Crítica O Homem da Máfia | Picuinhas da máfia resolvidas por alguém com colhões!

A julgar pelo nome, e também pela sinopse, temos a impressão de que “O Homem da Máfia” é mais um filme que ganha destaque apenas pelo ator principal. De fato, Brad Pitt tem grande peso no elenco, porém ele não é o principal em boa parte da película e, na verdade, parece que sua participação reduzida faz bem ao resultado final da obra.

Ainda que Brad Pitt seja o homem dos colhões e resolva qualquer parada com seu olhar matador e suas atuações fenomenais, ele não é o grande trunfo do filme. Deixar o grande astro um pouco de lado para construir uma história focada em outros personagens faz este filme ser diferente de tantos outros.

A ideia do roteirista, Andrew Dominik, de dar atenção às picuinhas da máfia é válida, principalmente porque o filme trata de grupos de criminosos modernos que não têm chefes específicos e sofrem com traições.

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O modo ímpar de construção de “O Homem da Máfia” é um aspecto que me conquistou. Na película, longas cenas recheadas de detalhes que parecem não ser relevantes para o enredo deixam o filme mais completo e divertido.

Muitas situações não são regadas a chuvas de balas ou explosões, mas ainda servem para deixar a história mais recheada, momentos, por exemplo, em que vemos um drogado sofrendo para conseguir ficar acordado e dialogar com outro criminoso ou em que vemos um grande matador desabafando sobre sua vida amorosa.

É interessante que o filme consegue prender a atenção até mesmo com suas cores apagadas – que mais parecem efeitos do Instagram. Boa parte da película é construída em ambientes escuros, em dias nublados e em cenários vazios. A utilização desse recurso parece ajudar a dar o tom de seriedade ao filme e o devido respeito à máfia.

Os diálogos sempre ligados e as explicações jogadas uma em seguida da outra também são importantes, pois, apesar de não ter um roteiro muito complexo, “O Homem da Máfia” conta com uma série de personagens e situações que podem confundir o público, portanto não deixar pontas soltas e procurar focar na trama é deveras interessante.

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Quanto à ação, podemos dizer que o filme de Andrew Dominik é bem equilibrado. Apesar de não exagerar na violência, o longa-metragem não deixa a desejar quando resolve mostrar os executores da máfia em ação. O principal assassinato, em câmera lenta, é simplesmente sensacional! Qualquer um fica boquiaberto e satisfeito com a execução da cena.

Enfim, “O Homem da Máfia” é um filme que conta com elenco bem preparado e competente, acompanhado de efeitos compatíveis e uma trilha sonora adequada. Tudo isso fica ainda melhor quando vemos que o roteiro, apesar de simples, tem algo a mostrar sobre as situações gerais, às vezes ilusórias, do povo e da economia dos Estados Unidos.

Crítica Looper: Assassinos do Futuro | Ousadia em uma ficção de qualidade

A viagem no tempo ainda não foi inventada, mas daqui a 30 anos terá sido. Joe é um assassino especializado que deve executar bandidos que são enviados pela máfia do futuro. Sim, Joe é um Looper. Pois é, a vida era boa, mas um belo dia resolveram mandar o Joe do futuro para o Joe do passado matar.

É claro que o jovem não teve colhões para fazer isso. Agora, o Joe do futuro (interpretado por Bruce Willis) resolveu matar o chefão da máfia que estragou sua vida. Não vem ao caso explorar mais detalhes da história, mas só com esta breve sinopse você pode ter ideia da maluquice e genialidade que são inseridas em um mesmo enredo.

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Desde o dia em que legendei o trailer deste filme fiquei na expectativa para descobrir o que Rian Johnson, um diretor não-tão-famoso, aprontaria com Joseph Gordon-Levitt. Hoje, posso dizer que os dois fizeram uma grande parceria e conseguiram transpor para as telonas um filmão de ficção. Um longa-metragem quase tão bom quanto A Origem ou outros de alto nível.

"Looper: Assassinos do Futuro" consegue reunir ineditismo, ousadia, muita ação e efeitos especiais em uma mesma película. Não há problema algum em você saber que o roteirista não tenta explicar muito a questão da viagem no tempo. Aliás, é até bom que isso fique claro, pois um dos pontos fortes deste longa é evitar a confusão com explicações mirabolantes.

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De modo geral, devo dizer que a maior parte do elenco do filme faz bonito na atuação. Os personagens parecem dialogar perfeitamente e a ilusão de futuro é bem definida com alguns pequenos detalhes que você descobrirá na projeção.

Claro, o destaque especial fica para Joseph Gordon-Levitt que manda muito bem na hora do drama e da ação. Falando nesses dois, preciso ser direto e avisar que a maquiagem de Gordon-Levitt não está um primor. Não que você vá achar horrível, mas dá para notar que ficou um pouco forçada. Bom, sobre Willis, acho que nem é preciso tecer comentários.

As duas horas de história passam voando com cenas bem diversificadas. Há pequenos detalhes que poderiam ser modificados para evitar a repetição de cenários, mas isso não deixa o filme chato ou cansativo. A trilha sonora e os efeitos de áudio colaboram muito para criar uma atmosfera convincente.

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Se você não faz questão alguma de pensar, "Looper: Assassinos do Futuro" não vai ser tão interessante, pois ele deixa mais dúvidas do que conclusões. Detalhe: essas questões que ficam em aberto não são pontas soltas para uma continuação, mas sim ideias diferentes que surgem na cabeça de cada espectador. Para mim, Looper: Assassinos do Futuro está entre os melhores do ano. Se puder, confira na telona!

Crítica do filme Shame | O vício sexual abordado com ousadia

Sabe aquele tipo de filme aclamado pela crítica que ninguém sabe o porquê do sucesso? Então, "Shame" é um desses longas que consegue impactar de forma dúbia. É um filme que alguns vão amar, outros vão odiar.

Na trama, Michael Fassbender (que interpretou o Magneto em X-Men Primeira Classe) faz o papel de Brandon, um homem charmoso de trinta e tantos anos que busca obter prazer sexual de todas as formas. Ele tenta conciliar a vida profissional, o vício sexual e o convívio com Sissy, a irmã mais nova que invadiu a vida e o apartamento de Brandon.

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É interessante que o enredo do filme não se desenvolve com rapidez. Quem começa a ver esperando grandes acontecimentos, acaba sofrendo uma decepção. O filme é parado e as situações se desenvolvem em ritmo lento, o que é muito bom, pois cria dúvidas e expectativas.

Logo nas primeiras cenas, dá para ver que o diretor e roteirista, Steve McQueen, não tem vergonha alguma em abordar a sexualidade de forma natural. Aliás, o filme consegue misturar de forma natural os atos constrangedores e os momentos comuns do cotidiano, deixando claro que este não é um simples personagem de uma ficção.

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Outro diferencial de Shame está na fotografia. A escolha de cenários fez toda a diferença neste projeto. Em muitas cenas, Nova Iorque dá o tom perfeito para desenvolver as situações diárias; em outras, vemos ambientes reservados que são perfeitos para explorar a sexualidade. Os atores conseguem aproveitar os cenários e se expressar de forma natural.

Para juntar a trama, as cenas, os ambientes e os personagens, a trilha sonora faz um belo papel. Claro, por se tratar de um drama profundo, quase todas as músicas são orquestradas e próprias para cada momento. Determinadas cenas aproveitam os barulhos da grande cidade para deixar o espectador pensando sobre as perversões de Brandon.

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Sinceramente, gostei muito do filme e fiquei surpreso. Apesar de focar muito na natureza humana, o longa consegue mexer com a mente de quem está assistindo, provocando reações, sugerindo ideias bizarras e comovendo quando necessário. Uma grande obra de arte que merece ser vista pelo menos uma vez. "Shame" é ousado, triste, empolgante, curioso e impactante!

Crítica do filme Curitiba Zero Grau | Quatro grandes histórias e um belo cenário

Quando fiquei sabendo do filme, não acreditava que o resultado seria impressionante, mas fui ao cinema confiante de que esta seria uma grande chance de apreciar os artistas e a imagem de Curitiba na telona. Posso dizer que fiquei surpreso ao visualizar um longa-metragem de tamanha profundidade.

Curitiba Zero Grau é um filme audacioso que mostra o talento da gente do Paraná. A primeira surpresa está no enredo que consegue prender o espectador. São quase duas horas de filme, mas o mergulho na história é tão grande que não dá para ver o tempo passar. No filme, vemos quatro dramas de personagens curitibanos, cada qual com suas peculiaridades.

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Essas pessoas acabam se envolvendo de certa forma umas com as outras e, para ampliar esse laço entre eles, o diretor cria uma narração intercalada, ou seja, um conta o caso do outro. O sistema de montagem lembra um pouco o que vemos em “Crash - No Limite”, mas claro que o longa curitibano demonstra ser mais humilde.

Para eu, que sou curitibano, poder visualizar um retrato fiel da cidade no cinema foi fantástico. O diretor Eloi Pires Ferreira e os roteiristas Altenir Silva e Erico Beduschi conseguiram abordar diversos pedaços da capital e mostraram como o povo daqui, apesar de ter seus defeitos, pode ajudar o próximo. Se você é daqui, vale conferir se seu bairro não faz parte do filme.

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É interessante que o diretor não apelou para os cenários já conhecidos, mostrando que Curitiba tem muito mais do que os famosos parques e praças já conhecidos por grande parte dos brasileiros. A ideia de criar um filme no inverno vem a calhar, entretanto, devo ressaltar que o principal aqui não é o fator frio, mas mostrar que o curitibano não é tão gelado como a cidade.

Apesar de tantos pontos positivos, devo dizer que esta não é uma película impecável. Talvez por conta do baixo orçamento ou da limitação de aparelhagem, existem alguns pequenos detalhes que podem desagradar aos espectadores que estão acostumados com a perfeição hollywoodiana. Contudo, devo ressaltar que isto não abala a grandeza do filme, pois a história ofusca os pequenos defeitinhos.

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A trilha sonora também é utilizada de forma adequada, aumentando o drama quando preciso e empolgando a plateia nos momentos mais tensos. Curitiba Zero Grau é uma bela crítica social para mostrar ao curitibano que há gente de valor aqui, todavia, é também uma singela obra de arte que vale a pena apreciar nos cinemas.

Crítica do filme Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge | Uma conclusão épica!

Há sete anos, Christopher Nolan iniciou uma obra complexa com Batman Begins. Três anos depois, ele abusou do universo do Homem-Morcego e nos apresentou um dos vilões mais convincentes (para mim, é o melhor) de todos os tempos – méritos ao memorável Heath Ledger.

Agora, temos o prazer de conhecer as reais proporções de Gotham. Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge é ousado em todos os sentidos. O filme é muito convincente ao continuar com vilões realistas e situações adversas que seriam possíveis em nosso mundo. É notável o capricho na fotografia, no figurino, nos efeitos e em quase todos os mínimos detalhes.

No filme, Batman não está na ativa e a cidade vai bem graças ao projeto de lei de Harvey Dent. A volta do herói ao combate é a grande sacada do título. As primeiras cenas em que Batman e Bane aparecem são sensacionais – ainda que, para alguns, possa parecer forçado o primeiro lance da projeção. Vamos combinar que todos os filmes de herói têm coisas absurdas, então, não vale atentar a detalhes tão pequenos...

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No desenrolar da história, podemos acompanhar o excelente desempenho de Tom Hardy. Bane não é o mesmo dos quadrinhos; é um personagem com pequenas diferenças e difícil de decifrar. A voz dele é bem interessante e impõe respeito. Christian Bale continua atuando bem, mostrando que o Batman dos outros filmes é o mesmo deste (apesar de estar um pouco enferrujado).

Oldman e Freeman atuam muito bem – como já fizeram nos títulos anteriores. Vale destaque para os novatos, Joseph Gordon-Levitt e Anne Hathaway, que fazem os papéis de um policial ajudante do Comissário Gordon e da Mulher Gato, respectivamente. A menos expressiva é Marion Cotillard, mas ela não aparenta destoar muito da trama. Enfim, o elenco é caprichado!

Para mim, este foi o melhor filme da trilogia – e o melhor do ano. Veja algumas considerações sobre os longas dirigidos por Nolan:

  • Batman Begins é uma introdução bem elaborada. Ela mostra com clareza quem é o herói, o porquê do morcego e o início da jornada de Wayne. Os vilões “pouco conhecidos” (para aqueles que não são fãs ou leitores dos quadrinhos) ficaram perfeitos, pois mudaram a trupe básica exibida em filmes anteriores;
  • O Cavaleiro das Trevas é uma continuação fantástica. Aqui, o Batman já está desenvolvido e vemos como ele tenta salvar sua cidade. O destaque principal é o Coringa, mas Duas-Caras e o Morcegão são peças fundamentais. Sem dúvidas, um filme excelente!
  • O Cavaleiro das Trevas Ressurge não é apenas o encerramento da trilogia, porém é uma obra que consegue atar todos os pontos propostos nos capítulos anteriores. O filme conseguiu explorar Gotham, resgatar o Batman e introduzir vilões fantásticos. Eu me emocionei muito, senti muita adrenalina e não poderia imaginar um fim melhor!

E o que seria dessa trilogia sem o toque musical de Hans Zimmer? Neste último filme, a trilha impulsiona as emoções e aumenta o clima de tensão. Em alguns momentos, apenas os efeitos sonoros são reproduzidos, mas isso não deixa nenhuma cena menos empolgante. Muito pelo contrário, os combates são cheios de adrenalina.

Não há dúvidas. Christopher Nolan reinventou o retrato dos heróis no cinema! O entrelaçar dos três filmes não é uma simples receita que possa ser copiada por outros diretores. Em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o cineasta encerra a trilogia com profundidade, com um toque dramático que ninguém imaginava. Eu poderia fazer muitos elogios, mas uma palavra basta: épico!

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Se você ainda não viu, aproveite para comprar seu ingresso. De preferência, veja em IMAX, pois tem muitas cenas capturadas especialmente para esse formato.

Crítica do filme Valente | Disney acerta na lição de moral, mas esquece do humor

Valente é um filme que me deixou curioso desde as primeiras notícias. A ideia de usar uma personagem feminina no papel principal era, no minímo, fantástica. Posso dizer que nisso a Disney acertou! Merida é uma garotinha com um bocado de características únicas e a Pixar conseguiu representá-la muito bem.

A protagonista vem de encontro com o público quebrando alguns tabus e estereótipos. É aquela garota que não quer ser a princesinha, que deseja buscar aventuras, que quer usar as armas que são permitidas apenas aos meninos. Não há o que questionar, a Disney acertou na fórmula.

Eu não tinha a menor dúvida de que a companhia acertaria na receita de animação, afinal, os gráficos da Pixar estão entre os melhores. Outra certeza que eu tinha era quanto à trilha sonora. Valente traz belíssimas canções com vocais fantásticos e músicas ideais para cada momento da trama.

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O que me deixava apreensivo quanto à Valente era uma questão sobre a linha que seria abordada. Pois é, a empresa-chefe assumiu o enredo. Infelizmente, Valente tem muito mais características da Disney do que da Pixar. Isso significa que você pode esperar contemplar uma bonita lição de moral, mas não deve ficar na expectativa de um filme extremamente engraçado.

Aliás, uma coisa que me deixou muito triste foi o reaproveitamento de ideia da Disney. Não vem ao caso contar com  todos os detalhes como parte do enredo de Irmão Urso é aproveitado, mas não acreditei que a grande companhia dos desenhos teve a audácia de fazer isso.

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Encerro minha crítica dizendo que Valente está longe de ser uma animação da Pixar. O filme não é ruim e até emociona com algumas cenas. Todavia, devo dizer que ele deixou muito a desejar por não usar o bom humor sempre presente nos títulos da companhia. Se você quer rir, é provável que A Era do Gelo 4 seja uma aposta mais certeira.