Crítica do filme Getúlio | Um equilíbrio bom de se ver

Não sei como é pra você, amigo leitor, mas quando ouço falar sobre filmes brasileiros que contam com um elenco muito envolvido com a Rede Globo, já fico com um pés atrás. O motivo? Eu tenho a impressão de que vou ao cinema pra assistir a um capítulo realmente longo e que serve de resumão pra uma novela que acabou não sendo produzida.

No caso do filme “Getúlio”, as minhas dúvidas foram ainda mais ressaltadas pelo simples fato de que o personagem é um político bem polêmico – afinal de contas, o Getúlio Vargas foi um ditador, passou 15 anos no poder se forma não legítima. Por conta disso, eu tinha praticamente certeza que a película teria um apelo político muito forte (e não interessa o “lado”, isso provavelmente deixaria o filme bem chato).

Contudo, essa produção foi uma surpresa muito boa e fez com que eu parasse pra pensar sobre o potencial dos filmes brasileiros. E é claro que eu vou explicar o meu ponto de vista logo abaixo, leitor queridão!

O mais neutro que poderia ser

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Para começar, “Getúlio” não é um filme que tenta não defender e nem condenar abertamente o político Getúlio, de modo que a produção não pode ser categorizada como ‘de esquerda’ ou ‘de direita’. Isso impede que a história pareça ser uma espécie de propaganda política, tornando a película uma verdadeira obra de entretenimento.

Esse equilíbrio só foi possível porque as duas faces do ex-presidente são mostradas. Logo no começo do filme, o próprio Vargas narra em off que foi um ditador, que pegou em armas, fez revolução, encarou contrarrevoluções e que, no final das contas, foi o responsável por cerca de 7 mil mortes. E ele não se arrependia disso.

No entanto, o político não se condenada pelo passado pois o seu governo havia sido voltado para o povo, tanto que ele voltou ao poder em eleições democráticas depois do seu exílio. Tudo isso também é mostrado. Nós vemos o “Pai dos Pobres” ali. Tanto que, no final do filme, imagens reais mostram o cortejo gigantesco que acompanhou o caixão de Vargas em seu enterro.

E, não, isso não é spoiler, porque você já deve ter estudado na escola que Getúlio Vargas se suicidou por conta de problemas no seu governo. Mesmo com tudo isso, dá pra sentir que o filme é um tanto quanto pró-Vargas, por assim dizer. Mas é de leve, eu juro.

Porra, que negócio bem feito!

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Agora que já passamos da parte séria, posso dizer claramente que: CACETE, QUE FOTOGRAFIA BONITA. Os tons pasteis da época são utilizados muito bem, sem o brilho das lâmpadas de hoje em dia e com muita fumaça de cigarros e charutos. Além disso, algumas das locações são reais (como o Palácio do Catete), oferecendo muita realidade e ambientes realmente lindos.

A caracterização dos personagens é um show à parte. Durante “Getúlio”, eu tinha comentado com o Fábio Jordan como achei que todos os atores estavam muito bem arrumados. Como confirmação, durante os créditos, fotos comparam os personagens com as personalidades reais, mostrando que o trabalho de maquiagem foi muito bom mesmo.

Também não posso esquecer de elogiar as atuações dos atores envolvidos neste trabalho, já que elas foram realmente boas – até mesmo o pessoal que apareceu em apenas uma cena mostrou bons movimentos de mãos e rosto, diferentes entonações de vozes e convenceram. A menção honrosa fica para Tony Ramos, que encarnou um Vargas cheios de detalhes, como gestos bem característicos e a maneira de andar, por exemplo. A gente acaba nem lembrando daquela propaganda desgraçada da Friboi.

Chama a sua avó pra assistir, cara!

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O único defeito de “Getúlio” é o fato de que ele se enrola em alguns momentos, com cenas repetidas de tensão, o que pode deixar o final da película meio cansativo para algumas pessoas. No entanto, o roteiro, que trata muito sobre o atentado à vida do jornalista Carlos Lacerda, vai deixar você curioso até o final, fazendo com que esse ponto negativo fique bem atenuado.

Por conta de tudo isso, o filme em questão vai valer o dinheiro do seu ingresso e você não vai se arrepender. Pelo contrário, vai sair da sala de cinema pensando que as produções brasileiras têm um futuro bastante promissor, sendo que elas nem precisam de tiroteio, porradaria, peitinhos ou piadas sem graças.

E o Getulião ainda come umas carnes bem suculentas durante a história, então tente assistir ao filme antes de um churrasco. Sério mesmo.

Crítica do filme Amante a Domicílio | Um Ménage bem sem graça...

Filmes de gigolôs não são tão comuns, talvez porque a abordagem do tema geralmente cai mais para o lado da comédia, e não tem muito como criar algo genial e inédito que arranque muitas risadas do público.

É claro que de vez em quando algum roteirista tem alguma ideia brilhante para fazer novas piadas sobre algum putão diferente que vai trilhar a profissão de um jeito engraçado. Mas esse, definitivamente, não é o caso em “Amante a Domicílio”.

Estrelado, dirigido e roteirizado por John Turturro, o filme conta a história de uma dupla de amigos que tenta conseguir um dinheiro fácil aproveitando o mercado de moças interessados em um prostituto não tão comum.

Woody Allen é Murray, um cafetão velhinho e simpático que tenta empurrar seu amigo feio, Fioravante (que é interpretado por Turturro), para a mulherada que busca alguma coisa diferente. A premissa, em si, é muito boa, mas a história não é bem o que é mostrado no trailer e na sinopse.

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O humor é bem leve e não há nenhuma chance de risada com a “ótima” atuação e boa vontade de John Turturro. E olha que não sou muito xarope. Eu gosto de diferentes tipos de humor e sei bem quando um cara está tentando (e conseguindo) fazer a galera rir com o mau humor.

As cenas de putarias que poderiam ser muito engraçadas acabam sendo bem cansativas. A única que realmente consegue fazer graça é Sofia Vergara (que já tinha feito sua piadinha no trailer). A presença de Sharon Stone ilumina a película, mas ela não é tão significante e não a vemos peladinha novamente (como já rolou em Instinto Selvagem).

Bom, no meio dessa comédia (com drama) com poucas coisas engraçadas, temos o nosso querido Woody Allen brilhando mesmo sem querer. Ainda que tenha um papel bem mais ou menos no meio da história sem graça, Allen consegue se destacar sendo ele mesmo. As falas do ator não vão fazer você se partir de tanto dar risada, mas o jeitinho único dele é o que deixa o filme aceitável.

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Depois de tentar insistir nos casos de prostituição, “Amante a Domicílio” vai para o lado do drama, tentando fazer o gigolô ajudar uma moça que já não sabe mais o que é o amor. A partir daí, você pode se preparar para dormir, porque o ritmo cai muito e fica difícil conseguir gostar da suposta comédia.

Não dá pra dizer que o filme é de todo ruim. A fotografia surpreende e faz o público se sentir bem à vontade nos bairros de Nova York. As músicas combinam com a proposta, dando sensualidade às cenas e deixando o espectador ligadão.

Fora isso, o filme só tem três coisas boas: Woody Allen, Sofia Vegara e Sharon Stone. Quem quer dar risada deve procurar outro filme. Agora, se você está buscando um drama com leve pitadas de soneca, pode ter certeza que “Amante a Domicílio” é o filme certo.

Crítica do filme Grabbers | Quando beber é a salvação!

“Residentes de uma ilha irlandesa devem ficar muito bêbados para sobreviver aos ataques de monstros alienígenas que não conseguem tolerar álcool no sangue de suas vítimas.”

E foi assim que me apaixonei por Grabbers. Gosto muito de propostas absurdas em filmes e o coquetel altamente alcoólico regado a aliens e uma dose de humor trash definitivamente desceu bem.

Grabbers é um longa irlandês de 2012, mas chegou só recentemente ao Netflix brasileiro. Quem dirige a película é o também irlandês Jon Wright (Distúrbio, 2009), que, assim como eu, parece ser muito fã de obras como Todo Mundo Quase Morto (tradução terrível do famoso Shaun of the Dead) e Ataque dos Vermes Malditos (tradução genial do também popular Tremors).

Em um ritmo descompromissado, Grabbers leva os espectadores para Erin, uma ilha isolada da costa irlandesa. Além de noites chuvosas e muita gente encharcada também pelo álcool, o local acaba se tornando o lar de alienígenas sinistros, que parecem um Shuma-Gorath (vá pelo menos jogar Marvel vs. Capcom) com dentes afiados no lugar do olho central.

A grande sacada da obra é que tais aliens são intolerantes a álcool, o que deve ser um infortúnio desgraçado (não é que eu seja o rei da manguaça, mas, né). E é aí que as coisas começam a se desenrolar de uma maneira muito interessante: normalmente, em filmes de terror, todo mundo tem que ficar muito esperto. Aqui, é justamente o contrário: as pessoas precisam encher a cara para não virarem aperitivo dos monstrengos.

Com isso, Grabbers ganha uma pegada natural de humor. Inclusive, alguns dos atores realmente estavam bêbados quando interpretavam, o que dá mais autenticidade à própria proposta e também contribui para a já boa atuação dos envolvidos. A pitada de Todo Mundo Quase Morto é recorrente durante praticamente toda obra e se evidencia quando os sobreviventes improvisam pistolas d’água como lança-chamas.

Além da atuação interessante, outro destaque são os efeitos especiais. Há quem diga que este é filme irlandês de terror mais caprichado (sim, exitem vários outros), com CGIs que realmente convencem, principalmente em relação aos aliens. Mesmo em momentos mais complicados, como quando as criaturas interagem com os atores, a comédia se sai bem.

Em suma, Grabbers é uma ótima pedida para quem quer algo engraçado dentro de uma proposta, no mínimo, inusitada. E uma dica: assista com os amigos e com algumas cervejas também, com certeza será uma experiência ainda mais interessante e divertida. Boa bebedeira!

Crítica O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro | É espetacular mesmo!

Essa sequência faz toda a trama da história do cabeça de teia atingir uma profundidade muito maior. Finalmente é mostrado o que aconteceu com os pais de Peter Parker, e qual foi o motivo deles abandonarem o garotinho com seus tios. E descobrimos ainda qual o motivo de Peter Parker ter virado o Homem-Aranha quando picado pelo aracnídio modificado geneticamente, e a razão é bem simples e plausível. 

O filme é relativamente longo (142 min), mas o tempo parece não passar. O ritmo do filme é totalmente descontraído e diverte muito, exatamente como deve ser. É claro que em alguns momentos o expectador vai ficar na ponta da poltrona, totalmente tenso e torcendo pra que tudo dê certo. Bem... nem tudo dá certo.  

A química entre os atores não poderia ser melhor. Andrew Garfield (Peter/Aranha) e Emma Stone (Gwen Stacy) são um casal na vida real também.

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E por essa razão, quando Peter está olhando com cara de apaixonado para Gwen, atravessando a rua sem nem olhar pros lados, você sabe que ele não está interpretando. Apenas deseja estar no lugar desse filha-da-mãe sortudo.

Tanto os efeitos visuais quando os sonoros são muito bons. Toda a magnitude de uma cidade gigante como Nova York está estampada ali na tela, você sente que aqueles prédios são muito altos, que as ruas são enormes entupidas de carros. E ver o Homem-Aranha se jogando em direção ao chão, balançando na teia e pulando como se fosse a coisa mais fácil do mundo é sensacional! E todos os efeitos são bem mais eficientes se você assistir em 3D. Não apenas os elementos sendo arremessados em direção a câmera, mas todos as partículas e detalhes ficam muito mais impressionantes.

Como não podia ser outra pessoa, Hans Zimmer cuida da trilha sonora desse filme também. E os sons acompanham perfeitamente o ritmo de cada cena, tanto que as lutas contra o Electro são literalmente sincronizadas com os movimentos do Faísca. Tudo isso só favorece a ação, algo que os trailers se aproveitam muito bem.

Embora seja um excelente filme, obviamente ele não é perfeito. Muitos chatos dirão que as cenas de ação são muito breves, e pra quem assistiu todos os trailers lançados (sério, se você juntar todos os clipes, metade do filme está ali) não vai ter muita novidade. Porém, as sequências que levam as cenas de ação fazem toda diferença. Meu conselho é não assistir nenhum trailer, ou no máximo um só, dessa forma você vai aproveitar muito mais o filme.

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Mas a parte mais decepcionante é o personagem de Jamie Foxx, Max Dillon. O vilão Electro acaba impressionando apenas pelo visual, pois o personagem é exageradamente cômico. No começo você até cria uma empatia por ele, mas com o tempo, cansa.

E muitos podem achar que muitos vilões em um só filme só acaba estragando a coisa toda, pois não é possível explorar cada um deles de forma apropriada. Mas a grande sacada aqui é que os vilões vão ter um filme só pra eles! Então você vai ter muito mais tempo de conhecer todos os dramas de cada um deles, enquanto que em "O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro" você pode curtir só as partes de ação. 

Peter Parker afirma que o Homem-Aranha serve para trazer esperança para o povo, e esse filme cumpre exatamente esse papel. Há esperança de que daqui pra frente os filmes de heróis vão continuar agradando tanto os fãs de quadrinhos quanto os expectadores ocasionais.

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E o filme é recheado de referências pros fãs mais atentos, vale a pena prestar atenção em tudo! 

Em tempo, é importante notar que a cena pós-créditos é um clipe de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Mas isso não quer dizer que os mutantes vão encontrar o amigo da vizinhança, é apenas um contrato entre os estúdios. 

Parafraseando o filme Uma Aventura LEGO, "Tudo é incrível". Então assista "O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro" o máximo de vezes que puder!

Crítica do filme Copa de Elite | É melhor ir ver o filme do Pelé...

Eu sou um alvo fácil para comédias, pelo simples fato de que eu dou risada de maneira muito fácil das coisas. É sério, eu devo ser meio burro. Se você espirrar de uma maneira diferente, é capaz de eu começar a gargalhar e nem é uma tentativa idiota de tirar sarro da sua alergia. Tendo isso em vista, é incrível o fato de que “Copa de Elite” não tirou risadas de mim, em nenhum momento.

Para orientar melhor a sua leitura, vou fazer um resumo bem rápido sobre o filme. “Copa de Elite” conta a história de um capitão do BOP (perdeu o E por não ser mais uma divisão especial, risos), chamado Jorge Capitão (interpretado por Marcos Veras, do Porta dos Fundos). Ele passa por diversas aventuras que deveriam ser engraçadíssimas para salvar a vida do Papa Francisco, pois é claro que ele veio assistir à Copa do Mundo de Futebol.

No meio disso tudo, a produção faz sátiras de filmes nacionais, como “Se Eu Fosse Você” e “Bruna Surfistinha”. Talvez você já tenha visto isso em algum lugar, né? Pois é, “Copa de Elite” faz uma cópia meio escrachada de diversas comédias norte-americanas que já foram engraçadas um dia – sim, amigo, estou falando do primeiro “Todo Mundo em Pânico”.

Bom, agora você já sabe que eu não fui com grandes expectativas ao cinema...

Uma bagunça que decepciona

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Eu vou começar listando os erros que identifiquei no filme. Pra começar, a produção conta  as histórias de vários personagens, como a do capitão Capitão (nossa, que engraçadão esse nome), e mistura com a da mocinha, com a do vilão, com a do coadjuvante e você já não tem certeza de qual das linhas de raciocínio está sendo seguida.

As piadas utilizam uma quantidade enorme de trocadilhos, o que não é um bom sinal. Afinal de contas, toda criança consegue pensar no verbo enfiar como uma alusão ao sexo e achar isso divertido – colocar um casal dizendo que tá trepando não deixa isso mais engraçado, por exemplo. Isso é um humor pobre, previsível e que não faz rir. Sério, não é legal.

As sátiras de outros filmes são incluídas de maneira tosca, parece improviso. A impressão que dá é a de que alguém disse ‘PORRA, PENSA QUE DAORA COLOCAR UNS OUTROS FILMES AQUI E AQUI’. Aí a produção foi lá e fez, resultando em um amontoado de bosta, trocadilho e chuto que até mesmo de piadas internas.

Por conta de tudo isso, a história é ruim, as piadas são ruins e você começa a se sentir uma pessoa ruim por estar gastando uma hora e meia da sua vida, coisa que não vai voltar. Ou seja: não atinge o objetivo de ser uma comédia.

Ok, tem coisas boas...

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No meio disso tudo, é claro que é possível encontrar coisas boas. Os soldados que acompanham o capitão Capitão têm uma boa atuação e iluminam o filme em certos momentos, por mais que o texto não deixe que eles sejam realmente engraçados. Colocar o Frota vestido de mulher também foi legal e inesperado, mas ele aparece bem pouco – e, sim, é spoiler, mas você não vai querer assistir a essa porcaria.

A Júlia Rabello é uma linda, de verdade e com todo respeito ao Marcos Veras. Além de ser bonita, ela é uma boa atriz, que apresenta expressões diferentes em cenas variadas, o que acontece também com o seu tom de voz. O problema é que isso não é uma qualidade de todos os atores da produção, sendo que até mesmo o protagonista peca um pouco com isso.

A fotografia é bonita, assim como a ambientação e os cenários. Contudo, todas as qualidades citadas acima ficam perdidas no mar de rebosteio que são as piadas ruins. E, sim, eu estou insistindo nas piadas ruins. Sabe o motivo? Na cabine de imprensa, havia mais de dez pessoas e eu não escutei uma risada, não escutei nem mesmo a respiração forte de quem prende uma.

O Chaves estava certo

No fim, eu me diverti mais quando estava almoçando e vi uma garotinha colocando uma batatinha frita na testa. Sem mentiras. Dessa maneira, eu empresto a famosa frase do Chaves e digo: “Seria melhor ter ido ver o Pelé”. Mesmo porque “Copa de Elite” parece um quadro gigantes do Porta dos Fundos, extremamente sem graça e que faz uma propaganda da Copa do Mundo. Só espero que ela não seja estendida para as Olímpiadas, assim como a cena final indica.

Crítica do filme O Filho de Deus | A mesma história de sempre

A Páscoa está chegando, e com ela mais uma adaptação de um dos livros mais famosos de todos os tempos. A conhecida história de Jesus é recontada em "O Filho de Deus", sem muitas novidades e pontos que chamem a atenção do espectador. O filme foi inspirado na série épica "A Bíblia", indicada a três prêmios Emmy e campeã de audiência tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. 

Se você é ocidental e esteve por aí nos últimos 2014 anos, deve ter ouvido falar no tal Jesus de Nazaré, filho de Maria e de Deus. Mas apenas pra refrescar sua memória, a história está no Novo Testamento de um livro chamado "A Bíblia Sagrada". "O Filho de Deus" narra essa história, desde seu humilde nascimento e adoração dos três reis magos, passando pela busca pelos doze apóstolos e a trasmissão de seus ensinamentos para eles, até a sua famosa crucificação e ressurreição que hoje celebramos com o nome Páscoa. 

Quem assistiu a "Noé" e achou tudo muito estranho, talvez se contente mais com "O Filho de Deus". Esse sim é baseado quase que 100% na famosa edição da Bíblia do Rei James. É um filme feito pra adorar e louvar em pé o nome do Senhor!

Jesus gatão!

Mas o filme pode ser muito mais interessante se você não conhece a história toda. Jesus é interpretado pelo ator português Diogo Morgado, e como não podia deixar de ser, ele é lindo e carismático. 

Porém, só é possível gostar dele depois de ouvír o que ele tem a dizer. Alguns dos ensinamentos de Jesus aparecem no filme, a maioria com passagens literais da Bíblia, e isso é bem legal. 

Na minha opinião, se os filmes religiosos focassem mais nos ensinamentos de Jesus e menos na parte histórica, em que Jesus é chicoteado, espancando, humilhado, xingado, crucificado e sangra mais do que os personagens de 300 de Esparta, todos poderiam aproveitar muito mais. A crucificação é um ponto muito importante, mas as mensagens e exemplos de vida são muito melhores. 

Nem precisa ser cristão para entender isso.   

A parte dramática do filme é representada na luta entre os Judeus da Judéia e os Romanos, buscando dar uma dimensão a mais para a história, acrescentando diálogos a respeito das ações de Jesus e adicionando personagens com a intenção de caracterizar os pontos de vista.

Maria, mãe de Jesus e Maria Madalena

Toda a ambientação do filme é muito boa, desde os trajes até a aparência dos personagens. Um ponto que me incomodou um pouco foi o fato de nem todos os apóstolos terem um papel importante. Pedro é a pedra que sustenta todos, Tomé é o que duvida de tudo, Judas é o traídor desconfiado, mas a maioria aparece apenas como figurantes, sem falas e nem ações significativas, apenas ficam ali olhando.

Um destaque muito maior fica por conta das personagens femininas, Maria e Maria. Maria mãe de Jesus chora desesperadamente por seu filho enquanto ele sofre, e Maria Madalena está em 90% das cenas com os apóstolos, sempre em primeiro plano e sempre apoiando Jesus e todas as suas ações. 

Os efeitos especiais não impressionam muito, parecendo bons apenas para uma série de TV, mas não no cinema. Algumas cenas são apenas construções em 3D para mostrar as locações exóticas em que Jesus está em determinado momento, mas é tudo muito artificial. 

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A trilha sonora de "O Filho de Deus", feita pelo adorado Hans Zimmer, busca dar um tom mais épico ao filme, mas acaba parecendo um pouco exagerada em certos pontos.

Pra concluir, eu acho que o livro é melhor que o filme.