Um dos que mais ganha destaque logo no começo é o Mercúrio. Ele é mais veloz que o Sonic Ouriço e faz uma das cenas mais legais da película. Sério. Evan Peters mandou bem. Aquilo que vimos em trailers e comerciais é ainda mais foda!

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Destaque especial também para Peter Dinklage, que não é tão fuderengo quanto em Game of Thrones, mas que mostra sua versatilidade em um papel bem diferente. Outros personagens que aparecem bastante são a Mística, a Lince Negra e o Fera. Jennifer Lawrence dispensa comentários, porque é linda e sabe o que faz. Nossa querida Ellen Page arrasa demais nos poderes e sofre tanto quanto em Beyond: Two Souls. E o Nicholas Hoult tá ali de enfeite.

Um filme bom do começo ao fim

Se você viu os últimos “filmes” (se é que assim podemos chamar) do Wolverine, sabe que mesmo tendo bons personagens em mãos e infinitas possibilidades, os roteiristas e produtores podem acabar com toda a esperança dos fãs e fazer as pessoas ficarem receosos quanto ao futuro. Felizmente, o novo filme dos X-Men vem para provar que dá pra fazer coisas boas.

“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” é equilibrado e muito bem balanceado. A história encaixa certinha (apesar de deixar umas dúvidas) e tudo foi muito bem pensado. Não temos um panorama muito amplo do caos que se estabeleceu no mundo, sendo que as cenas no futuro são mais focadas em pequenos cenários. De qualquer forma, existe uma ambientação convincente e dá pra ter uma noção do todo.

Ao mostrar os tempos antigos, o filme ganha outra dimensão. Aqui vemos o mesmo universo do filme antecessor. Os figurinos e os cenários foram devidamente planejados para simular que estamos no passado. Não estranhe se você ver um ou outro aparato tecnológico muito avançado para a década de 1970, pois é preciso considerar que estamos falando das mais altas tecnologias secretas da época.

No que diz respeito à sonoridade, a trilha sonora é estupenda. Aliás, John Ottman está de parabéns. Ele já acompanhou Singer em outros projetos, mas poucos trabalhos dele foram tão expressivos. O filme ainda aproveita algumas canções comerciais, como a bela música “Time in a bottle” de Jim Croce.

Eu não faço ideia de como foi que a Fox teve a ideia de chamar o Bryan Cantor para dirigir esse novo X-Men, mas, com certeza, eles não poderiam ter uma ideia melhor (ok, talvez outros pudessem fazer melhor, porém a escolha foi boa). Singer já estava há um bom tempo sem fazer algo que prestasse, mas mostrou que ainda sabe o que faz.

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Quero deixar aqui também minha admiração por Simon Kinberg. Sério, o roteirista não poderia ter tido melhor forma de se redimir. Depois de cagar geral em “X-Men: O Confronto Final”, Kinberg provou que podia consertar as coisas e fez bonito no novo filme dos mutantes. Tudo está bem amarrado (apesar de haver algumas cenas questionáveis e desnecessárias, mas tá ok) e o resultado final vem para agradar os fãs e para a Fox mostrar que ainda há esperança.

Uma dica: veja a cena pós-créditos (que tem alguns segundos de duração) e pense nas infinitas possibilidades para X-Men: Apocalypse, que chega em 2016 aos cinemas sob a direção de Singer.

Crítica do Filme Godzilla | Muita destruição e uma história rasa

Para começar, eu preciso dizer que eu sou muito fã do Godzilla. Eu considero esse lagartão a encarnação da destruição em massa, ele é uma espécie de herói para mim. Ele simplesmente detona tudo e vai embora, não tá nem aí pra ninguém. Mas vamos ao filme.

O diretor Gareth Edwards fez um excelente trabalho ao retratar esse gigante, sendo uma das representações mais sensacionais dentre todas as versões de Godzila. Ele está maior do que nunca, e a cara dele faria qualquer machão correr de medo.

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Mas se o filme fosse apenas 2 horas de destruição sem sentido, seria meio chato. Por isso a história contada foca mais nos personagens humanos, mantendo a destruição em segundo plano. Os monstros se revelam lentamente, e até a metade do filme não fica muito claro o que vai acontecer.

A história começa com Joe Brody (interpretado pelo incrível Bryan Cranston), um físico nuclear que presencia a morte de sua esposa Sandra (Juliete Binoche) em um desastre nuclear na usina em que eles trabalham. Isso o deixa obcecado pelo evento, por acreditar que não foi um simples acidente e que o governo japonês está escondendo algo maior.

15 anos depois, seu filho, Ford (Aaron Taylor-Johnson), aparentemente superou a perda prematura de sua mãe e um pai ausente. Ele se tornou um militar cujo trabalho é desativar bombas, e é casado com a linda Elle (Elizabeth Olsen) com quem tem um filho de 5 anos.

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Os eventos ocorridos a 15 anos atrás se repetem, com abalos sísmicos na mesma região da antiga usina nuclear. Ford é obrigado a ir ao Japão para tentar convencer seu pai a desistir e superar tudo o que aconteceu. E é a partir desse ponto que descobrimos que Joe sempre esteve certo.

Uma criatura descomunal é descoberta, mas vemos que não é o Godzilla, mas uma espécie de mariposa bizarra. E a velha história de que "Não existem heteros quando a barata começa a voar" é verdade!

Acontece que Godzilla aparece para salvar o dia, caçando essa aberração chamada de MUTO apenas para provar que ele é o rei do mundo predador alfa!

Tudo parece muito legal, mas a história é extremamente superficial! É o eterno clichê da américa usando seus soldados para combater o inimigo, a família dividida e afastada e só! Ford divide o heróismo com Godzilla, em diversos pontos de ação paralela, mas como eu disse no começo, Godzilla não se importa com nada disso! Ele só quer detonar os monstros e voltar pra casa, e sabemos que ele consegue fazer isso muito bem.

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Todas as cenas são muito bem pensadas, buscando pontos de vista diferentes e tentando mostrar tudo de um ponto de vista "humano". Os gigantes são muito convincentes, as lutas são incríveis e tudo tem um aspecto colossal. Assistir no cinema é muito mais interessante por isso, além dos gritos das criaturas e todos os sons de destruição serem ensurdecedores, dando uma nova dimensão ao filme.

A atuação e participação da maioria dos atores não impressiona. O próprio protagonista Aaron Taylor-Johnson não é lá essas coisas, Ken Watanabe, que já fez papéis excelentes, é apenas um japonês com uma mensagem ecológica e totalmente dispensável, e Elizabeth Olsen, que é a mãe preocupada sem muitas falas, não precisa fazer nada, só fica ali sendo linda.

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Godzilla é o melhor e sempre será, mas o filme só compensa mesmo na parte final, onde o lagartão detona e vai embora. Todo o resto é desnecessário.

O filme estreia no dia 15 de maio.

Crítica do Filme Mulheres ao Ataque | Mulheres vingativas e algumas risadas

Estrelado por Cameron Diaz, Leslie Mann, Kate Upton e Nikolaj Coster-Waldau, Mulheres aos Ataque (The Other Woman) é uma comédia romântica dirigida por Nick Cassavetes, já conhecido por seu trabalho em filmes como "O Diário de Uma Paixão" (The Notebook) e "Uma Prova de Amor" (My Sister's Keeper).

Após Carly (Diaz) descobrir que seu namorado perfeito, Mark (Coster-Waldau), é na realidade casado, a garota resolve se afastar e seguir com a sua vida. Seria fácil, se não fosse pela presença constante de Kate (Mann), a esposa traída e inconformada que procura em Carly os motivos pelos quais tudo aquilo teria acontecido.

Depois de muita insistência, as duas acabam virando amigas e juram vingança, enquanto perseguem e descobrem ainda mais infidelidades de Mark. Dentre elas está Amber (Upton), uma jovem que não tem nada de mais, além de 22 anos e (enormes) peitos.

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A temática do filme não é nenhuma novidade, já sendo vista anteriormente em "O Clube das Desquitadas" (The First Wives Club) em que as mulheres enganadas por seus maridos se unem a fim de dar o troco. No entando, o filme se sai bem, possuindo algumas singularidades. "Mulheres ao Ataque" não é exatamente realista, apresentando personagens de personalidades bem definidas, às vezes até caricatas.

Carly é a mulher bem sucedida, independente e determinada. Kate é a esposa submissa, carente e dependente. Amber é a menina ingênua e burrinha, mas que tem um corpão. Mark é o homem bonito e pegador que atrai todas as mulheres sem esforço algum.

Os personagens não fogem muito desses esteriótipos que deixam o filme com um tom escrachado em certos momentos, mas que ao mesmo tempo dão o corpo ao tipo de comédia que ele se propõe. Vale destacar a atuação de Nicki Minaj. A cantora não possui um grande papel, aparecendo apenas como secretária de Carly, porém surpreende com uma atuação acima da média ao considerar que é seu primeiro trabalho no estilo e fora do ramo da música. 

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Um ponto interessante de se perceber é a evolução do diretor. Nick Cassavetes não é uma referência em comédia, tendo seus filmes sempre baseados em dramas, às vezes até melosos demais.

"Mulheres ao Ataque" não é extremamente inteligente ou original, mas o diretor não se sai mal em sua primeira comédia romântica, sendo capaz de arrancar algumas risadas até mesmo de alguns namorados que talvez sejam obrigados a ver o filme.  

A estreia acontece no dia 8 de maio.